«Em todas as dioceses há muitas atividades e nós queremos que os casais façam parte dessa massa grande, desse povo de Deus, que é a Igreja», explicou Fátima Carioca, sobre o Ano Santo 2025
Fátima, 16 nov 2024 (Ecclesia) – O Encontro Nacional das Equipas de Nossa Senhora, da Supra-Região Portugal que inclui países africanos lusófonos, reúne mais de 1300 pessoas, ‘Chamados a viver em Comunhão’, hoje e domingo, em Fátima.
“Este encontro nacional é sempre um momento privilegiado para, entre todos os equipistas e alguns convidados, amigos dos equipistas, fazermos várias coisas que são típicas das equipas como de qualquer grande família: para celebrarmos, também para partilharmos e nos encontrarmos com outros, para rezar, e por isso nos encontramos em Fátima, junto da Nossa Mãe Maria, e também para nos formarmos”, disse Fátima Carioca, do casal responsável da Supra-Região Portugal das ENS, em declarações à Agência ECCLESIA, no Centro Pastoral Paulo VI.
Em Fátima estão os novos responsáveis mundiais das Equipas de Nossa Senhora, um movimento que está em 92 países: Mercedes e Alberto Perez (Valência/Espanha) assumiram funções no encontro internacional 2024, realizado em julho, e consideraram “notável” a capacidade da Supra-Região Portugal realizar anualmente um encontro nacional, fazendo um “apelo ao encontro”, após “uma época em que era tão difícil”, porque acreditam que “é essencial”.
Neste encontro vai ser apresentado o programa para o ano pastoral 2024-2025 da Supra Região Portugal, e Fátima e António Carioca, o casal responsável que tomou posse há um ano (2023-2028), explica que a equipa “determinou cinco grandes dimensões estratégicas”, que vão trabalhar alinhados com o Ano Santo 2025: “O casal, o movimento serve para servir os casais enraizados no Sacramento do Matrimónio; as equipas, para que sejam verdadeiras comunidades de vida e de fé e de entreajuda; o movimento, inovador, ágil, flexível, ao serviço de todos aqueles que necessitam; a relação à Igreja e à própria sociedade”.
“São dimensões estratégicas e continuaremos a trabalhá-las, este ano, muito alinhados com o Jubileu da Esperança. Não teremos ações concretas, porque a grande maioria dos nossos casais está ao serviço da própria Igreja e da sociedade. Em todas as dioceses há muitas atividades que estão a ser programadas e nós queremos que os casais façam parte dessa massa grande, desse povo de Deus, que é a Igreja”, desenvolveu Fátima Carioca.
O programa deste encontro nacional 2024 das Equipas de Casais de Nossa Senhora “faz desenvolver, crescer e que dá ideias para o dia-a-dia”, quando regressam “ao mundo real”, e, a partir do tema geral, foi dividido em três partes, ao longo deste sábado e domingo: ‘Com o coração ardente; chamados a viver em Comunhão, um caminho de Esperança’. Segundo António Carioca, do casal coordenador da Supra-Região Portugal das ENS, na primeira dimensão o encontro nacional faz eco do encontro internacional deste movimento de casais, realizado este ano em Turim (Itália), onde estiveram “cerca de 400 participantes” mas têm “8 mil pessoas, muita gente tem agora oportunidade de ouvir esses testemunhos”; depois o casal responsável pelo movimento a nível internacional partilha “as orientações para os próximos seis anos”, e, este domingo, a terceira etapa “faz a ponte” para o que vão viver no movimento e na Igreja Católica em 2025, o Jubileu da Esperança. O tema do encontro nacional 2024, ‘Chamados a viver em Comunhão’, coincide com a orientação geral do Movimento das ENS para os próximos seis anos, Fátima Carioca salienta que “é um olhar para o futuro” das Equipas de Nossa Senhora, mas está também relacionado com o caminho sinodal que a Igreja Católica “está a fazer”, nomeadamente “a vivência em comunhão, que é um dos carismas fundacionais das equipas de Nossa Senhora, uma equipa viva em comunhão”. “A nossa ideia é que as equipas de Nossa Senhora estejam muito próximas da Igreja, e, neste período em que somos chamados a viver a sinodalidade, acreditamos que as equipas já estão a trabalhar desta forma há muitos anos. Somos chamados a viver em comunhão com Cristo, que nos acompanha na nossa vida conjugal, com o nosso cônjuge, que é o primeiro, nas equipas, mas também com o movimento, colaborando sempre com a Igreja e no mundo, onde quer que estejamos”, desenvolveu Mercedes Peres. No âmbito do último Sínodo dos Bispos, dedicado à sinodalidade, António Carioca lembra que o movimento católico para casais cristãos casados na Igreja recolheu “contributos de todo o mundo e contribuiu como uma síntese”. “Temos a sorte de viver este carisma profético do padre Cafarel [Padre Henri Caffarel, o fundador], desde o primeiro momento aplicou os critérios sinodais da Igreja, que estão a ser executados pelo Sínodo, nesse sentido, creio que o nosso movimento pode ser muito tranquilo, que vivemos a sinodalidade desde o início, desde há 75, 80 anos”, acrescentou Alberto Pérez. |
O casal Carioca pertence ao Movimento das Equipas de Nossa Senhora há 32 anos, e António Carioca explica que a equipa, seis casais com um conselheiro espiritual, “é quase uma primeira família”.
