Membro da Equipa Sinodal da CEP destaca indicações do documento final que apontam a exigência de formação e transparência
Braga, 08 out 2024 (Ecclesia) – O padre Eduardo Duque, membro da equipa sinodal da CEP, disse à Agência ECCLESIA que a última assembleia do Sínodo deixou o desafio de maior “clareza nos processos”, com exigências de transparência e formação, nas comunidades católicas.
“Uma das coisas que se vê nas democracias avançadas é, exatamente, os processos de discernimento, a clareza nos processos. A Igreja não pode ficar para trás. Pelo contrário, a Igreja tem de ser luz na sociedade de hoje, portanto, tem de ser mais clara”, referiu o docente da Universidade Católica Portuguesa.
A assembleia sinodal, cuja segunda sessão decorreu de 2 a 27 de outubro, com o tema ‘Por uma Igreja sinodal: participação, comunhão, missão’, começou com a auscultação de milhões de pessoas, pelas comunidades católicas, em 2021; a primeira sessão da XVI Assembleia Geral do Sínodo decorreu em outubro de 2023.
Francisco promulgou o documento final e enviou-o às comunidades católicas, sem publicação de exortação pós-sinodal, uma possibilidade prevista na constituição apostólica ‘Episcopalis communio‘ (2018).
O texto é composto por cinco partes: “O coração da sinodalidade”, “Juntos, na barca”, “Lançar a rede”, “Uma pesca abundante” e “Também eu vos envio”.
O padre Eduardo Duque entende que a formação para a prestação de contas, nas comunidades católicas, é “o mínimo dos mínimos”, sublinhando a urgência de uma “grande preparação para a sinodalidade, o discernimento, a escuta”.
“Claro que queremos que as coisas funcionem como devem funcionar para os tempos de hoje, mas queremos uma Igreja que seja espiritual. Queremos uma formação espiritual, que trabalhe a nossa alma, que abra a nossa mente, que nos deixe abraçar as outras pessoas”, precisa.
O responsável aponta à uma formação que ultrapassa a dimensão académica e projeta os católicos “para a missão, sempre em jeito sinodal”.
“Que não deixemos ninguém de fora, incluamos as pessoas. No fundo, diria, uma formação que cure a alma”, acrescenta o sacerdote da Arquidiocese de Braga.
O entrevistado sublinha a importância da oração e da escuta nos processos de discernimento, na Igreja, para se chegar à “tomada de decisões reais” e “transparentes”.
“Que ninguém se sinta de fora, que ninguém se sinta mal, que a Igreja seja luz para a sociedade de hoje”, insiste.
Acima de tudo, que haja uma transparência na nossa vida, nas nossas estruturas, na Igreja que somos e que queremos ser nos dias de hoje”.
Questionado sobre os passos dados desde 2021, no processo sinodal lançado pelo Papa, o padre Eduardo Duque valoriza a “prática de discernimento” que foi implementada.
“Nós chegamos até onde o Espírito Santo nos levou a chegar”, declara.
O docente universitário destaca o facto de este ter sido um percurso que os católicos percorreram “juntos”, apesar das suas diferenças.
“Vamos todos no mesmo barco, com ritmos diferentes, com carismas diferentes, com formas de serviço diferentes. Aquilo que importa é, todos os dias, alimentarmos a alegria em nós de querermos servir Jesus Cristo, de querermos levar Jesus Cristo aos outros”, prossegue.
O entrevistado aborda a expressão “corresponsabilidade diferenciada”, referida no documento, precisando que “não se trata de uma complementaridade” entre os vários membros da comunidade católica, mas “de uma reciprocidade, que é uma palavra muito mais rica”.
A entrevista ao padre Eduardo Duque vai estar em destaque na emissão deste domingo do Programa ECCLESIA, na Antena 1 da rádio pública (06h00).
O Sínodo dos Bispos, instituído por São Paulo VI em 1965, pode ser definido, em termos gerais, como uma assembleia de representantes dos episcopados católicos de todo o mundo, a que se juntam peritos e outros convidados, com a tarefa ajudar o Papa no governo da Igreja.
OC