Delegações de Portugal e da Coreia do Sul encontram-se no Vaticano, para «passagem» de testemunho com os símbolos da Jornada Mundial da Juventude
Roma, 23 nov 2024 (Ecclesia) – O arcebispo de Seul manifestou hoje o desejo de acolher jovens da Coreia do Norte na Jornada Mundial da Juventude (JMJ) 2027.
“Não é fácil prever o futuro”, referiu D. Peter Chung Soon-taek, em declarações à Agência ECCLESIA, após um encontro de oração com delegações dea Coreia de Sul e de Portugal, na Basílica de Santa Maria Maior, em Roma.
Num momento em que a tensão com a Coreia do Norte se agudiza, o arcebispo de Seul não perde a esperança de receber na Coreia do Sul jovens vindos desse país: “É possível e seriam muito bem-vindos”.
A próxima edição internacional da JMJ vai decorrer em Seul, no verão de 2027.
D. Peter Chung Soon-taek indicou que a IgrejaCatólica na Coreia está a desenvolver “um grande trabalho com os jovens”, sublinhando que esta Jornada “é também uma grande oportunidade para a sociedade coreana”.
Questionado sobre se a juventude da Coreia do Sul é hoje sensível à proposta cristã, o arcebispo de Seul reconhece que a Coreia “não é um país cristão” mas que, muitas pessoas e muitos jovens, “são sensíveis à dimensão cristã e humana da caridade”, pelo que a JMJ será uma oportunidade única para a Igreja chegar aos jovens.
O Papa vai presidir este domingo, no Vaticano, à Missa da Jornada Mundial da Juventude, com a passagem de testemunho entre Lisboa e Seul. Delegações dos dois países vão encontrar-se no Vaticano, este domingo, com a entrega simbólica da Cruz da JMJ; a celebração conta ainda com jovens romanos, que concluem a celebração da JMJ diocesana com o seu bispo, o Papa Francisco. “Dado o caráter universal do evento, representantes de diferentes partes do mundo proclamarão as leituras e as preces em diversas línguas: jovens de língua materna coreana, portuguesa, italiana, inglesa, francesa, espanhola e chinesa”, refere uma nota enviada à Agência ECCLESIA pelo Vaticano. “Nós vivemos hoje tempos marcados por situações dramáticas que geram desespero e nos impedem de olhar para o futuro com espírito sereno: a tragédia da guerra, as injustiças sociais, as desigualdades, a fome, a exploração do ser humano e da criação”, assinalou Francisco, na mensagem para a 39ª Jornada Mundial da Juventude, que se celebra este ano a nível diocesano. Segundo o Papa, muitas vezes, “quem paga o preço mais alto” sãos os jovens, que sentem “a incerteza do futuro” e não veem perspetivas seguras para os seus sonhos, “correndo assim o risco de viver sem esperança, prisioneiros do tédio e da melancolia, por vezes arrastados para a ilusão da transgressão e das realidades destrutivas”. A celebração deste ano tem como tema a citação bíblica ‘Aqueles que esperam no Senhor caminham sem se cansar’, do livro do profeta Isaías (cf. Is 40, 31). Francisco reflete com os jovens do mundo inteiro sobre “o caminhar e o cansaço”, salientando que a vida é uma peregrinação, “uma jornada que empurra para além” de si próprio, “um caminho em busca da felicidade”, indicando que a vida cristã, em particular, é uma peregrinação em direção a Deus, “à salvação e à plenitude de todo o bem”. “As realizações, as conquistas e os sucessos do caminho, se forem apenas materiais, depois de um primeiro momento de satisfação, deixam-nos ainda com fome, desejosos de um sentido mais profundo; em verdade, não satisfazem completamente a nossa alma, porque fomos criados por Aquele que é infinito, e, por isso, em nós habita o desejo de transcendência, a inquietação contínua para a realização de aspirações maiores”, desenvolve o Papa, salientando, como já disse tantas vezes, que “’olhar a vida da varanda’ não é suficiente” para os jovens. O Papa observa que é normal que, apesar de começarem as jornadas com entusiasmo, mais cedo ou mais tarde comecem “a sentir cansaço”, em alguns casos o que “provoca ansiedade e cansaço interior são as pressões sociais” para atingir determinados padrões de sucesso nos estudos, no trabalho e na vida pessoal, o que produz tristeza. “A solução para o cansaço, paradoxalmente, não é ficar parado para descansar. É, pelo contrário, pôr-se a caminho e tornar-se peregrino da esperança. Este é o convite que vos faço: caminhai na esperança! A esperança vence todo o cansaço, toda a crise e toda a ansiedade, dando-nos uma forte motivação para avançar, porque é um dom que recebemos do próprio Deus”, acrescenta. Na terceira parte da mensagem para a 39.ª JMJ, celebrada nas dioceses, o Papa convida os jovens que se coloquem “a caminho, para descobrir a vida, nas pegadas do amor, em busca do rosto de Deus” e recomenda que passem de “turistas a peregrinos”. |
Lisboa acolheu a edição internacional da Jornada Mundial da Juventude entre 1 e 6 de agosto de 2023, com mais de 1,5 milhões de participantes nas celebrações conclusivas, presididas por Francisco no Parque Tejo.
O caminho até à Coreia do Sul inclui a XL Jornada Mundial da Juventude (2025), que vai ter como tema ‘Vós também dareis testemunho, porque estais comigo’ (Jo 15,27).
Para a XLI Jornada Mundial da Juventude (2026 e Seul 2027), o Papa escolheu o tema ‘Tende coragem: eu venci o mundo!’, u/ma passagem do Evangelho segundo São João (Jo 16,33).
HM/LS/OC
A JMJ nasceu por iniciativa do Papa João Paulo II, após o sucesso do encontro promovido em 1985, em Roma, no Ano Internacional da Juventude.
As edições internacionais destas jornadas promovidas pela Igreja Católica são um acontecimento religioso e cultural que reúne centenas de milhares de jovens de todo o mundo, durante cerca de uma semana. A primeira edição aconteceu em 1986, em Roma, e desde então a JMJ já passou pelas seguintes cidades: Buenos Aires (1987), Santiago de Compostela (1989), Czestochowa (1991), Denver (1993), Manila (1995), Paris (1997), Roma (2000), Toronto (2002), Colónia (2005), Sidney (2008), Madrid (2011), Rio de Janeiro (2013), Cracóvia (2016), Panamá (2019) e Lisboa (2023). A Cruz dos Jovens foi confiada aos jovens por São João Paulo II por ocasião do primeiro Encontro da Juventude, em 1984. Ao término do Ano Santo da Redenção, tendo fechado a Porta Santa, o Papa João Paulo II entregou a Cruz à juventude do mundo com estas palavras: “Levai-a ao mundo como sinal do amor do Senhor Jesus pela humanidade, e anunciai a todos que só em Cristo morto e ressuscitado há salvação e redenção”. Desde 2003, a Cruz é acompanhada pelo ícone de Maria ‘Salus populi romani’. |