Residem 207 estrangeiros no território que tem 3249 habitantes, 8% da população
Santa Cruz das Flores, Açores, 01 out 2024 (Ecclesia) – O bispo de Angra está a realizar a primeira visita pastoral à diocese e começou pela ilha das Flores onde os imigrantes representam 8% da população, o ponto mais ocidental da Europa tem 207 estrangeiros e 3249 habitantes.
“A Palavra indica-nos o caminho: amai-vos uns aos outros. Oxalá que este mandamento nos permita fazer caminho conjunto com todos estes nossos irmãos”, disse D. Armando Esteves Domingues, esta segunda-feira, citado pelo portal online ‘Igreja Açores’.
O bispo de Angra esteve na Casa do Espírito Santo, na Ponta Ruiva, na tarde desse terceiro dia de visita pastoral às Flores, onde encontrou mais estrangeiros do que pessoas naturais da ilha, e salientou que quando se coloca “na vida o melhor” que se tem “o que existe é a harmonia e esta é a característica da ilha das Flores”.
“A experiência que faço aqui com os naturais e estas três famílias – duas belgas, uma francesa e outra alemã – é a expressão do que as Flores são: Um espaço que acolhe gente de todos os lados. Envelhece por um lado mas rejuvenesce por outro, demos graças a Deus por isso”, referiu D. Armando Esteves Domingues.
A Diocese de Angra explica que os migrantes começam a “contrabalançar os fenómenos de desertificação e envelhecimento da população” na ilha das Flores, acrescentam dinamismo à vida local; estrangeiros que se fixam na ponta mais ocidental da Europa, por causa da natureza, do acolhimento e da segurança.
Segundo os censos de 2021, residem na ilha das Flores, que tem 3249 habitantes, 207 estrangeiros dos cinco continentes, de 27 nacionalidades, com destaque para Alemanha, França, Bélgica, EUA e Brasil.
Os mais jovens destas famílias imigrantes – Israel, Finlândia, Alemanha, França, Ucrânia, China e Brasil – frequentam as aulas da disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica (EMRC) e não são todos católicos, há alunos ortodoxos, protestantes e judeus.
A Paróquia de Ponta Delgada, a terceira mais antiga da ilha das Flores (século XVI), que já foi uma das maiores do concelho de Santa Cruz das Flores, perde habitantes desde 1950, hoje são menos de 280 pessoas, sem jovens e sem escola; o bispo diocesano presidiu à Missa dominical, e falou de migração e do contributo dos imigrantes.
“O mundo mudou e hoje é móvel, tal como a Igreja é peregrina. Não estejamos instalados, procuremos caminhar todos juntos e adaptemo-nos aos tempos de hoje. Sejamos esta Igreja peregrina, que caminha, cada um com o seu dom, aproveitando o melhor que cada um quer e pode dar, cientes de que Deus é parceiro deste mundo em mobilidade”, disse D. Armando Esteves Domingues, no Dia Mundial do Migrante e Refugiado, que a Igreja Católica celebrou este domingo, dia 29 de setembro.
O bispo de Angra referiu que Portugal “é o que é devido à migração, desde o tempo dos Descobrimentos”, observou que “a mobilidade sempre foi apanágio da história dos Açores e da Igreja”, e assinalou que na equipa de padres das Flores, no ano pastoral 2024/2025, “haverá um imigrante, brasileiro, com uma espiritualidade muito bonita”.
CB/PR
Caroline e Gérôme, têm origem belga, de uma vila perto de Bruxelas, visitaram as Flores em férias e decidiram fixar-se na ilha onde estão a restaurar uma habitação em Ponta Delgada, uma das freguesias mais afastadas do concelho de Santa Cruz, o maior desta ilha. “Não somos alternativos; vivemos em família e achamos que aqui tínhamos o que necessitávamos para sermos felizes: fomos bem acolhidos, as pessoas são muito simpáticas, a natureza, que as nossas filhas adoram é muito diversificada, e nada disto tínhamos infelizmente onde vivíamos”, explicou Caroline, que participou no encontro na ‘Casa do Espírito Santo’. O casal tem três filhas pequenas, duas em idade escolar que, por agora, têm ensino doméstico, com uma tutoria da Escola de Santa Cruz, uma vez por mês. Gostamos deste sentido de vizinhança e de proximidade e é isso que procuramos”, “Para nós, que trabalhamos à distância, é mais fácil organizarmo-nos em família garantindo tempo para o ensino das nossas filhas, cuidar das obras de renovação da nossa casa e ter tempo para a família”, salientou. Caroline sublinha que foram “muito bem acolhidos” na ilha, onde sentiram-se “bem, em segurança e com tranquilidade desfrutar da família, viver em paz”, que, “infelizmente”, já não encontravam na França nem na Bélgica. |