Alerta lançado no I Congresso da Pastoral Social, a decorrer em Fátima, com destaque para a questão dos cuidados continuados Os intervenientes do painel sobre «Cuidados Continuados» do I Congresso da Pastoral Social fizeram críticas à excessiva estatização e à falta de articulação entre o Estado e as instituições sociais que trabalham nesta área. A decorrer em Fátima até dia 11, neste congresso, com o tema «Intervir na Sociedade, Hoje! Memória e projecto», José da Costa Fernandes, presidente da Federação Instituições da Terceira Idade (FITI), acusou as “dificuldades” com que as organizações têm sido confrontadas, “decorrentes da gradual e consistente estatização da acção social e de nacionalização da solidariedade”. Manuel Caldas de Almeida, provedor da Misericórdia de Mora e administrador da Espírito Santo Saúde, apontou alguns problemas da rede nacional e cuidados continuados. Um deles é a plataforma informática com que o sistema funciona: “É um pesadelo. Demora-se uma hora a fazer a entrada de um doente”, criticou. Referindo-se ao “grande ganho que foi o aumento da esperança média de vida”, Caldas de Almeida afirmou que interessa agora “transformá-lo em ganho de esperança média de vida saudável”. Para isso, os cuidados continuados são essenciais. Costa Fernandes criticou também o que considera o “monopólio estatal” que se pretende instituir nos cuidados continuados. Ao mesmo tempo, reivindicou a participação das instituições particulares de solidariedade social (IPSS) na definição de orientações. Estas, acrescentou, “não podem ser meros destinatários de normativos e orientações, cuja legitimidade, razoabilidade, eficácia e suporte financeiro não lhes é permitido pôr em causa”. Ainda neste domínio, apontou, há um “claro desinvestimento do Estado” na política de cooperação. Lembrando que “as instituições sociais não acordaram hoje para as necessidades da terceira idade”, lamentou a duplicação de estruturas e as “sobreposições de actuação, em áreas geográficas cujas necessidades estão já cobertas pela iniciativa solidária”. Há uma “actuação isolada do Estado nestes domínios, contrária ao espírito de parceria”, acusou. Mas disse que “importa reforçar a articulação” entre o Estado e o sector social e que “as instituições do sector social consideram essencial melhorar as suas relações com o Estado”. O Pe. Vítor Feytor Pinto, antigo alto comissário para o combate à droga e responsável da Pastoral da Saúde da Igreja, fez uma intervenção a sublinhar a importância da espiritualidade no tratamento da doença. E perguntou se não seria possível converter lares e residências de idosos em unidades de cuidados continuados.