Sínodo 2024: Relator-geral pede «coerência» entre palavras e ações, para travar corrosão do património católico

Trabalhos entram em nova fase, enfrentando «questões difíceis»

Fotos: synod.va/Lagarica

Cidade do Vaticano, 10 out 2024 (Ecclesia) – O relator-geral da XVI Assembleia Geral do Sínodo disse hoje no Vaticano que os trabalhos exigem “coerência” com o discurso, destacando que “as ações são mais fortes do que as palavras”.

“As práticas têm de ser coerentes com o que dizemos, caso contrário as pessoas ouvirão as nossas palavras, mas não acreditarão nas nossas práticas, o que tornará o nosso património insignificante, corroendo-o lentamente”, referiu o cardeal Jean-Claude Hollerich, no Auditório Paulo VI.

O responsável falava na apresentação dos trabalhos sobre o terceiro módulo do documento de trabalho, que apresenta “a perspetiva dos caminhos que sustentam e alimentam o dinamismo das relações em termos concretos”.

A segunda sessão da assembleia sinodal, com o tema ‘Por uma Igreja sinodal: participação, comunhão, missão’, decorre de 2 a 27 de outubro.

O arcebispo do Luxemburgo destacou que “o Sínodo está a avançar rapidamente”, convidando a “aproveitar bem o tempo”.

“Com que ferramentas podemos apoiar e alimentar o tecido relacional de que as pessoas e as comunidades necessitam?”, questionou o cardeal Hollerich.

Que articulação dos processos de decisão na Igreja é coerente com o que dizemos sobre as relações entre vocações, carismas e ministérios, sobre a sua reciprocidade e complementaridade? E com o que dizemos sobre a dignidade de cada pessoa batizada?”.

A primeira sessão da XVI Assembleia Geral do Sínodo decorreu em outubro de 2023, após uma auscultação de milhões de pessoas, pelas comunidades católicas, em 2021, por iniciativa do Papa.

O relator-geral apresentou os vários pontos da nova fase de trabalhos, que abordam temas como a formação, o discernimento, a tomada de decisão e a transparência.

D. Jean-Claude Hollerich destacou que a consulta “não pode ser esvaziada em mero formalismo, nem oposta à deliberação ou transformada em reivindicação”.

“Estamos a aprender a ser uma Igreja sinodal, estamos empenhados num processo de discernimento e somos um órgão consultivo ao serviço do Santo Padre e do seu ministério”, acrescentou.

O arcebispo do Luxemburgo desafiou os participantes a “estar disponíveis para nomear e enfrentar eventuais bloqueios ou receios, e cultivar uma atitude de confiança recíproca”.

Fotos: synod.va/Lagarica

Esta sessão da Assembleia Sinodal tem 368 membros com direito a voto, dos quais 272 são bispos; à imagem do que aconteceu 2023, mais de 50 votantes são mulheres, entre religiosas e leigas de vários países.

A eles somam-se, sem direito a voto, 16 representantes de outras igrejas e comunidades cristãs (delegados fraternos), convidados especiais e colaboradores da Secretaria-Geral do Sínodo.

A sessão desta tarde foi introduzida por uma reflexão do padre Timothy Radcliffe, cardeal eleito, que apontou a necessidade de responder a “questões difíceis”.

“Muitas pessoas querem que este Sínodo dê um imediato ‘sim’ ou ‘não’ sobre várias questões. Mas não é assim que a Igreja avança no profundo mistério do Amor Divino”, realçou o teólogo dominicano.

Alarguemos a nossa imaginação a novos modos de ser casa de Deus, que tem lugar para todos. Todos, todos, todos”.

O Sínodo dos Bispos, instituído por São Paulo VI em 1965, pode ser definido, em termos gerais, como uma assembleia de representantes dos episcopados católicos de todo o mundo, a que se juntam peritos e outros convidados, com a tarefa ajudar o Papa no governo da Igreja.

OC

A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) está representada pelo seu presidente, D. José Ornelas, e por D. Virgílio Antunes, vice-presidente do organismo.

O cardeal Américo Aguiar, bispo de Setúbal, está presente na segunda sessão da Assembleia Sinodal por nomeação do Papa Francisco; já o cardeal Tolentino Mendonça participa na sua condição de prefeito do Dicastério para a Cultura e Educação (Santa Sé).

Além dos quatro responsáveis portugueses, participam também nesta segunda sessão, o padre Miguel de Salis Amaral, docente da Universidade Pontifícia da Santa Cruz, em Roma, integrando o grupo de peritos (teólogos, facilitadores, comunicadores); o padre Paulo Terroso, da Arquidiocese de Braga, e Leopoldina Simões, assessora de imprensa, no grupo dos “assistentes e colaboradores”.

 

 

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Agência ECCLESIA

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