Para Sônia Gomes de Oliveira, processo desde 2021, foi «um laboratório muito grande» para entender o que é «viver a experiência de uma Igreja sinodal»
Cidade do Vaticano, 26 out 2024 (Ecclesia) – A presidente do ‘Conselho Nacional do Laicato Brasileiro’ (CNLB) disse hoje que olha “com muita esperança” para a conclusão da assembleia sinodal, afirmando que não se pode querer mudanças na Igreja Católica “de um dia para o outro”.
“De 2021 até agora, e depois desses dois anos nesse processo, foi um laboratório muito grande para entendermos o que é viver a experiência de uma Igreja sinodal. Eu penso que agora é levar adiante esse processo que nós vivenciamos aqui e encantar as pessoas nas nossas paróquias, nas nossas dioceses, no caso do Brasil, viver essa experiência também”, explicou Sônia Gomes de Oliveira, em declarações à Agência ECCLESIA.
A assembleia sinodal, que decorre até domingo, com o tema ‘Por uma Igreja sinodal: participação, comunhão, missão’, começou com a auscultação de milhões de pessoas, pelas comunidades católicas, em 2021; a primeira sessão da XVI Assembleia Geral do Sínodo decorreu em outubro de 2023.
A presidente do «Conselho Nacional do Laicato Brasileiro» olha “com muita esperança”, para a conclusão da Assembleia Sinodal, esta segunda sessão começou a 2 de outubro, e lembra que num “processo dessa dimensão da Igreja universal” não se pode “querer que a coisa mude de um dia para o outro” na Igreja Católica.
“Saio também com uma perspetiva de que não será fácil. Não será fácil porque nós estamos lidando com estruturas e toda a estrutura precisa de um processo de conversão, precisa de um processo de discernimento e são lugares de homens e mulheres: A esperança, o encantamento, a leveza tem que passar por esse processo agora.”
Em fevereiro, o Papa Francisco decidiu criar grupos de estudo sobre dez temas propostos pela primeira sessão sinodal, em outubro de 2023, que envolvem os dicastérios da Cúria Romana, sob a coordenação da Secretaria-Geral do Sínodo, deixando esse debate fora do documento de trabalho.
“O aprofundamento de algumas questões teológicas e canônicas referentes a formas específicas de ministerialidade eclesial – em particular a questão da necessária participação das mulheres na vida e orientação da Igreja – foi confiado ao Dicastério para a Doutrina da Fé, em diálogo com a Secretaria Geral do Sínodo (Grupo de estudo n.º 5)”, indicou o ‘Instrumentum Laboris’ (IL), o documento de trabalho para a segunda sessão.
Sobre a forma como o diálogo que existiu nesta sessão a respeito dos temas do Grupo 5 que vão ajudar a definir o rumo para uma maior participação das mulheres em lugares de liderança, Sônia Gomes de Oliveira salienta que “é um processo que vem de um amadurecimento”.
“É também voltar um olhar para as mulheres que estão nas periferias, nas nossas comunidades, a ministerialidade dessas mulheres, o serviço que fazem, e que talvez não tenha sido consultada diretamente. É importante retomar esse processo de escuta dessas mulheres e, ao mesmo tempo, incluir essas mulheres nesse processo de decisão também, porque grande parte dos nossos trabalhos comunitários, paroquiais, vêm delas, elas estão ali”, desenvolveu a entrevistada, revelando que que sai “muito aliviada” porque “não se fechou o processo de um diaconato”.
A segunda sessão da Assembleia Sinodal tem 368 membros com direito a voto, dos quais 272 são bispos; à imagem do que aconteceu 2023, mais de 50 votantes são mulheres, entre religiosas e leigas de vários países; a estes somam-se, sem direito a voto, 16 representantes de outras igrejas e comunidades cristãs (delegados fraternos), convidados especiais e colaboradores da Secretaria-Geral do Sínodo.
Para a presidente do «Conselho Nacional do Laicato Brasileiro», a América Latina levou para este processo sinodal “uma experiência muito forte, principalmente quando se trata da opção preferencial pelos pobres”, que não se pode perder, porque são as “pessoas que estão nas margens, nas periferias”, e, salientou, que nesses pobres “estão incluídas as mulheres, estão incluídos tantos rostos de pobres no mundo e não só na América Latina”.
O Sínodo dos Bispos, instituído por São Paulo VI em 1965, pode ser definido, em termos gerais, como uma assembleia de representantes dos episcopados católicos de todo o mundo, a que se juntam peritos e outros convidados, com a tarefa ajudar o Papa no governo da Igreja.
OC/CB