Sínodo em viragem de página

Relatório intermédio deixa 19 perguntas à consideração dos delegados Os trabalhos da XII Assembleia Geral ordinária do Sínodo dos Bispos entram hoje, 16 de Outubro, numa nova fase, após o final das intervenções dos delegados e convidados na assembleia sinodal. Na tarde desta Quarta-feira, 15 de Outubro, os 253 representantes dos episcopados mundiais estiveram concentrados na redacção da chamada Relatio post disceptationem, o relatório dos primeiros dias de trabalho desta XII assembleia geral, que condensa as principais questões levantadas até agora. Nas conclusões, assinala-se que todos têm consciência da “urgência do anúncio do Evangelho e das novas possibilidades de comunicação que convidam a lançar iniciativas originais para fazer conhecer e amar Cristo e as Escrituras, favorecer a unidade dos cristãos e contribuir para a justiça e a paz no mundo”. O relator geral, Cardeal Marc Ouellete, do Quebeque, foi responsável pela leitura do relatório, que sintetizou as várias intervenções e apresentou algumas linhas de orientação para os trabalhos dos grupos linguísticos (Círculos menores). O texto começa por destacar o “clima fraterno” em que se tem desenvolvido o debate em volta do tema da “Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja”. Logo nos primeiros pontos recorda-se um convite de Bento XVI a um “novo realismo fundado sobre a Palavra de Deus”, num diálogo com Deus e a humanidade. Outros temas abordados são a “interpretação das Escrituras”, a “dimensão sacramental” da Bíblia, a sua relação com a vocação e os pobres, bem como a necessidade de valorizar a função de quem lê nas celebrações litúrgicas. Num dos pontos mais insistentemente apresentados, assinala-se que “a Palavra de Deus não se identifica simplesmente com a Sagra Escritura”, não se devendo esquecer a “Tradição viva da Igreja”. A síntese prossegue tratando da interpretação e da ligação entre Escritura e vida do crente, na Igreja. O documento recorda as várias intervenções relacionadas com a questão das homilias e da arte como “forma analógica de pregação”. Quanto à relação entre exegese e teologia, é dito que “a aproximação ao texto bíblico, quando é feita pessoalmente pelo fiel, não pode ser isolada da comunhão e do contexto eclesial”. Os participantes no Sínodo destacaram, até agora, a importância da Bíblia no diálogo ecuménico, no encontro com o mundo judaico, no diálogo inter-religioso e no confronto com as culturas. O último ponto do documento coloca em destaque a urgência de “tornar a Bíblia disponível em todas as línguas, incluindo as não-escritas” e lembra as “novas possibilidades de transmissão da Sagrada Escritura” através dos media. Hoje e amanhã prosseguem os trabalhos de preparação das propositiones (propostas), uma espécie de documento conclusivo que os participantes no Sínodo confiam, posteriormente, ao Papa. As várias propostas são compiladas pelos relatores dos pequenos grupos, o relator geral e o secretário especial do Sínodo (Arcebispo Laurent Monsengwo Pasinya, de Kinshasa). Perguntas para os Círculos menores No final deste relatório, são deixadas 19 perguntas para orientar os trabalhos em grupos linguísticos. O Cardeal Ouellet declara que “a lista não é exaustiva e deixa toda liberdade para o exame de outras questões”. 1. Como dar a compreender melhor aos nossos fiéis que a Palavra de Deus é Cristo, Verbo de Deus encarnado? 2. Como aprofundar na dimensão dialogal da Revelação na teologia e prática da Igreja? 3. Que implicações se derivam do facto de a celebração litúrgica ser o lugar originário e o cume da Palavra de Deus? 4. Como educar a uma escuta viva da Palavra de Deus, na Igreja, para todas as pessoas e em todos os níveis culturais? 5. Como formar na «Lectio Divina»? 6. Deve elaborar-se um Compêndio para ajudar os pregadores de homilias a servir melhor a Palavra de Deus? (A arte de pregar). 7. É possível rever o Leccionário e modificar a escolha das leituras do Antigo e do Novo Testamento? 8. Que lugar tem e que importância é preciso atribuir ao carácter ministerial da Palavra de Deus? 9. Como dar a entender melhor o laço intrínseco entre a Palavra e a Eucaristia? 10. Que meios devem ser adoptados para a tradução e a difusão da Bíblia entre o maior número possível de culturas, em particular entre os pobres? 11. Como sanar as relações e estimular a colaboração entre exegetas, teólogos e pastores? 12. Como aprofundar no sentido da Escritura e na sua interpretação no respeito e no equilíbrio entre a letra, o Espírito, a tradição viva e o magistério da Igreja? 13. O que pensar da ideia de um Congresso Mundial da Palavra de Deus promovido pelo magistério da Igreja? 14. Como desenvolver mais a busca da unidade dos cristãos e o diálogo com os judeus em torno da Palavra de Deus? O que se entende por animação bíblica de toda a pastoral? 15. Que questões mereceriam um tratamento mais detalhado da parte do magistério da Igreja? (inerrância, pneumatologia, relação inspiração-Escritura-Tradição-Magistério) 16. Como conciliar a prática do diálogo inter-religioso e a afirmação dogmática sobre Cristo, único mediador? 17. Como cultivar o conhecimento da Palavra de Deus por outros meios, além do texto bíblico? (arte, poesia, Internet, etc.). 18. Que formação filosófica é necessária para compreender melhor e interpretar a Palavra de Deus e as Sagradas Escrituras? 19. Que critérios de interpretação da Palavra de Deus asseguram uma autêntica inculturação da mensagem evangélica?

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