Sínodo 2024: Único diácono permanente na Assembleia pede valorização do ministério

Geert De Cubber diz que sinodalidade é questão de «sobrevivência» para a Igreja na Europa

Foto: Lusa/EPA

Cidade do Vaticano, 09 out 2024 (Ecclesia) – O belga Geert De Cubber (Bélgica), único diácono permanente na XVI Assembleia Geral do Sínodo, disse hoje no Vaticano que a sinodalidade é uma questão de “sobrevivência” para a Igreja na Europa.

“Penso que o que podemos fazer como diáconos é ir corajosamente onde ninguém se atreve a ir, ninguém da Igreja”, referiu o responsável, que participa como testemunha do processo sinodal na Europa.

O diácono falava durante o briefing diário dedicado aos trabalhos da segunda sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária dos Sínodo dos Bispos, que decorre até 27 de outubro.

“Dirigi-me à Assembleia esta manhã, dizendo que devíamos pensar no diácono como alguém que constrói pontes”, declarou Geert De Cubber.

“Alguém que constrói pontes, antes de mais, no seio da sua própria família, com outras famílias, também no seio da sua própria comunidade, mas também com a sociedade exterior”, acrescentou.

Devemos ir ao encontro de todos os que não têm voz, de todos os que não são ouvidos, de todos os que são excluídos pela Igreja, pela sociedade ou por ambos, e trazê-los de volta ao coração da Igreja”.

O diácono permanente, casado, disse aos jornalistas que a experiência de sinodalidade começou na “própria família”, com quem discutiu a presença em Roma, durante cerca de um mês.

A assembleia sinodal, com o tema ‘Por uma Igreja sinodal: participação, comunhão, missão’, começou com a auscultação de milhões de pessoas, pelas comunidades católicas, em 2021; a primeira sessão da XVI Assembleia Geral do Sínodo decorreu em outubro de 2023.

O ministério do diácono permanente, na Igreja Católica, está particularmente destinado às atividades caritativas, a anunciar a Bíblia e a exercer funções litúrgicas, bem como assistir o bispo e o padre nas missas, administrar o Batismo, presidir a casamentos e exéquias, entre outras funções.

No caso dos candidatos ao diaconado permanente, esta é uma missão para toda a vida, a que podem aceder homens, incluindo os casados, com mais de 35 anos.

Em fevereiro, o Papa decidiu criar grupos de estudo sobre dez temas propostos pela primeira sessão sinodal, em outubro de 2023, que envolvem os dicastérios da Cúria Romana, sob a coordenação da Secretaria-Geral do Sínodo, deixando assim esse debate fora do documento de trabalho

Estes grupos vão funcionar até junho de 2025, debatendo um conjunto de questões doutrinárias, pastorais e éticas “controversas”, referidas no Relatório de Síntese da primeira sessão sinodal.

Na sessão plenária de abertura dos trabalhos, vários responsáveis destes grupos apresentaram um relatório, entre eles o cardeal Víctor Fernández, prefeito do Dicastério para a Doutrina da Fé (Santa Sé), que falou em nome do Grupo 5 – dedicado a “questões teológicas e canonísticas relativamente a específicas formas ministeriais”, em particular sobre a participação das mulheres nos processos de decisão e liderança comunitária.

A 18 de outubro, a Doutrina da Fé vai promover um encontro com os participantes na Assembleia, tendo pedido sugestões a todos os presentes.

Geert De Cubber considerou “inevitável consultar os diáconos sobre o diaconado”, envolvendo as suas famílias, para realçar a “natureza” do seu ministério.

Questionado sobre a admissão de mulheres ao diaconado, o responsável defendeu que é necessário “fazer esta peregrinação juntas”.

“Não queremos perder ninguém na nossa viagem”, observou, pedindo que o debate seja feito de “uma forma sinodal”.

Com os jornalistas esteve D. Luis Fernando Ramos, arcebispo de Puerto Montt (Chile), que também sublinhou a “vocação específica” dos diáconos, “que não deve ser confundida com uma sombra do sacerdócio ou em concorrência com o sacerdócio, mas que é complementar ao serviço da evangelização”o.

O responsável sul-americano aludiu ainda à “importância da participação dos leigos na vida da Igreja” e aos “critérios de sinodalidade” para o exercício de cargos de responsabilidade.

Esta sessão da Assembleia Sinodal tem 368 membros com direito a voto, dos quais 272 são bispos; à imagem do que aconteceu 2023, mais de 50 votantes são mulheres, entre religiosas e leigas de vários países.

A eles somam-se, sem direito a voto, 16 representantes de outras igrejas e comunidades cristãs (delegados fraternos), convidados especiais e colaboradores da Secretaria-Geral do Sínodo.

O Sínodo dos Bispos, instituído por São Paulo VI em 1965, pode ser definido, em termos gerais, como uma assembleia de representantes dos episcopados católicos de todo o mundo, a que se juntam peritos e outros convidados, com a tarefa ajudar o Papa no governo da Igreja.

OC

A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) está representada pelo seu presidente, D. José Ornelas, e por D. Virgílio Antunes, vice-presidente do organismo.

O cardeal Américo Aguiar, bispo de Setúbal, está presente na segunda sessão da Assembleia Sinodal por nomeação do Papa Francisco; já o cardeal Tolentino Mendonça participa na sua condição de prefeito do Dicastério para a Cultura e Educação (Santa Sé).

Além dos quatro responsáveis portugueses, participam também nesta segunda sessão, o padre Miguel de Salis Amaral, docente da Universidade Pontifícia da Santa Cruz, em Roma, integrando o grupo de peritos (teólogos, facilitadores, comunicadores); o padre Paulo Terroso, da Arquidiocese de Braga, e Leopoldina Simões, assessora de imprensa, no grupo dos “assistentes e colaboradores”.

 

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