Técnicos portugueses enviados para a Guiné-Bissau

Projecto «+Escola», da Fundação Evangelização e Culturas, vai desenvolver educação nas dioceses de Bissau e Bafatá Sete jovens preparam-se para partir para a Guiné-Bissau com o objectivo de desenvolver o projecto «+ Escola», da Fundação Evangelização e Culturas (FEC). Na diocese de Bafatá e na zona administrativa de Cacheu, os técnicos vão trabalhar na formação de professores de ensino básico, primeiro ciclo, língua portuguesa e ciências integradas. Com os professores, os jovens fazem ainda trabalho de tutoria, com o objectivo de perceber se os conteúdos da formação são benéficos e estão a ser incorporados. Haverá ainda actividades com os directores das escolas, com os líderes das comunidades e das associações, onde a aposta é na formação em administração e gestão escolar. A somar a isto, os sete técnicos vão ainda dinamizar a distribuição de material quer de apoio à actividade docente dos professores, quer de apoio à gestão e administração escolar, no caso dos directores e subdirectores. Este ano, o projecto «+ Escola» vai ganhar maior intensidade de trabalho com a diocese de Bissau e ainda de articulação institucional para abrir horizontes e garantir a sustentabilidade do projecto. Os técnicos vão estar no terreno até 31 de Agosto de 2009, explica Simão Leitão, gestor do projecto «+ Escola» na Guiné-Bissau. O gestor explica que a mais-valia deste projecto é a “carga de estruturação de processo de trabalho e de conhecimento”, mantendo sempre a atenção às particularidades culturais do terreno e do povo. O projecto vai funcionar nas duas dioceses da Guiné-Bissau, em Bissau e em Bafatá e ainda na região administrativa em Cacheu. Simão Leitão explica que os jovens vão apostar nos “conhecimentos didácticos e em conteúdos de ensino básico, trabalhando de forma mais estruturada, tanto nas escolas como com os professores”. A FEC está na Guiné-Bissau há oito anos. Com o projecto «+ Escola» desenvolveu “conhecimento do terreno”, explica o gestor do projecto. Existem, por isso, todas as condições para continuar “sendo uma mais valia para todo o sistema de educação da Guiné”. Simão Leitão destaca que “os moldes de continuidade estão em aberto”, sendo possível replicar o projecto para outras regiões ou talvez “pegar em alguns aspectos do projecto e, indirectamente, disseminá-lo por todo o país”, adianta. Mas esta é uma discussão ainda a desenvolver. Guiné aberta à missão Uma certeza está adquirida. A presença de voluntários na Guiné-Bissau é necessária e reconhecida. A garantia é dada por D. Pedro Zilli, Bispo de Bafatá, que presidiu à missa de envio, esta Quinta-feira, nas instalações da Conferência Episcopal Portuguesa, sede da FEC. Há 23 anos na Guiné-Bissau, D. Pedro Zilli conhece profundamente o povo, nas suas alegrias e dificuldades. “Descobri a importância da actividade que a Igreja faz no campo da catequese e da evangelização mas também na saúde e na educação, um campo fundamental que ajuda a pessoas a abrir a mente para a compreensão do mundo”, explica à Agência ECCLESIA. O Bispo de Bafatá afirma que “há muito que sentíamos a necessidade de pessoas que ajudassem na formação de professores e directores” e a ajuda da FEC é essencial para que possam “ajudar as nossas escolas a serem mais dinâmicas, mais vivas, que possam transmitir uma formação integral às pessoas”. A formação de professores é “fundamental”, enfatiza. D. Pedro explica que o povo guineense sente a necessidade de pessoas que os “ajudem a sair dos momentos difíceis. A presença dos missionários, tanto de Portugal como de outros países, é um sinal de esperança”. Se antes era a Europa que enviava missionários, o Bispo de Bafatá explica que actualmente há, na Guiné-Bissau, missionários do Senegal, do Brasil, de Angola, Moçambique, Cabo Verde. “Este é um factor muito interessante que nos une a todos, que é o amor à Igreja e ao povo”, afirma, sublinhando a grande solidariedade com a Igreja local. O acolhimento tanta da Igreja como do povo guiniense é total “seja por um mês ou por um ano”. D. Pedro afirma, no entanto, que os próprios voluntários que chegam ao local “percebem que num mês não conseguem fazer muito. Por mais tempo as pessoas realizam mais e ficam mais completas”. Desenvolvimento e dependência Sara Poças é uma das técnicas que até Agosto estará em Bafatá. Não é uma estreia. Amanhã parte pela terceira vez para dar continuidade a um projecto que interrompeu há dois meses. Esta jovem foi uma das responsáveis por fazer o levantamento de estruturas e recursos humanos das escolas, jardins infantis e bibliotecas ligadas às dioceses. Daqui resultou um manual de procedimentos, aprovado no II Encontro Diocesano de Educação na Guiné-Bissau, para as escolas de Bafatá poderem trabalhar em rede. Sara Poças regressa para testar o manual e acompanhar a implementação nas escolas em Bafatá, com o objectivo ainda de o replicar na diocese de Bissau. A restante equipa vai essencialmente trabalhar com professores e directores de escola. Saudades dos guineenses e a expectativa para perceber a implementação do trabalho que desenvolveu envolvem a Sara Poças antes da partida. No geral, entre os sete técnicos, expectativa e ansiedade descreve o ambiente vivido. Apenas dois repetem a missão. “É muito fácil gostar do povo guineense”, aponta a Sara Poças. O acolhimento e simpatia das pessoas são apontados por Sara como factores importantes para, no início, os que partem se integrarem. Mas os técnicos estão conscientes que facilmente se pode cair na dependência, pois, aponta a jovem, “as carências são muitas”. “Ao longo da formação vamos percebendo mecanismos, transversais à nossa postura, para quebrar a dependência” e apostar num desenvolvimento sustentado.

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