«O clima de medo é constante. As pessoas estão encurraladas; ninguém pode entrar ou sair da cidade», relata Marielle Boutros, coordenadora de projetos da AIS no país
Lisboa, 03 dez 2024 (Ecclesia) – A Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) anunciou hoje que lançou uma campanha de emergência, oração e solidariedade para com a comunidade cristã de Alepo, na Síria.
A fundação pontifícia evoca a “crise humanitária cada vez mais grave na sequência da recente ocupação, no final da semana passada, da cidade por grupos rebeldes antigovernamentais, alguns dos quais com claras orientações jihadistas”, que embora “tenham prometido respeito, a situação permanece incerta e extremamente insegura nas zonas contestadas”.
A AIS denuncia que a contraofensiva do exército sírio levou a ataques aéreos devastadores sobre Alepo e que cerca de 25 mil cristãos lá permanecem, juntamente com milhares de outras pessoas encurraladas na cidade que, “mais uma vez, luta para sobreviver, assombrada pelos fantasmas de mais de uma década de guerra”.
“Os serviços básicos estão paralisados, com apenas dois hospitais a funcionar para casos críticos. As reservas alimentares são insuficientes, os preços subiram e a população enfrenta a dupla ameaça dos bombardeamentos e da insegurança no terreno”, relata Marielle Boutros, coordenadora de projetos da AIS na Síria.
Segundo a AIS, as “congregações e os bispos decidiram ficar em Alepo, e a Igreja local está a trabalhar incansavelmente para consolar e ajudar os mais vulneráveis”, contudo a “situação continua crítica e os receios quanto à segurança estão a crescer entre os residentes”.
“O clima de medo é constante. As pessoas estão encurraladas; ninguém pode entrar ou sair da cidade. Um médico arménio foi morto por um franco-atirador e um autocarro que tentava partir para Hassake foi também atacado”, alertou Marielle Boutros.
A coordenadora de projetos da fundação pontifícia na Síria dá conta que “os serviços básicos entraram em colapso: as escolas não estão a funcionar e os bancos deixaram de funcionar, deixando as pessoas sem acesso aos seus salários”.
A Fundação AIS informa que “está a responder ativamente a esta crise através de projetos de ajuda de emergência e está a lançar uma campanha no valor de 350 mil euros para financiar a assistência médica para apoiar os hospitais que tratam dos casos críticos e dos doentes idosos e crónicos, assim como para ajuda às pessoas deslocadas, fornecendo alimentos, colchões e cobertores às famílias deslocadas, tanto em Alepo como noutras zonas”.
É intenção da fundação procurar apoiar também projetos relacionados com a produção de energia solar e elétrica alternativa, tal como apoio às escolas cristãs em Alepo.
O secretário-geral da Fundação AIS Internacional, Philipp Ozores, afirma que este é um momento de unidade, mas também de ação, recordando que, na Síria, na região de Alepo, “as pessoas estão profundamente assustadas”.
“Os ataques aéreos, juntamente com o controlo rigoroso das fações rebeldes que tomaram a cidade, transformaram a sobrevivência numa luta diária. Este é um momento de unidade e de ação”, destacou.
A Fundação AIS exorta a “comunidade cristã de todo o mundo a unir-se em oração por Alepo, pedindo paz, proteção e esperança para todos os cidadãos”.
LJ/OC