Francisco apresenta Jubileu como oportunidade para «redescobrir o sentido da existência e a sacralidade de todas as vidas»
Cidade do Vaticano, 25 dez 2024 (Ecclesia) – O Papa apelou hoje, no Vaticano, ao perdão da dívida dos países mais pobres, uma das propostas centrais do Ano Jubilar que convocou, para 2025.
“Irmãos e irmãs, que o Jubileu seja uma ocasião para perdoar as dívidas, sobretudo as que oneram os países mais pobres. Cada um é chamado a perdoar as ofensas recebidas, porque o Filho de Deus, que nasceu no frio e na escuridão da noite, nos perdoa tudo. Ele veio para nos curar e perdoar”, declarou, na sua mensagem de Natal, antes da bênção ‘Urbi et Orbi’ (à cidade [de Roma] e ao mundo), desde a varanda da Basílica de São Pedro.
A Igreja Católica iniciou na Noite de Natal a celebração do 27.º jubileu ordinário da história, um Ano Santo convocado pelo Papa Francisco sobre o tema da esperança.
“Peregrinos de esperança, saiamos ao seu encontro! Abramos-lhe as portas do nosso coração, tal como Ele nos escancarou a porta do seu coração”, apelou Francisco.
A intervenção, que marca a celebração do dia 25 de dezembro, convidou os católicos a “redescobrir o sentido da existência e a sacralidade de todas as vidas” e a “recuperar os valores basilares da família humana”.
“Toda a vida é sagrada”, insistiu.
Jesus espera-nos na soleira da porta. Espera por cada um de nós, sobretudo pelos mais frágeis: espera pelas crianças, todas as crianças que sofrem por causa da guerra e da fome; espera pelos idosos, muitas vezes obrigados a viver em condições de solidão e abandono”.
Francisco recordou os que “perderam a própria casa ou fogem da sua terra para tentar encontrar um refúgio seguro”, os que “perderam ou não encontram trabalho” e os reclusos que “continuam sempre a ser filhos de Deus”.
A mensagem evocou ainda os “tantos” que “são perseguidos por causa da sua fé”.
Na data em que a Igreja Católica celebra o nascimento de Jesus, em Belém, o Papa afirmou que “este acontecimento, que teve lugar há mais de dois mil anos, renova-se por obra do Espírito Santo, o mesmo Espírito de Amor e de Vida que fecundou o ventre de Maria e da sua carne humana formou Jesus”.
“Assim, hoje, nas tribulações do nosso tempo, se encarna de novo e realmente a Palavra eterna de salvação, que diz a cada homem, a cada mulher e ao mundo inteiro: ‘Eu amo-te, perdoo-te, volta para mim, a porta do meu coração está aberta para ti!’”, declarou.
“Irmãos e irmãs, a porta do coração de Deus está sempre aberta: voltemos para Ele! Regressemos ao coração que nos ama e perdoa! Deixemo-nos perdoar por Ele, deixemo-nos reconciliar com Ele: Deus perdoa sempre, Deus perdoa tudo”, acrescentou.
Francisco evocou a abertura da Porta Santa do Jubileu, que decorreu na última noite, na Basílica de São Pedro, indicando que ela representa “Jesus, a porta da salvação aberta para todos”.
“Jesus é a Porta que o Pai misericordioso abriu no meio do mundo, no meio da história, para que todos possamos voltar para Ele. Todos nós somos como ovelhas tresmalhadas e precisamos de um pastor e de uma porta para regressar à casa do Pai. Jesus é o pastor, Jesus é a porta”, referiu.
Irmãos e irmãs, não tenhais medo! A porta está aberta, escancarada, não é preciso bater, está aberta. Vinde! Deixemo-nos reconciliar com Deus, e então poderemos reconciliar-nos uns com os outros, até com os nossos inimigos. Sim, a misericórdia de Deus tudo pode, desfaz todos os nós, derruba todos os muros de divisão, dissolve o ódio e o espírito de vingança. Vinde! Jesus é a porta da paz”.
O Papa pediu coragem para atravessar esta porta, que “exige o sacrifício de dar um passo” e “deixar para trás contendas e divisões, para se abandonar nos braços abertos do Menino que é o príncipe da paz”.
A intervenção quis ainda recordar todos os que, “de forma silenciosa e fiel, se dedicam ao bem”.
“Estou a pensar nos pais, educadores e professores, que têm a grande responsabilidade de formar as gerações futuras; estou a pensar nos profissionais de saúde, nas forças de segurança, naqueles que se empenham em obras de caridade, especialmente nos missionários espalhados pelo mundo, que levam luz e conforto a tantas pessoas em dificuldade. A todos eles queremos dizer: obrigado”, indicou Francisco.
“Desejo a todos um sereno e Santo Natal”, concluiu.
A bênção ‘Urbi et Orbi’ foi precedida pela execução dos hinos do Vaticano e da Itália, pelas bandas da Gendarmaria Pontifícia e dos Carabinieri, com as saudações militares da Guarda Suíça e das Forças Armadas italianas.
Na sua mensagem, o Papa evocou os conflitos em várias partes do mundo, apelando a um cessar-fogo no Médio Oriente e na Ucrânia.
OC