«República e democracia viram como ao lado do catolicismo avultaram outras importantes confissões cristãs» – Marcelo Rebelo de Sousa
Lisboa, 05 out 2024 (Ecclesia) – O presidente da República Portuguesa destacou hoje o pluralismo religioso no discurso do 5 de Outubro, onde alertou para as desigualdades, referiu-se ao combate à pobreza, destacou as migrações e lembrou que “o mundo que fala português mudou”.
“República e democracia estão vivas, mas sabem que têm de mudar, e muito, nos dois milhões de pobres e mais uns em risco de pobreza, nas desigualdades entre pessoas e territórios, no combate à corrupção, no envelhecimento coletivo e também de tantos sistemas sociais, na insuficiência do saber, da inovação, do crescimento”, disse Marcelo Rebelo de Sousa, na manhã deste sábado, em Lisboa.
Na sua intervenção, nas comemorações do dia 5 de outubro, o presidente português acrescentou que são “constantes essas graves” que não se conseguiram alterar “em 50 anos de Abril”, do 25 de abril de 1974.
Aos portugueses, o presidente da República destacou que “com 114 anos a República, e 50 anos a democracia, com anos amiúde tribulados para uma e para a outra, o certo é que estão vivas”.
“O mundo mudou. O mundo que fala português mudou. A Europa mudou. Portugal mudou. Mas a república está viva. Não é perfeita nem acabada, longe disso, é obra de todos os dias, de sucessivas gerações de portugueses. A democracia está viva, não é perfeita nem acabada, longe disso. É obra de todos os dias, de sucessivas gerações de portugueses”:
Marcelo Rebelo de Sousa assinalou que a república e democracia em Portugal viram “como ao lado do catolicismo avultaram outras importantes confissões cristãs, em rápida subida”, e também outros numerosos credos e Igrejas e não crentes.
“Mosaico riquíssimo, bem diferente de alguns dos nossos vizinhos europeus, portugueses”, observou no discurso do 5 de outubro, na Praça do Município de Lisboa.
O presidente da República Portuguesa referiu-se também aos “dramas e a capacidade vital” dos antigos combatentes “e de regressados da descolonização”, de novas emigrações de nacionais, “sobretudo neste século, e sempre de imigrações de falantes e não-falantes da língua portuguesa”.
“Tudo hoje perfazendo 11 milhões vivendo cá dentro e mais do que esses 11 milhões nacionais e lusodescendentes vivendo lá fora. E nos que vivem cá dentro, um milhão de não-nacionais, neles claramente dominando os lusófonos”.
Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, sabendo quais as “razões essenciais” para a república e democracia “estarem vivas”, afirmou ainda que “viver com liberdade é muito melhor do que viver com repressão”.
O Programa ‘70*7’, deste domingo, na RTP2, pelas 18h45, vai apresentar dois casos, numa autarquia e na promoção da economia circular, de pessoas que não se limitam a pensar no seu bem-estar, mas construindo um mundo melhor ao seu redor.
Em abril deste ano foi apresentado o livro ‘25 de Abril: permanências, ruturas e recomposições’, publicado no âmbito das comemorações dos 50 anos da democracia em Portugal; a nova publicação estrutura-se em torno de quatro temáticas fundamentais – “a Guerra, a Descolonização, a Democracia e o Desenvolvimento” -, teve coordenação científica do Centro de Estudos de História Religiosa da (CEHR) da UCP, e edição da Agência ECCLESIA.
Em 2010, a edição especial ‘República e Igreja’, do semanário Agência ECCLESIA, assinalou o centenário da implantação da República a 5 de Outubro de 1910, que foi um ponto de viragem para a Igreja Católica em Portugal; a publicação com a colaboração científica do CEHR estruturou-se em três áreas temáticas: “Sociedade e Religião”, “Relação Igrejas, Estado e Sociedade” e “Universos Espirituais e experiências religiosas”.
OC/CB
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