ONU: «Futuro pacífico e próspero requer vontade política» para alcançar o desenvolvimento sustentável, diz secretário de Estado do Vaticano

Cardeal Pietro Parolin manifestou reservas sobre «Pacto para o Futuro», nomeadamente sobre os termos «saúde sexual e reprodutiva» e «direitos reprodutivos»

Foto: Vatican Media

Cidade do Vaticano, 24 set 2024 (Ecclesia) – O secretário de Estado do Vaticano está a participar na ‘Cimeira do Futuro’, na 79.ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), onde apelou à paz, eliminação da pobreza e regulamentação da inteligência artificial.

“Um futuro pacífico e próspero requer vontade política para utilizar todos os meios possíveis para alcançar o desenvolvimento sustentável: a reforma das instituições financeiras internacionais, a reestruturação da dívida e a implementação de estratégias de cancelamento da dívida”, disse o cardeal Pietro Parolin, esta segunda-feira, em Nova Iorque, nos Estados Unidos da América, citado pelo portal de notícias do Vaticano.

O secretário de Estado do Vaticano explicou que “a eliminação da pobreza” devia ser um objetivo prioritário e afirmou que “desenvolvimento é o nome da paz”, e a procura pela paz requer a “implementação de um desarmamento geral e, em particular, a eliminação total das armas nucleares”.

“Deixar de lado as restritas considerações geopolíticas e resistir aos fortes lobbies económicos para defender a dignidade humana e garantir um futuro em que todos os seres humanos possam desfrutar de um desenvolvimento integral, quer como indivíduos, quer como comunidades”, acrescentou.

Sobre a Inteligência Artificial (IA), o cardeal Pietro Parolin reafirmou que a Santa Sé “deseja um quadro regulamentar para a ética da IA”, como “a proteção de dados, a responsabilidade, os preconceitos e o impacto da IA no emprego”.

Lembrando as jovens gerações, o interveniente, um dos principais colaboradores do Papa Francisco, afirmou que “é um imperativo garantir” um futuro digno para todos, “assegurando as condições necessárias”, como um ambiente familiar acolhedor, “para facilitar a prosperidade”, e alertou para os desafios que resultam “da pobreza, conflitos, exploração e dependência”.

A Assembleia Geral da ONU adotou o ‘Pacto para o Futuro’, o Pacto Digital Global e a Declaração sobre Futuras Gerações, este domingo, dia 22 de setembro; para o secretário-geral da ONU, o português António Guterres, os documentos “resgatam o multilateralismo do abismo”.

O secretário de Estado do Vaticano disse que a Santa Sé reconhece o ‘Pacto para o Futuro’ mas com “reservas” sobre alguns conceitos, nomeadamente os termos “saúde sexual e reprodutiva” e “direitos reprodutivos”, e explicou ainda que “não considera o aborto ou o acesso ao aborto ou aos abortivos como uma dimensão destes termos”.

Segundo o cardeal Pietro Parolin, o atual contexto global parece que colocou o sistema multilateral em grave crise, como prova a “erosão da confiança entre as nações”, evidenciada pela crescente intensidade dos conflitos, e realçou que “esta Cúpula deveria ser fonte e motivo de esperança”, citando o Papa Francisco.

“Hoje, o sentido de pertença a uma única família humana está a desvanecer-se e o sonho de trabalhar juntos pela justiça e pela paz parece ultrapassado e utópico. Não é necessário que seja assim, se houver a vontade em empenhar-se num diálogo autêntico”, disse o cardeal italiano.

O secretário de Estado do Vaticano vai continuar a participar na Semana de Alto Nível 2024 das Nações Unidas, até ao dia 30 de setembro, onde preside à Missa comemorativa dos 60 anos da Santa Sé na ONU.

CB/OC

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Agência ECCLESIA

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