Conferência Episcopal, reunida em Assembleia plenária, acompanha manifestações que decorrem em Maputo
Maputo,07 nov 2024 (Ecclesia) – Os bispos de Moçambique apelaram ao “direito à manifestação pacífica” e pedem a quem sai à rua que “não se deixe instrumentalizar” por atos de violência ou “desestabilização”.
“Apelamos ao direito pela manifestação pacífica e alertamos igualmente aos participantes nas manifestações, para que não se deixem instrumentalizar e se deixem arrastados para ações de vandalismo e desestabilização”, afirma D. João Carlos Nunes, arcebispo de Maputo.
A polícia dispersou hoje com gás lacrimogéneo centenas de pessoas que tentavam sair do bairro de Maxaquene, nos arredores de Maputo, em direção ao centro da capital moçambicana, infirma a Lusa, com o objetivo de se manifestarem contra o resultado das eleições gerais, apresentados a 24 de outubro, que indicou o candidato da Frelimo, Daniel Chapo, como vencedor.
“Apelamos ao respeito à vida de cada pessoa, e não usar a violência para abafar o anseio dos manifestantes, evitando o derramamento de sangue”, afirma ainda D. João Carlos Nunes numa mensagem gravada em vídeo, enviada hoje à Agência ECCLESIA.
A Conferência Episcopal de Moçambique havia já apelado, a 22 de outubro, à “coragem para o diálogo” e para a importância de repor a verdade dos factos, perante indícios de “fraude grosseira” nas eleições de 9 de outubro.
Os bispos pediram “espaços de colaboração”, considerando “um possível governo de unidade nacional”, ao envolvimento de “instituições competentes e sérias do país na gestão dos processos eleitorais, presentes e futuros” e à coragem para o diálogo para “apurar de forma transparente os resultados das eleições publicando e confrontando os editais originais na posse dos vários intervenientes”.
Um mês depois das eleições, quando se cumpre o oitavo dia de paralisação e manifestações em todo o país, com intervenção policial a dispersar com tiros e gás lacrimogéneo os manifestantes que cortam avenidas, atiram pedras e incendeiam equipamentos públicos e privados, os bispos querem pedir “paz, tolerância e respeito à vida”.
“A nossa sociedade, embora marcada, por vários desafios, não será verdadeiramente transformada através do caminho da violência; pelo contrário – é através do diálogo, da tolerância e pela busca incansável de soluções justas que construiremos um Moçambique almejado por todos”, sublinha a mensagem em vídeo.
Os responsáveis da Igreja Católica, reunidos em Assembleia Plenária até ao dia 12, assumem o “momento de tensão” perante as manifestações e as preocupações” do povo moçambicano e afirmam, “como pastores”, a urgência de se dirigirem às pessoas com apelos à paz.
“Que Deus nos guie e nos ilumine”, termina D. João Carlos Nunes.
O candidato Venâncio Mondlane que, segundo a Comissão Nacional de Eleições ficou em segundo lugar, não reconhece os resultados e convocou uma semana de manifestações e paralisações em todo o país, apelando à marcha rumo à capital moçambicana, a realizar hoje.
LS