Sínodo 2024: «Uma Igreja sinodal depende em grande parte de um bispo sinodal» – cardeal Mario Gerch

«Nem todos temos a mesma ideia de reforma e suas prioridades», admite secretário-geral do Sínodo dos bispos

Foto: Agência ECCLESIA/JPG

Octávio Carmo, enviado da Agência ECCLESIA ao Vaticano

Cidade do Vaticano, 02 out 2024 (Ecclesia) – O cardeal Mario Grech disse hoje na abertura da segunda sessão da XVI Assembleia Geral do Sínodo que os bispos têm um papel central no desenvolvimento de um “estilo e uma forma sinodal de Igreja”.

“Uma Igreja sinodal depende em grande parte de um bispo sinodal. A sua primeira e fundamental tarefa é ser mestre e garante do discernimento eclesial. Esta tarefa aplica-se antes de tudo à sua Igreja, onde exerce o seu ministério de pastor e guia”, declarou o secretário-geral do Sínodo dos Bispos, na abertura dos trabalhos da nova sessão, que prossegue os trabalhos iniciados em outubro de 2023.

Perante cerca de quatro centenas de participantes, de todos os continentes, o colaborador do Papa destacou a importância que o processo sinodal, iniciado em 2021, deu às Assembleias continentais, como um “significativo lugar de escuta às Igrejas de um continente”.

“O Sínodo é um processo que envolve toda a Igreja e todos na Igreja, cada um segundo a sua função, o seu carisma e o seu ministério”, acrescentou.

O cardeal Grech falava após a intervenção inaugural do Papa, que defendeu uma nova relação entre a hierarquia e os leigos.

Para o secretário-geral, o Sínodo é “essencialmente uma escola de discernimento”, que pode ajudar outras instituições da sociedade.

“O horizonte desta nossa Assembleia é a Igreja, mas o desejo é que o resultado do nosso trabalho nas relações, nos processos, nos lugares possa ajudar todos os homens e mulheres, e contribuir para a construção de um mundo mais justo”, precisou.

O discernimento eclesial pode ser um desafio e um exemplo para qualquer tipo de assembleia, que deve encontrar na escuta mútua dos seus membros a regra de ouro para a busca da verdade e do bem comum”.

Após três anos de trabalhos, D. Mario Grech admitiu que, para muitos, “o propósito do Sínodo é uma mudança estrutural na Igreja, uma reforma”.

“Este é um anseio, um desejo que permeia toda a Igreja. Todos nós queremos isso, mas nem todos temos a mesma ideia de reforma e suas prioridades”, assinalou.

O responsável apontou a um “consenso universal”, que, “fruto do discernimento, surge da escuta de todos”.

A assembleia sinodal, que decorre até 27 de outubro, com o tema ‘Por uma Igreja sinodal: participação, comunhão, missão’, começou com a auscultação de milhões de pessoas, pelas comunidades católicas, em 2021; a primeira sessão da XVI Assembleia Geral do Sínodo decorreu em outubro de 2023.

“Para garantir que esta escuta seja para todos e envolva sempre todos – isto é, a Igreja – implementamos o princípio da restituição. Sempre, a cada passagem que se colocou num texto o discernimento eclesial permanente, devolvemos às Igrejas o fruto da escuta”, relatou o secretário-geral do Sínodo dos Bispos.

O cardeal Grech evocou o cenário de guerra que se vive no mundo, horas depois de o Papater convocado um dia de oração e jejum pela paz, a 7 de outubro.

“Enquanto celebramos esta Assembleia, travam-se guerras em muitas partes do mundo! Estamos à beira de um alargamento do conflito”, assinalou o secretário-geral do Sínodo.

O responsável saudou todos os presentes que chegaram de zonas de guerra ou de nações que “veem violadas as liberdades fundamentais dos seus povos”.

A sessão foi aberta pelo cardeal mexicano D. Carlos Aguiar Retes, presidente delegado da Assembleia Sinodal.

“Confio que todos nós aqui presentes, tendo vivido o processo sinodal desde 2021, embora tenhamos constatado a real dificuldade de renovar as nossas Igrejas particulares, percebemos como, sobretudo os nossos fiéis e agentes pastorais, se entusiasmaram, cheios de esperança, na realização de uma Igreja fraterna, solidária, subsidiária, que seja uma luz nas difíceis circunstâncias da nossa época contemporânea”, declarou.

O Sínodo dos Bispos, instituído em 1965 por São Paulo VI, após o Concílio Vaticano II, pode ser definido, em termos gerais, como uma assembleia de representantes dos episcopados católicos de todo o mundo, a que se juntam peritos e outros convidados, com a tarefa ajudar o Papa no governo da Igreja.

OC

Sínodo 2024: Papa alerta para «diálogo de surdos» e pede que assembleia valorize trabalho dos últimos anos (c/fotos)

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