Portugal: Juventude Operária Católica assume preocupação com crise na habitação e precariedade laboral

Movimento da Igreja Católica em Portugal apresentou conclusões da Campanha Nacional 2023/2024

Lisboa, 26 nov 2024 (Ecclesia) – A Juventude Operária Católica (JOC) apresentou, em comunicado enviado hoje à Agência Ecclesia, as conclusões da Campanha Nacional 2023/2024 sobre a realidade da emancipação jovem, identificando o acesso à habitação e a precariedade global como “grande desafios”.

“Ao longo da etapa do VER, descobrimos que a emancipação vai muito além da independência financeira, abrangendo também dimensões sociais e políticas, permitindo-nos identificar grandes desafios na vida dos jovens, como o acesso à habitação e a precariedade laboral”, indicou a JOC.

Segundo o movimento, estes fatores “dificultam o acesso a uma vida estável e levam muitos jovens a adiar projetos de vida, sentindo-se frustrados e dependentes de terceiros”.

No âmbito económico, a gestão e a autonomia financeiras foram identificadas como “dificuldades”, “muito agravadas pelos baixos salários, consequência de um mercado de trabalho precário, bem como o aumento incessante dos custos de vida”.

No que respeita à socialização, a JOC sentiu “alguma desvalorização do papel dos jovens no mercado de trabalho, bem como a pressão de manter aparências, enfrentando ainda estigmas e intolerância reforçada pelo papel das redes sociais na sociedade”.

“Na esfera política, sentimos que a descrença é generalizada nos jovens, muito alimentada pela corrupção e pela falta de representação, resultando em abstenção e desinteresse por parte dos jovens”, concluiu o movimento, que defende que “a falta de literacia política nas escolas agrava esta situação”.

A JOC salienta ainda “preocupações relativamente às esferas sociais da saúde e da sustentabilidade” e reconhece a “a participação cívica como aspeto diferenciador para alcançar o empoderamento juvenil”.

O movimento destaca que a etapa do VER da revisão de vida operária (RVO) permitiu autoconhecimento e preparação para a etapa do JULGAR, onde se procurou “inspiração nos ensinamentos de Jesus para uma profunda transformação pessoal e social”.

Nesta segunda fase, a JOC refletiu sobre as “causas da sensação de ‘escravidão’, que incluem medos, inseguranças, dificuldades financeiras e pressões sociais”

“Identificamos barreiras como o receio de expressar opiniões, as inseguranças pessoais, a precariedade laboral e as obrigações financeiras, que limitam o nosso presente e futuro”, referiram.

A JOC indica que “a resiliência e a energia características dos jovens foram reconhecidas como motores” que ajudam a “enfrentar desafios e a manter a esperança” e que, inspirados por Joseph Cardijn, o fundador da JOC, e também pelo Papa Francisco, valoriza “a importância do desenvolvimento integral de cada jovem e a ação em comunidade e destacamos a liberdade como sendo essencial à emancipação”.

Na etapa do AGIR, “pautada por descobertas, mas também compromissos”, o movimento entendeu que “a verdadeira liberdade exige coragem e autenticidade para que” jovens possam tornar-se “verdadeiros protagonistas” das próprias vidas, permitindo-se “lutar por melhores condições de vida e alcançar uma vida digna e de libertação para todos”.

Por isso, comprometemo-nos a resistir à precariedade e a lutar por melhores condições de vida, ao mesmo tempo que somos exemplo para outros jovens, ajudando-os, à luz do testemunho de Jesus, a seguirem o caminho da verdade e da liberdade!”.

A Juventude Operária Católica fala que este foi um longo caminho de RVO em grupo, no qual membros se sentiram “interpelados e desafiados, abrindo espaço para debater temas tabu, para fortalecer a fé e a ação em comunidade”.

“Apesar dos muitos desafios, encontramos também sinais de esperança, como iniciativas governamentais de apoio aos jovens, bem como projetos de responsabilidade social. E queremos nós mesmos ser fonte dessa esperança!”, sublinharam ainda.

A campanha nacional da Juventude Operária Católica Portugal, que refletiu sobre a ‘Emancipação Jovem’, se é uma “realidade ou ilusão”, começou há mais de um ano e meio, e terminou a 26 de outubro, que continuou depois em reflexão e análise nos grupos do movimento.

LJ/OC

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Agência ECCLESIA

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