Sínodo 2024: «Uma experiencia riquíssima de ser Igreja», afirmou o arcebispo de Manaus, cardeal Leonardo Steiner

Participantes da assembleia sinodal centram-se agora no módulo dos «lugares» e essa perspetiva «fala da concretude dos contextos em que as relações se encarnam», destacou o relator-geral

Foto: Vatican Media

Cidade do Vaticano, 15 out 2024 (Ecclesia) – Os participantes da segunda sessão da Assembleia do Sínodo dos Bispos, sobre a Sinodalidade, começaram esta terça-feira, dia 15 de outubro, a reflexão sobre os ‘Lugares’, o último módulo (nr.4), do Instrumentum Laboris, onde “se encarnam as relações”.

“A perspetiva dos ‘Lugares’ fala da concretude dos contextos em que as relações se encarnam, com a sua variedade, pluralidade e interconexão, e com o seu enraizamento no fundamento subjacente da profissão de fé”, disse o relator-geral da XVI Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos, na manhã de hoje, ao apresentar o Módulo 4 do Instrumentum Laboris (Instrumento de Trabalho), informa o ‘Vatican News’.

O cardeal Jean-Claude Hollerich, arcebispo do Luxemburgo, afirmou que “a Igreja não pode ser compreendida sem estar enraizada em um lugar e em uma cultura”, citando o parágrafo 80 do IL  na apresentação do Módulo 4.

Na conferência de imprensa (briefing) diária sobre os trabalhos desta segunda sessão da 16.ª Assembleia Geral Ordinária dos Sínodo dos Bispos, o arcebispo de Manaus (Brasil), afirmou que “o sínodo é uma experiencia riquíssima de ser Igreja”, e explicou que está a abrir “o leque de compreensão” para serem, “cada vez mais, uma Igreja sinodal”.

O cardeal Leonardo Steiner agradeceu ao Papa Francisco por “ter induzido nesse caminho, o caminho da sinodalidade” e salientou que vão “percebendo cada vez mais que sinodalidade é um modo de ser Igreja para anunciar juntos o Reino de Deus, o evangelho, Jesus crucificado e ressuscitado, a plenitude do Reino de Deus”.

“Esse modo, devagar vai sendo construído, porque sinodalidade é um caminho, um colocar-se a caminho, um pôr-se a caminho, e é o que estamos experimentando no Sínodo. Depois do Sínodo é que continuaremos esses processos nas nossas comunidades, nas nossas dioceses”, desenvolveu.

Sobre o Módulo dos ‘Lugares’, o arcebispo brasileiro de Manaus partilhou várias perguntas – “qual é o lugar da conferência episcopal; qual é o lugar dos pobres; qual é o lugar dos migrantes” -, o que ajuda a aprofundar nos lugares, “que não são apenas os lugares já definidos”, mas os lugares onde “devagarinho” vão experimentando “o Reino de Deus, mas também recebendo elementos que ajudem a viver cada vez mais o Evangelho, o Reino de Deus”.

O cardeal Leonardo Steiner esteve em Fátima pela primeira vez nos dias 12 e 13 de outubro, onde presidiu às celebrações no santuário mariano da Cova da Iria, à celebração da Palavra na noite de sábado, e, no domingo, à Eucaristia; na conferência de imprensa desta peregrinação referiu-se à possível da reintrodução do diaconado feminino, e, esta terça-feira, destacou a participação do laicado na região amazónica, sobretudo das mulheres.

A irmã Nirmala Alex Nazareth, superiora geral das Irmãs do Carmelo Apostólico, também participou no briefing desta terça-feira, e assinalou que há “grandes diferenças” entre a primeira sessão, em outubro de 2023, e esta assembleia sinodal, apontando como importantes a oração, o retiro e as conversas em torno das mesas, que “mostraram uma enorme riqueza em relação à diversidade”.

“Nós iremos adiante se formos capazes de guiar as nossas comunidades”, realçou, partilhando esperança que este caminho não pode levar para trás, divulga o portal de notícias do Vaticano.

O arcebispo de Turim que vai ser criado cardeal no Consistório do dia 7 de dezembro, salientou que há maior familiaridade com os outros participantes sinodais, um exercício de sinodalidade na prática; segundo D. Roberto Repole, a assembleia sinodal é uma oportunidade também para compreender a catolicidade da Igreja

“Se o lugar da Igreja é sempre um espaço-tempo concreto de encontro, o caminho do Evangelho no mundo vai de limiar em limiar: foge de toda estática, mas também de toda ‘santa aliança’ com os contextos culturais da época. Ele habita neles e é guiado por seu Princípio vital – o Espírito do Senhor – para transcendê-los”, disse madre Maria Inazia Angelini, monja beneditina, na meditação antes do início da reflexão sobre o Módulo dos’ Lugares’.

CB

 

O esmoleiro do Papa Francisco, o cardeal Konrad Krajewski, e o arcebispo de Manaus presidiram hoje ao funeral de José Carlos de Sousa, na capela da igreja de Santa Mônica, um brasileiro em situação de sem-abrigo que vivia em Roma, próximo da Colonata de São Pedro.

“Um momento muito privilegiado, percebi que na celebração estavam os companheiros e as companheiras dele; Quando o caixão foi colocado no carro fúnebre, cada um deles colocou junto uma flor”, disse o cardeal Leonardo Steiner, na conferência de imprensa sobre a assembleia sinodal.

“Nós não colocamos, mas os companheiros colocaram. Isso nos emociona, nos toca: na pobreza, no quase nada, existe uma fraternidade profundamente evangélica”, acrescentou o cardeal brasileiro, referindo que participar nessa celebração foi “um sinal de que o Reino de Deus, a vida de Deus está presente onde, muitas vezes”, acha-se que não está.

José Carlos de Sousa, a quem a Esmolaria Apostólica ajudava diariamente, era conhecido como o anjo, dava indicações aos turistas e não pedia dinheiro mas cadernos para escrever poesia; este sem-abrigo morreu aos 61 anos de idade, por doença no fígado, em agosto, no hospital São Carlos; o Vaticano informa que por motivos burocráticos foi enterrado hoje, dois meses depois, no Cemitério Flaminio – Prima Porta.

A segunda sessão da assembleia sinodal, com o tema ‘Por uma Igreja sinodal: participação, comunhão, missão’, decorre de 2 a 27 de outubro.

 

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Agência ECCLESIA

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