Vaticano: Papa defende que defesa da vida deve ser integral, evitando «tentação de abordagem ideológica»

Francisco enviou mensagem aos participantes do encontro «Bem comum: Teoria e Prática», no Vaticano e destacou importância de escutar vozes femininas

Foto: Vatican Media

Lisboa, 15 nov 2024 (Ecclesia) – O Papa Francisco defendeu, numa mensagem enviada esta quinta-feira aos participantes do encontro “Bem comum: Teoria e Prática”, no Vaticano, que a defesa da vida deve ser integral, evitando “cair na tentação de uma abordagem ideológica”.

“Uma defesa da vida que se limite apenas a alguns aspetos ou momentos, e que não tenha em conta de forma integral todas as dimensões existenciais, sociais e culturais, corre o risco de ser ineficaz e pode cair na tentação de uma abordagem ideológica, em que se defendem mais princípios abstratos do que pessoas reais”, afirmou Francisco, no discurso lido pelo arcebispo Vicenzo Paglia, presidente da Academia Pontifícia para a Vida.

Para o Papa, a “busca do bem comum e da justiça são aspetos centrais e indispensáveis de qualquer defesa de toda a vida humana, especialmente a mais frágil e indefesa”, com respeito por todo o ecossistema que todos habitam.

Francisco destacou a presença de duas mulheres com papéis de liderança no evento: a professora Mariana Mazzucato, da University College London e membro da Pontifícia Academia para a Vida, e a primeira-ministra de Barbados, Mia Mottley, informa o portal ‘Vatican News’.

“Precisamos, na sociedade como na Igreja, de escutar as vozes femininas; precisamos que diversas competências colaborem na formulação de uma reflexão alargada e sábia sobre o futuro da humanidade; precisamos que todas as culturas do mundo possam verdadeiramente dar o seu contributo e exprimir necessidades e recursos”, referiu.

Só desta forma é possível “perspetivar e gerar um mundo aberto”, disse o Papa, citando o terceiro capítulo da encíclica Fratelli tutti.

A propósito deste documento, o Papa sublinhou que a “fraternidade universal é, de algum modo, uma forma ‘pessoal’, calorosa, de entender o bem comum”.

“Não é simplesmente uma ideia, um projeto político e social, mas uma comunhão de rostos, de histórias, de pessoas”, alertou, acrescentando que “o bem comum é, antes de mais, uma prática, feita de acolhimento fraterno e de procura comum da verdade e da justiça”.

“No nosso mundo, marcado por tantos conflitos e contrastes que são fruto da incapacidade de olhar para além dos interesses particulares, é de grande importância recordar o bem comum, uma das pedras angulares da doutrina social da Igreja”, salientou.

O Papa diz que são necessárias “teorias económicas sólidas que assumam e desenvolvam em pormenor este tema, para que se torne um princípio que inspire efetivamente as opções políticas” e “não apenas uma categoria muito invocada nas palavras, mas desprezada nos atos”.

O encontro “Bem Comum: Teoria e Prática” é organizado pela Pontifícia Academia para a Vida.

LJ/OC

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Agência ECCLESIA

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