Sínodo 2024: Presidente-delegado valoriza diversidade de «perspetivas» e rejeita que sejam ameaça à verdade

Responsáveis destacam necessidade de articular novos grupos de trabalho com os participantes na Assembleia Sinodal

Foto: Agência ECCLESIA/OC

Octávio Carmo, enviado da Agência ECCLESIA ao Vaticano

Cidade do Vaticano, 03 out 2024 (Ecclesia) – O bispo norte-americano Daniel Ernest Flores, presidente-delegado da XVI Assembleia Geral do Sínodo, que decorre no Vaticano, valorizou hoje a diversidade de perspetivas, na Igreja, rejeitando que estas sejam uma ameaça à verdade.

“Há uma voz do povo que tem algo a dizer sobre a forma como o Senhor Jesus se mostra, e é uma perspetiva. A perspetiva não é inimiga da verdade, é a maneira de a Igreja entender a grandeza do mistério”, referiu aos jornalistas, num encontro que decorreu na Sala de Imprensa da Santa Sé.

“A realidade sinodal é estar consciente de que a perspetiva aborda o mesmo mistério, mas a partir do seu próprio contexto, e que é importante que o resto do corpo a ouça”, acrescentou.

O bispo de Brownsville (EUA) considerou que a segunda sessão da Assembleia «, iniciada esta quarta-feira, tem de ajudar a valorizar “o silêncio como parte essencial de tudo o que vai ter um estilo sinodal”, agora e no futuro.

“É uma imagem bonita perceber que a maioria das árvores cresce de noite. Não se vê isso a acontecer, mas há um crescimento que se nota depois”, referiu.

A conferência de imprensa contou com a presença do padre Giacomo Costa, secretário especial da XVI Assembleia Geral do Sínodo, o qual abordou a ligação desta sessão com os dez grupos de estudo criados pelo Papa, na sequência do encontro de 2023.

“Não se trata apenas de algo desligado da Assembleia, mas é realmente trazido para o Sínodo como uma oportunidade de levar a sério as recomendações que a Assembleia fez no ano passado”, sustentou.

A Secretaria-Geral do Sínodo informou hoje, em nota enviada aos jornalistas, que até junho de 2025 será possível a todos “enviar contributos, observações, propostas” a estes grupos de trabalho.

“A Assembleia pode, como toda a gente, mas ainda mais, enviar mensagens e recomendações a estes grupos, comunicações para sublinhar a sua perspetiva”, indicou o padre Giacomo Costa.

O secretário especial defendeu que o mais importante é dar “passos concretos”, para que os trabalhos sejam mais do que a produção de “um documento final, uma exortação apostólica”.

O padre Riccardo Battocchio, também secretário especial, considerou que os grupos de trabalho e a Assembleia Sinodoal são “companheiros de caminho, estão ligados, mas não são coincidentes”, acrescentando que “ao modo de unir estas duas coisas será ditado pela prática”.

Os grupos de trabalho vão funcionar até junho de 2025, debatendo um conjunto de questões doutrinárias, pastorais e éticas “controversas”, referidas no Relatório de Síntese da primeira sessão sinodal – desenvolvendo temas ligados à pobreza, missão no ambiente digital, ministérios (incluindo a participação das mulheres na Igreja e a pesquisa sobre o acesso das mulheres ao diaconato), relações com as Igrejas Orientais, Vida Consagrada e movimentos eclesiais, formação dos sacerdotes, ministério dos bispos, papel dos núncios, ecumenismo e questões doutrinais, pastorais e éticas “controversas”.

Na sessão plenária de abertura dos trabalhos, esta quarta-feira, vários responsáveis destes grupos apresentaram um resultado dos trabalhos desenvolvidos nos últimos meses, abordando, por exemplo, “o pedido de maior transparência e responsabilização nos processos de seleção dos candidatos ao episcopado”.

Os relatórios apelam também à promoção de uma “formação mais partilhada dos ministros ordenados com outros ministérios, vocações e carismas, para que os seminaristas aprendam a envolver-se em processos comuns”.

O grupo especializado na reforma do Direito Canónico admitiu a “necessidade de tornar obrigatórios os Conselhos Pastorais diocesanos e paroquiais”.

Este relatório admite a criação de “uma norma que garanta que a maioria dos membros dos Conselhos Pastorais sejam leigos, com uma presença adequada de mulheres, jovens e pessoas que vivem em condições de pobreza ou que experimentam outras formas de marginalização”.

OC

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