“Acaba por ser um lugar de grande caminhada e de intimidade, às vezes, quase maior do que na nossa própria família natural, e tem sido um grande apoio. Já passámos por muitas fases com filhos, com pais, [agora com netos] com situações de fragilidades diversas e é um grupo de uma entreajuda fantástica. Não nos torna melhores em relação aos outros que não são das equipas, mas é um apoio incondicional, sem dúvida nenhuma”, desenvolveu.
O padre Nuno Coelho, assistente da Supra-Região Portugal, explicou que as equipas de Nossa Senhora “são, sobretudo, o encontro mensal em casa de cada uma das famílias”, dos casais que se acolhem e que rezam em conjunto, “que vão partilhando o seu caminho de vida espiritual e conjugal, vão estudando e refletindo sobre alguns dos temas que a equipa propõe.
Sacerdote do Patriarcado de Lisboa há 22 anos, o entrevistado recorda que a equipa de seminário, o reitor era o D. Manuel Clemente, hoje patriarca emérito de Lisboa, fazia muita questão que não saíssem “do seminário sem uma equipa de casais”, e ao longo destes anos acompanhou “no total sete grupos, ativos estão quatro”.
“É sempre bom para o padre ter este enquadramento de vida familiar, podemos acompanhar aquilo que também é o coração da célula, a estrutura da Igreja, da sociedade, da nossa humanidade, e é bom sentirmos, não apenas nos nossos serviços mais abrangentes, numa paróquia ou num seminário ou num secretariado, mas depois em coisas mais pequenininhas sentirmos parte de uma família. É sempre bom”, desenvolveu o padre Nuno Coelho.
CB/PR
Os novos responsáveis internacionais das Equipas de Nossa Senhora são de Valência, na Espanha, e, recordando o fenómeno meteorológico conhecido como DANA (DINA, em português) que provocou causou chuvas torrenciais e cheias, Alberto Pérez começou por “agradecer aos portugueses, a todos os irmãos” que estiveram próximos “do verdadeiro sofrimento” que viveram, adiantando que a zona onde ocorreu o maior desastre “existem muitos membros das Equipas de Nossa Senhora que, infelizmente, sofreram grandes perdas materiais”, mas, felizmente, não têm conhecimento de nenhum membro que tenha morrido. “O mais importante, muito acima da resposta dos nossos políticos, tem sido a resposta de apoio das pessoas, não só das pessoas das Equipas, em geral de todas as pessoas, de todas as paróquias que se envolveram com os jovens, com voluntários, e isso é muito entusiasmante”, acrescentou. Mercedes Peres sublinhou que tem existido “muita solidariedade e muita capacidade de resposta, por vezes mais pessoal e coletiva do que institucional”, e destacou o empenho de membros das ENS “cada um a partir da sua realidade”, como uma “coordenadora de enfermagem num dos hospitais onde chega o maior fluxo de pessoas”, ou um engenheiro que “está a rever as pontes e as infraestruturas, porque todos são necessários na sua profissão”. |