Igreja questiona «como se pode mobilizar tanto para salvar a banca e tão pouco para ajudar os pobres» A União Europeia não pode deixar cair a sua política social. Esta é a visão do Pe. José Pereira de Almeida, Director do Secretariado Nacional da Pastoral Social, que recentemente esteve na Reunião da Comissão de Social da COMECE – Comissão das Conferências Episcopais da União Europeia. O tema «O futuro da protecção social e da política social da Europa», traçado há meses atrás, não adivinhava a crise financeira que o mundo conhece. Perante uma situação de crise, o participante português explica à Agência ECCLESIA que a reflexão quis esclarecer “a posição das Igrejas na Europa, estando do lado dos pobres inequivocamente e questionando como se pode mobilizar tanto para salvar a banca e tão pouco para ajudar os pobres”. O Director do Secretariado Nacional da Pastoral Social aponta que a “tradição europeia em termos de segurança e protecção dos mais frágeis tem de ser sublinhada em detrimento da versão americana”. O apelo de João Paulo II para o perdão da dívida aos países em vias de desenvolvimento “foi muito publicitado em 2000” e o traçar, até 2015, os Objectivos para o Desenvolvimento do Milénio são sinais. No entanto sacerdote frisa que “mais acções concretas a este propósito urgem ser realizadas”. Sobre a conceptualização “estamos todos de acordo”, agora é “preciso vontade política”, destaca. Os episcopados europeus podem fazer pressão, chamar a atenção e sensibilizar. O sacerdote aponta ainda “a rede estabelecida pelos cristãos parlamentares que desencadeiam iniciativas no Parlamento Europeu”. E o Pe. José Manuel Pereira de Almeida aponta ainda a formação. Foi proposto um programa de formação destinado a jovens na área política sobre a Doutrina Social da Igreja, “com estágios intensivos de trabalho no Parlamento Europeu”. Um projecto a amadurecer, mas indica o sacerdote, “o desejável seria que cada Conferência Episcopal enviasse dois jovens a cada ano”. Está igualmente previsto o primeiro Congresso Europeu Social entre os dias 8 e 11 de Outubro de 2009, em Gdansk, na Polónia, “assinalando 20 anos de movimentações da solidariedade” e mostrando como a “solidariedade pode ser uma nova caridade, mesmo num contexto laical”. O Director do Secretariado Nacional da Pastoral Social lamenta que a Doutrina Social da Igreja não seja universalmente conhecida, mas pior ainda “é o facto de os próprios cristãos não conhecerem o ensino e o pensamento cristão e não o desenvolveram na sua vida concreta”. O Compendio da Doutrina Social da Igreja, a formação e a próxima Encíclica de Bento XVI são “oportunidades de refrescar o debate de ideias”, concretiza o Pe. José Pereira de Almeida.