Isabel Capeloa Gil destacou que a proposta educativa das escolas católicas «cultiva a dignidade humana»
Fátima, 10 out 2024 (Ecclesia) – A reitora da Universidade Católica Portuguesa (UCP) sublinhou hoje, no II Congresso Nacional da Escola Católica, que a educação não pertence ao Estado e “não é uma fábrica de doutrinação ideológica do Estado”.
“As crianças não são um tijolo na parede do Estado, são pessoas, têm dignidade própria e é preciso respeitar os contextos culturais, as opções das famílias e as opções que as famílias tomam relativamente à educação dos seus filhos”, afirmou Isabel Capeloa Gil, na conferência de abertura, que decorreu no Centro Paulo VI, em Fátima.
A reitora da UCP realçou que “a proposta educativa das escolas católicas é uma proposta que cultiva a dignidade humana, que prepara para a cooperação e não para a competição, que favorece como pensar com um caminho para saber como pensar e não o contrário”.
Na intervenção, Isabel Capeloa Gil salientou que as escolas católicas são a “maior rede global, estão em todo o mundo, em ambientes onde a religião dominante é cristã, é católica ou não”.
“Não somos instituições para católicas, somos uma proposta para o mundo, para constituintes que vivem, que colaboram em múltiplas realidades religiosas e culturais”, referiu.
Na conferência sobre “A Escola Católica no mundo em mudança”, a reitora da UCP ressaltou que é entre o desalento da derrocada de um certo ideal salvífico das macronarrativas da modernidade e a euforia da mudança e do novo que se gere” o futuro.
“O tédio do novo promove a estagnação de tudo o que vive na mudança. A mudança e a incerteza tornam-se uma narrativa hegemónica, em sociedades que vivem uma forte transformação motivada pela quarta revolução industrial e pela rapidez dos avanços tecnológicos”, destacou.
Isabel Capeloa Gil abordou os avanços tecnológicos, assinalando que nos últimos cinco anos foram superiores àquilo que aconteceu nos últimos 150.
“Temos a tecnologia a refazer não só a forma como nós nos relacionamos, trabalhamos, como estamos em sociedade, mas também o próprio tecido social e cultural”, referiu, mencionando ainda a “fortíssima transformação demográfica” que as sociedades europeias, incluindo Portugal, vivem.
“Uma quebra da natalidade por um lado, mas também um aumento exponencial ou uma alteração do tecido cultural das sociedades fruto das migrações globais e pelas modificações culturais propiciadas por essa transformação, que não é necessariamente negativa, é só uma alteração a que temos que estar muito atentos”, indicou.
O congresso, com cerca de 350 participantes, é organizado pela Associação Portuguesa de Escolas Católicas (APEC) e o Secretariado Nacional da Educação Cristã (SNEC), debatendo o tema ‘Escola Católica – Identidade e Pacto num Mundo Global’.
Portugal conta com 122 escolas católicas, com mais de 65 mil alunos, 5300 docentes e 3300 trabalhadores não docentes.
LJ/OC