55 propostas para o Papa

Trabalhos do Sínodo dos Bispos chegam ao fim com a aprovação do elenco final das propositiones. Nova linguagem mediática presente no documento Os trabalhos da XII assembleia geral ordinária do Sínodo dos Bispos chegaram ao fim este Sábado com a votação, aprovação e publicação do elenco final das propostas que serão apresentadas a Bento XVI. O documento, dividido em 55 pontos (as propositiones), foi divulgado em italiano na página oficial do Sínodo. A versão oficial, em latim, tem um carácter reservado e serve como base para a redacção da exortação apostólica pós-sinodal, por parte do Papa, documento com o qual é oficialmente encerrado o Sínodo. A “lista final” (Elenchus finalis) está estruturada em três capítulos. Após uma introdução, que engloba duas proposições, o primeiro capítulo tem como título “A Palavra de Deus na fé da Igreja” (3-13). A segunda parte trata da “Palavra de Deus na vida da Igreja” (14-37). O último capítulo refere-se à “Palavra de Deus na missão da Igreja” (38-54). A última proposição, intitulada “Maria Mater Dei et Mater fidei”, é a conclusão do documento. Mundo mediatizado Numa das propostas, os delegados sinodais afirmam que “a Igreja não só é chamada a difundir a Palavra de Deus através dos media, mas também e sobretudo a integrar a mensagem de salvação numa nova cultura que a comunicação cria e amplia”. “O novo contexto comunicativo consente-nos multiplicar os modos de proclamação e de aprofundamento da Sagrada Escritura. Esta, com a sua riqueza, exige que possa chegara a todas as comunidades, chegando a quem está longe também através destes novos instrumentos”, acrescenta o texto. O documento recomenda “que se conheçam bem os meios de comunicação, acompanhando as suas rápidas mudanças e investindo mais na comunicação através dos diversos instrumentos que são oferecidos, como a televisão, a rádio, os jornais, a Internet”, destacando que “é necessário preparar católicos, convictos e competentes, noc campo da comunicação social”. Ler a Bíblia As propostas deixam votos de que cada católico “possua pessoalmente” uma cópia da Bíblia. Uma palavra particular é deixada aos estudiosos do texto bíblico. “Para a vida e a missão da Igreja e para o futuro da fé nas culturas contemporâneas é necessário superar o dualismo entre exegese e teologia. Lamentavelmente, não é rara que exista uma improdutiva separação entre exegese e teologia, também nos níveis académicos mais altos”. Num olhar mais virado para o interior, deseja-se que a Igreja reforce a sua vocação missionária. “A Palavra de Deus é um bem para todos os homens, que a Igreja não deve conservar só para si, mas partilhar com alegria e generosidade com todos os povos e culturas”, pode ler-se. Homilia e papel da mulher São depois examinados alguns “horizontes” significativos para a Palavra de Deus, tema central deste Sínodo. Na liturgia, em particular, é pedido que se faça sempre ressoar a Bíblia a partir da homilia, reforçando a importância do silêncio após a proclamação das leituras e desejando a criação de um “directório homilético”, que exponha “o conteúdo dos temas bíblicos que surgem nos leccionários utilizados na liturgia”. “A homilia deve alimentar-se da doutrina e transmitir o ensinamento da Igreja para fortificar a fé, chamar à conversão no quadro da celebração e preparar a actualização do mistério pascal eucarístico”, indicam os padres sinodais. Ainda neste campo, foi proposto que a Sagrada Escritura ocupe um lugar visível nas Igrejas e que o papel dos leitores seja estudado e aprofundado, olhando também para as novas técnicas da comunicação e para o uso de instalações sonoras adequadas. Uma palavra especial é deixada ao papel da mulher, não só na família e na catequese, mas também na proclamação da palavra bíblica. As mulheres, refere o texto das proposições, “sabem suscitar a escuta da Palavra, a relação pessoal com Deus e comunicar o sentido do perdão e da partilha evangélica”. Neste contexto, deseja-se que “o ministério de leitor seja aberto também às mulheres, para que na comunidade cristã seja reconhecido o seu papel de anunciadoras da Palavra”. Ecumenismo Na linha do que foi sendo defendido nos trabalhos da assembleia sinodal, as propostas abordam o tema do ecumenismo e, em seguida, defendem a importância do diálogo com os judeus a partir das escrituras judaicas, que “os cristãos denominam Antigo Testamento” e com os muçulmanos, centrado no elemento comum do “único Deus”. Neste último caso, o Sínodo “insiste na importância do respeito pela vida, dos direitos do homem e da mulher, bem como na distinção entre a ordem sócio-política e a ordem religiosa na promoção da justiça e da paz no mundo”. O texto lembra a importância da “reciprocidade, da liberdade de consciência e de religião”. É recomendada a peregrinação e, se possível, o estudo da Sagrada Escritura na Terra Santa, “nos passos de São Paulo”. “Os peregrinos e os estudantes poderão, através desta experiência, perceber melhor o ambiente físico e geográfico das Escrituras e particularmente a relação entre os dois testamentos”, indicam os Bispos. Estes pedem que o Papa avalie a oportunidade de oferecer um documento sobre “o mistério da Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja, também à luz do ano dedicado a São Paulo”. Os padres sinodais desejam também “um diálogo entre Bíblia e cultura, sobretudo diante das diversas buscas de sentido presentes no nosso tempo, de forma a encontrar nela a resposta definitiva aos seus anseios”. Na última parte do documento manifesta-se uma “profunda preocupação em relação ao crescimento e mutação do fenómeno das seitas”. As propostas não esquecem a importância da ecologia: “A redescoberta da Palavra de Deus, em todas as suas dimensões, leva-nos a denunciar toda as acções do homem contemporâneo que não respeitam a natureza como criação”. FOTO: Osservatore Romano

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