«Que a Igreja, através deste Sínodo, seja mensageira da convivência» – D. Mounir Khairallah
Cidade do Vaticano, 05 out 2024 (Ecclesia) – D. Mounir Khairallah, do Líbano, D. Launay Saturné, do Haiti, e D. Pablo Virgilio David, da Filipinas, participaram hoje na conferência sobre os trabalhos sinodais, e partilharam apelos à paz, à reconciliação e perdão, e exemplos de acolhimento.
“Acredito que a maior decisão que temos de tomar é que a Igreja, através deste Sínodo, seja mensageira da convivência, ou seja, ouvindo o outro, respeitando o outro, dialogando com o outro, respeitando o outro e libertando-nos do medo do outro”, disse D. Mounir Khairallah, citado pelo portal online Vatican News’.
“Esse seria um primeiro passo como uma grande recomendação desse Sínodo para a humanidade”, acrescentou o bispo libanês de Batrun, este sábado.
D. Mounir Khairallah afirmou que “o Líbano é uma mensagem de paz e deve continuar a ser uma mensagem de paz”, e destacou que é o “único país no Oriente Médio” onde cristãos, muçulmanos e judeus podem viver juntos, “respeitando a sua diversidade”.
“Vir aqui, nessa situação, para falar sobre o Sínodo, seria complexo; até mesmo para falar de perdão, que o Papa Francisco tomou como um sinal para esta Segunda Sessão, seria ainda mais complexo. Venho aqui para falar de perdão e reconciliação, enquanto meu país, meu povo, sofre, sofre as consequências das guerras, dos conflitos, da violência, da vingança, do ódio”, desenvolveu, afirmando que os libaneses querem “construir a paz”.
Na conferência de imprensa na Sala de Imprensa do Vaticano, o bispo libanês partilhou a sua história e a experiência pessoal de “perdão”, após alguém ter assassinado os seus pais, em casa, quando tinha cinco anos de idade.
O bispo maronita do Líbano lamentou que, “infelizmente, o mundo ou se cala ou dá luz verde a toda essa violência” porque “há muitos interesses políticos e económicos que não têm nada a ver com os valores cristãos”, e observou que a solução dois Estados e dois povos, entre Israel e a Palestina, sempre foi rejeitada por políticos israelitas.
Para D. Mounir Khairallah esta assembleia sobre a sinodalidade é uma oportunidade para reafirmar a centralidade daqueles que mais sofrem com a violência e a pobreza.
Do continente americano, Haiti, D. Launay Saturné, afirmou que “aqueles que deveriam trazer ordem e paz até agora não conseguiram estar à altura das suas responsabilidades”.
Segundo o arcebispo de Cap-Haitien, o respeito pela dignidade da pessoa humana “está longe de ser uma realidade”, e lembrou o mais recente “massacre”, esta quinta-feira, dia 3 de outubro: 70 pessoas foram mortas, casas queimadas e muitas pessoas em situação de sem abrigo.
“Estamos em desespero”, disse D. Launay Saturné, explicando que na capital haitiana, Porto Príncipe, 70% da população foi forçada a fugir, muitas paróquias fecharam no país, mas a reflexão sobre a sinodalidade continuou.
O arcebispo de Cap-Haitien assinalou também que a missão, a comunhão e a participação são valores fundamentais a serem fortalecidos mais do que nunca e indicou que muitos grupos religiosos tentam passá-los às novas gerações, para que um dia possam construir uma sociedade que se refira a eles.
O bispo de Kalookan (Filipinas), é membro da Comissão para a Informação da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, na conferência de imprensa, referiu-se à consulta continental, realizada em entre as duas assembleias sinodais.
D. Pablo Virgilio S. David destacou a relação entre sinodalidade e a missão à luz do fenómeno migratório, num país onde, em cerca de dez anos, mudaram de 1,5 milhão de pessoas para 4 milhões para Manila, e alguns moradores da capital viram-nos como uma ameaça.
“Quando o Papa veio em 2015, disse-nos para irmos para as periferias e foi o que fizemos. Criamos 20 estações missionárias na minha diocese”, destacou o bispo de Kalookan.
Também participaram nesta conferência de imprensa Catherine Clifford, do Canadá, uma das testemunhas do processo sinodal (América do Norte), o prefeito Paolo Ruffini e Sheila Leocádia Pires, respetivamente presidente e secretária da Comissão para a Informação do Sínodo.
CB