Ano Santo: Bispo de Setúbal explica decisão de «perdoar a todos que tenham qualquer dívida» à diocese

«Uma dívida é sempre uma limitação no futuro, é sempre uma limitação nos sonhos», refere D. Américo Aguiar, que contou com o apoio do Conselho Diocesano de Assuntos Económicos

Foto: Diocese de Setúbal/Ricardo Perna

Setúbal, 30 dez 2024 (Ecclesia) – O bispo de Setúbal explicou que o anúncio do perdão das dívidas pessoais à diocese, no contexto do Jubileu 2025, quis passar para a realidade concreta o apelo lançado pelo Papa a “nível internacional”.

“Esse foi o objetivo, de sentirmos na pele aquilo que é esta dependência, esta escravatura mútua, daquele que deve, daquele que tem o crédito. Ou seja, nas relações familiares, nas relações de amizade, nas relações institucionais, uma dívida é sempre um desconforto, é sempre uma limitação no futuro, é sempre uma limitação nos sonhos”, disse D. Américo Aguiar, em declarações enviadas hoje à Agência ECCLESIA pela Diocese de Setúbal.

O cardeal sublinhou que a decisão de “perdoar a todos, irmãos e irmãs, homens e mulheres de boa vontade, que tenham qualquer dívida para com a Diocese de Setúbal”, foi tomada com o Conselho Diocesano de Assuntos Económicos.

“A partir de hoje essa dívida passou a ser zero”, sublinhou D. Américo Aguiar, este domingo, após a celebração diocesana de abertura do Ano Santo 2025, o Jubileu da Esperança, convocado pelo Papa Francisco, onde anunciou o perdão das dívidas pessoais na diocese sadina.

Desejamos e queremos, e rezamos para que se sintam libertos dessa limitação e possam sonhar e construir o futuro no contexto deste duplo jubileu da Igreja Universal e da Igreja de Setúbal.”

O bispo de Setúbal assinalou que “uma das marcas profundas do jubileu” é o perdão das dívidas, mas, normalmente, só se fala sobre isso a um nível internacional, quando se ouve “os Papas a pedir que haja um perdão de dívida internacional, os países uns aos outros”: “Raramente se vê até à nossa carteira, até à nossa realidade”.

D. Américo Aguiar realça que na diocese gostavam que este exemplo pudesse passar para o resto da sociedade, por isso, fizeram “essa provocação às Instituições Particulares de Solidariedade Social, às Misericórdias”.

Foto: Diocese de Setúbal/Ricardo Perna

“Que bom que é que instituições privadas, de crédito, também pudessem ter um sinal de perdão para com aquelas pessoas que já estão numa situação de quase incapacidade total de poder corresponder a esses compromissos”, assinalou, acrescentado que era “bom” que homens e mulheres de boa vontade pudessem começar, “na carteira deles, a ativar um dos sinais maiores do jubileu”, o que “seria um enorme sinal de fraternidade”.

O Papa Francisco, na bula de proclamação do Jubileu 2025, ‘Spes non confundit’ (A esperança não desilude), defende uma amnistia para os presos, e D. Américo Aguiar, da Catedral sadina, também fez eco desse pedido aos parlamentares, os partidos políticos, que, na sua opinião, “faria todo sentido”, e recordou que a amnistia na Jornada Mundial da Juventude em Portugal, a JMJ Lisboa 2023, “foi só para uma faixa etária”.

“No contexto do jubileu da Igreja Universal e, acima de tudo, no contexto dos 50 anos da democracia portuguesa, pudesse existir um sinal de amnistia que significa devolver esperança a quem cometeu uma falha, a quem cometeu um crime, um pecado, que está limitado na sua liberdade, mas não deve estar limitado na sua dignidade e na capacidade de acreditar, de ter esperança e de sonhar com o futuro. Ele, a sua família e a comunidade”, desenvolveu.

O bispo de Setúbal compreende que existam pessoas contra a amnistia, “normalmente quem foi prejudicado, quem sofre em razão dos crimes dos outros”, mas realça que isso “não é cristão”, e pede capacidade de “converter o coração”.

CB/OC

 

Jubileu: D. Américo Aguiar anuncia perdão das dívidas na Diocese de Setúbal

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Agência ECCLESIA

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