A Igreja Católica na Argentina advertiu ontem que a adesão à ALCA (Área de Livre Comércio das Américas) pode ter “consequências muito graves” se reflectir o “desequilíbrio de interesses e poderes” entre os países do continente americano. O Episcopado argentino indicou que a ALCA deve fundar-se no “respeito à soberania integral de cada Nação e na tutela da inviolabilidade dos direitos humanos”. Num documento intitulado “Diante dos desafios da ALCA”, os bispos afirmam que a iniciativa para derrubar as fronteiras comerciais continentais também deve ser um meio para consolidar “as estruturas democráticas e participativas” na região. A Conferência Episcopal Argentina, que na semana passada se reuniu em assembleia plenária, também reivindica que o Parlamento argentino abra um “amplo debate” sobre a ALCA, acompanhe de perto as negociações que estão a ser realizadas pelo governo e não se limite a “aprovar ou recusar o tratado, uma vez assinado”. A Igreja argentina alerta sobre a “excessiva desproporção das capacidades competitivas” entre os países americanos, “alguns com economias muito fortes e desenvolvidas e outros muito frágeis”. “Esse desequilíbrio de interesses e poderes poderia trazer consequências muito graves, especialmente em relação à identidade cultural, aos empregos e à própria subsistência das economias mais frágeis”, acrescentam os bispos. Em Setembro passado a Igreja argentina participou, no Uruguai, numa reunião na qual os bispos católicos dos países do MERCOSUL expressaram a sua preocupação pela negociação sobre a ALCA que, no seu parecer, “atenta contra a identidade cultural das populações”. A Área de Livre Comércio das Américas (ALCA), que estará em vigor a partir de 2005, foi uma iniciativa surgida na Cúpula das Américas, de 1994, realizada em Miami. O acordo abrangerá um mercado de 800 milhões de pessoas, com um PIB conjunto de 14 mil milhões de dólares. Notícias relacionadas • Bispos preocupados com a Área de Livre Comércio das Américas
