Diretora do Serviço Diocesano para as Comunicações Sociais de Angra foi a convidada da XV sessão das “Conversas na Sacristia”, da Paróquia de São José, em Ponta Delgada, abordando o tema “Deus ainda é notícia?”
Ponta Delgada, Açores, 25 nov 2024 (Ecclesia) – A diretora do Serviço Diocesano para as Comunicações Sociais de Angra considera que a comunicação da Igreja mais do que reestruturada, precisa de ser pensada de outra forma.
Na XV Conversa na Sacristia, projeto da Pastoral da Cultura da paróquia de São José em Ponta Delgada, nos Açores, realizada na passada quinta-feira, Carmo Rodeia referiu que o modelo comunicacional a partir de um ponto emissor para todos já não faz sentido, informa uma nota enviada à Agência Ecclesia.
Segundo a porta-voz da Diocese de Angra, os “media não têm espaço para Deus”, uma vez que a sua natureza “não permite a explicação deste grande mistério e desta grande noticia de um Deus que se fez homem, morreu na cruz para nossa salvação e ressuscitou apresentando-se como um deus vivo todos os dias na nossa vida, no nosso quotidiano”.
No entanto, Carmo Rodeia entende que “a própria Igreja, pela sua natureza institucional por vezes pode ter a tentação de esconder este rosto misericordioso de Cristo vivo, que veio para todos, tornando-se tudo para todos”.
A diretora dos Serviço Diocesano para as Comunicações Sociais destaca que a Igreja instituição é objeto de notícia, principalmente pelas contradições muitas vezes existentes entre a prática e o Evangelho que anuncia.
Carmo Rodeia assinala que sempre que há desacertos, o que acontece muitas vezes, existe “má imprensa”.
Na 15ª sessão das “Conversas na Sacristia”, com o tema “Deus ainda é notícia?”, Carmo Rodeia salientou que a comunicação da Igreja não se faz apenas nos mass media e nas redes sociais, que “favorecem o exibicionismo e o narcisismo”, mas também nas homilias.
Segundo a responsável, estas devem “ser muito cuidadas e atentas aos sinais dos tempos e de cada contexto comunitário”, na liturgia “bem celebrada” ou no sacramento da reconciliação, que é um “espaço favorável para mostrar a misericórdia de Deus”.
Como exemplos de boa imprensa, a diretora do Serviço Diocesano para as Comunicações Sociais de Angra falou no Papa Francisco, pelo discurso por meio de imagens e metáforas, e Fátima, pelo pela atração pelo fenómeno das multidões.
A porta-voz da Igreja de Angra enfatizou que as “mudanças tecnológicas alteraram a relação entre os media e a sociedade” e que isso desafia “a pensar a comunicação institucional também de outra forma”.
“Temos de voltar ao terreno para nos encontrarmos com as pessoas e com as suas histórias de vida. Quando se fala em pobreza, por exemplo, fala-se dos grandes números, mas na realidade por detrás de um número há uma pessoa, uma história e essa é que tem de ser contada”, explica, acrescentando que esta era a forma de comunicação de Jesus.
“No seu tempo não havia media de massa nem redes sociais, mas a sua comunicação era empática e só não agradava ao poder da época, porque a sua mensagem era revolucionária”, referiu.
Carmo Rodeia foi nomeada, em dezembro de 2023, diretora do Serviço Diocesano para as Comunicações Sociais e porta-voz desta Igreja diocesana, por um período de três anos.
A responsável colaborava esta área da comunicação com a Diocese de Angra, desde 2013, com a página na internet ‘Igreja Açores’, tendo sido a diretora do Gabinete de Comunicação e porta-voz do Santuário de Fátima, de janeiro de 2016 até ao dia 30 de novembro de 2023.
LJ