D. José Ornelas destaca vontade de «ir para lá dos tribunais», no acolhimento das pessoas
Fátima, 14 nov 2024 (Ecclesia) – O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) disse hoje que a Igreja Católica recebeu, até ao momento, 53 pedidos de compensação financeira por vítimas de abusos, “todos casos prescritos ou de abusadores já falecidos”.
“O que nós estamos a fazer vai para além dos tribunais, porque a maioria destes casos, pela natureza do delito já estariam prescritos”, indicou D. José Ornelas, em conferência de imprensa, no final da 210ª Assembleia Plenária da CEP, que decorreu desde segunda-feira, em Fátima.
No documento conclusivo, os bispos adiantam que o prazo para a apresentação de pedidos de compensações foi prolongado até o final de março de 2025.
O presidente da CEP precisou que o processo se encontra, inicialmente, “numa fase de análise de dados”, não tendo sido ainda constituído o fundo conjunto das dioceses portuguesas e dos Institutos Religiosos.
Para D. José Ornelas, é necessário ir ao encontro das pessoas “por via da empatia”, para que os processos possam ser “um momento de encontro e de reconhecimento concreto do mal que foi causado, de todo o sofrimento que isso significa, e também uma manifestação clara de um pedido de perdão”.
Questionado sobre a opção de analisar cada caso de forma individual, o responsável disse que deriva das indicações do Grupo VITA e das Comissões Diocesanas, no contacto com as vítimas.
“A maioria das pessoas não se sente confortável com um valor único” de indemnização, apontou.
O presidente da CEP assumiu a necessidade de “ir ao encontro de cada pessoa na sua realidade, que é sempre única e dramática”.
Quanto à definição de um prazo, agora até março de 2025, D. José Ornelas assinala que seria “doloroso” protelar demasiado a resolução dos processos, para as vítimas.
A data, acrescentou, visa permitir uma “articulação”, respeitando as etapas do processo, que permita definir “critérios ponderados” e uniformes para a avaliação de casos que são “distintos em si”.
Em resposta aos jornalistas, o bispo de Leiria-Fátima desvalorizou as polémicas surgindas entre a extinta Comissão Independente e o Grupo Vita, quanto ao tratamento dos dados recolhidos no relatório da primeira.
“O processo em si é muito claro, para mim não tem nada de nebuloso. E, aliás, fui insistindo nisto: o Grupo Vita é um grupo de natureza diferente, com objetivos diferentes e por isto tem de ter uma metodologia diferente”, acrescentou.
O presidente da CEP realçou que o regulamento para estes pedidos visa “evitar que as vítimas tenham de contar de novo a sua história”, após a apresentarem aos organismos responsáveis da Igreja Católica.
OC