Francisco recebeu em audiência pescadores italianos e participantes do Congresso internacional sobre Universalidade e sustentabilidade dos Serviços de Saúde na Europa
Lisboa, 23 nov 2024 (Ecclesia) – O Papa recebeu hoje, no Vaticano, pescadores de várias partes de Itália, destacando a unidade entre eles, que ainda é mais saliente perante os desafios que enfrentam na profissão.
“O vosso trabalho é árduo, exige sacrifício e tenacidade, confrontado tanto com os desafios habituais como com novos problemas urgentes, como a difícil mudança geracional, os custos que continuam a crescer, a burocracia asfixiante e a concorrência desleal das grandes multinacionais”, afirmou Francisco, na Sala Paulo VI.
No entanto, segundo o Papa, isto não desencoraja os pescadores, pelo contrário, alimenta a “unidade”, uma das suas características.
“Não se fazem ao mar sozinhos. Para lançarem as vossas redes, têm de trabalhar em conjunto, como uma tripulação, ou melhor, como uma comunidade em que, apesar da diversidade de papéis, o sucesso do trabalho de cada um depende da contribuição de todos”, salientou.
Desta forma, “a pesca torna-se uma escola de vida”, assinalou Francisco.
O Papa aludiu ao Dia Mundial da Pesca, celebrado a 21 de novembro, referindo que esta é uma atividade “muito antiga”, à qual se liga o início da Igreja, e que no Evangelho os pescadores incorporam “atitudes importantes”.
Na mesma audiência estavam presentes os participantes no Congresso “Universalidade e Sustentabilidade dos Serviços Nacionais de Saúde na Europa”, a quem Francisco dirigiu também uma palavras.
O Papa disse que esta é também uma missão que custa “esforço” e exige “trabalhar em equipa” e convidou participantes a focarem-se em dois aspetos da própria experiência, sendo o primeiro cuidar de quem cuida.
“De facto, é importante não esquecer que vocês, profissionais de saúde, são pessoas tão necessitadas de apoio como os irmãos e irmãs de quem cuidam. O cansaço de turnos exaustivos, as preocupações que carregam nos vossos corações e a dor que recolhem dos vossos pacientes exigem conforto, exigem cura”, indicou, apelando para que não se descuidem e para serem cuidadores uns dos outros.
O Papa realçou como segundo ponto “a compaixão pelos últimos”, sublinhando que “ninguém é autossuficiente ao ponto de não precisar de cuidados, ninguém pode ser marginalizado ao ponto de não poder receber cuidados”.
“O convite que vos faço, portanto, é o de inspirar os sistemas de saúde a partir de dentro, para que ninguém fique abandonado”, convidou.
Na audiência, o Papa ressaltou ver entre os participantes muitas famílias, valorizando a importância que têm.
“[A família] é fundamental para as vossas duas profissões. Em primeiro lugar, pelos sacrifícios que os vossos familiares partilham convosco, adaptando-se aos horários e ritmos exigentes do vosso trabalho, que não é apenas uma profissão, mas uma ‘arte’ e, por isso, envolve toda a pessoa e o seu ambiente”, frisou.
Francisco enfatizou também o apoio que os familiares dão aos profissionais dos dois ramos “no seu cansaço e, muitas vezes, na própria atividade”.
“Apreciem as vossas relações familiares, por favor: elas são um ‘remédio’, tanto para os saudáveis como para os doentes. O isolamento e o individualismo, de facto, abrem a porta à perda de esperança, o que faz adoecer a alma e, muitas vezes, o corpo”, apelou.
LJ