D. Rui Valério presidiu à cerimónia de investidura da reitora da Universidade Católica Portuguesa, Isabel Capeloa Gil
Lisboa, 15 nov 2024 (Ecclesia) – O patriarca de Lisboa e magno chanceler da Universidade Católica de Lisboa disse hoje que esta instituição académica tem um papel “insubstituível” na construção de um caminho de paz, prosperidade e esperança.
“Só quando se volta o olhar de forma renovada para o ser humano é que se pode encontrar o verdadeiro caminho da paz, da prosperidade e da esperança. Neste âmbito, qualquer Universidade, mas de forma muito particular, uma Universidade Católica, tem um papel importantíssimo e, ousamos até dizer, insubstituível”, afirmou D. Rui Valério, na cerimónia de investidura da reitora da UCP, a que presidiu na tarde desta sexta-feira, naquela instituição.
O patriarca de Lisboa defendeu que “o ser humano, para o olhar cristão, para a perspetiva católica”, não é apenas “um organismo biológico, nem apenas um fluxo psicossomático”.
“Estamos diante do homem pleno, criado à imagem e semelhança de Deus, redimido por Cristo e chamado à vida eterna”, indicou.
Perante entidades políticas, religiosas e comunidade académica, D. Rui Valério falava dos três problemas que afligem hoje a humanidade, sendo eles a guerra, a pobreza e a desesperança, sublinhando que todos e cada um “desdizem da dignidade da pessoa humana”.
Segundo o patriarca de Lisboa, “só o ser humano integral pode ser o sujeito da busca da resolução dos problemas que afligem hoje a humanidade”, no entanto “este caminho não pode ser apenas abstrato”.
“Não basta lembrar à consciência estas verdades fundamentais sobre o ser humano. É preciso que tudo isto inspire uma ética e fomente a cultura. Ética e cultura que se tornam a ação na política, na economia, no direito, na saúde, na tecnologia, no jornalismo, nas artes, na educação, na filosofia e na teologia”, referiu.
Por isso, refere D. Rui Valério, se espera de quem é formado na Universidade Católica Portuguesa “que se torne protagonista nas várias frentes da sociedade portuguesa e além destas fronteiras”.
Deste modo, a Universidade Católica se torna semente de esperança para o nosso mundo”, afirmou.
Para o magno chanceler da UCP, no momento atual “a ética deve voltar a ocupar um lugar fundamental”, “desde as mais pequenas decisões quotidianas até às grandes tomadas de posição geopolíticas”.
“Num mundo fragmentado e numa sociedade líquida, este é um desafio particularmente árduo. A ética tem de encontrar as suas raízes na antropologia, naquilo que é a natureza e liberdade do ser humano. O ser humano integral, cuja perspetiva a Universidade Católica Portuguesa sempre procura evidenciar, é o fundamento e origem e destinatário desta ética”, salientou.
Sobre a cultura, o patriarca de Lisboa caracterizou-a como a “expressão do ser humano no seu caminhar histórico, nos valores, tradições, costumes, saber e expressões”.
Em declarações à Agência Ecclesia, o responsável católico ressaltou o papel da ética e da cultura na Universidade, mencionando-as como “duas referências que estabelecem o caminho da verdade, o caminho do bem, o caminho da justiça, o caminho do bom para o ser humano”.
Questionado sobre a recondução de Isabel Capeloa Gil para o cargo de reitora para o quadriénio 2024-2028, D. Rui Valério valorizou a “dedicação absoluta” da professora catedrática, que já habituou à competência, característica que é reconhecida na UCP “tanto internamente como internacionalmente”.
Além disso, D. Rui Valério destacou ainda o papel da instituição em abrir caminho para o desenvolvimento, estando atenta aos desafios contemporâneos.
“Um dos grandes desafios que hoje se colocam é aquele que brota da inteligência artificial e não haja dúvida nenhuma que a Universidade Católica está nesse campeonato”, disse o responsável católico, lembrando a construção do Campus Veritati.
Antes do patriarca de Lisboa, tomou a palavra o ministro da presidência, António Leitão Amaro, doutorado em direito pela Universidade Católica Portuguesa e antigo docente da instituição.
O governante caracterizou a UCP como um projeto em realização, de “liberdade e de subsidiariedade”.
“Para este Governo, esta ideia de liberdade religiosa, de ensino, de educação, de aprendizagem, esta ideia de liberdade, mas também, ainda talvez tão ou mais profunda, de subsidiariedade, emprestada ou bebida da doutrina social da Igreja, mas plasmada nos Tratados Europeus e na Constituição da República Portuguesa, é uma ideia que precisa, merece ser concretizada e a Universidade Católica é um monumento a essa realização”, enfatizou.
A investidura decorreu no Auditório Cardeal Medeiros e teve transmissão online; nela tomam posse os vice-reitores Nelson Costa Ribeiro, Peter Hanenberg, Isabel Vasconcelos, Miguel Athayde Marques, Fernando Ferreira Pinto, Margarida Mano, José Manuel Pereira de Almeida, e os pró-Reitores Aires do Couto, Paulo Azevedo Dias, Isabel Braga da Cruz e Céline Abecassis-Moedas, além da administradora, Maria Helena Brissos Ferreira Martins de Almeida.
Isabel Maria de Oliveira Capeloa Gil foi reconduzida, pela segunda vez, no cargo de reitora, por Decreto do Dicastério para a Cultura e a Educação, de 2 de setembro.
LJ/OC