Papua-Nova Guiné: Papa destaca beleza do país e pede fim de divisões tribais

Milhares de pessoas acolheram Francisco na localidade de Vanimo, no noroeste do país, junto à fronteira com a província indonésia da ilha

 

Vanimo, Papua-Nova Guiné, 08 set 2024 (Ecclesia) – O Papa visitou hoje a localidade de Vanimo, no noroeste da Papua-Nova Guiné, onde foi recebido em festa por dezenas de milhares de pessoas, que convidou a superar todas as “divisões” entre si.

“Formaremos assim, cada vez mais, como uma grande orquestra, capaz, com as suas notas, de recompor rivalidades, de superar divisões – pessoais, familiares e tribais -; de banir do coração das pessoas o medo, a superstição e a magia; de pôr fim a comportamentos destrutivos como a violência, a infidelidade, a exploração, o uso do álcool e da droga”, referiu, na saudação aos membros da comunidade católica que se reuniram diante da Catedral da Santa Cruz.

Francisco deixou Porto Moresby, a capital, num avião da Força Aérea australiana para percorrer cerca de mil quilómetros até a uma cidade portuária predominantemente católica, junto à fronteira com a província indonésia da ilha.

Em Vanimo estão presentes vários missionários estrangeiros, entre os quais o padre argentino Martin Prado, há dez anos no país, um amigo de Francisco.

O Papa foi recebido com danças e cânticos tradicionais e pelo entusiasmo de milhares de pessoas nas ruas, tendo ouvido os testemunhos do bispo local, D. Francis Meli e dos testemunhos de uma catequista, de uma menina com deficiência acolhida por religiosas no Lar de Lujan, de uma religiosa e de um casal.

A intervenção, lida em italiano e traduzida para inglês, falou numa “terra maravilhosa, uma terra jovem e missionária”.

“As igrejas, as escolas, os hospitais e os centros missionários testemunham à nossa volta que Cristo veio trazer a salvação a todos, para que cada um possa florescer em toda a sua beleza para o bem comum”, referiu.

Vós aqui sois especialistas em beleza, porque estais rodeados de beleza! Viveis numa terra magnífica, rica numa grande variedade de plantas e de aves, onde se fica de boca aberta perante as cores, os sons e os aromas, perante o grande espetáculo da natureza cheia de vida”.

Francisco convidou todos a anunciar, “através do amor a Deus e aos irmãos”, a “beleza do Evangelho de Cristo”, agradecendo aos responsáveis que enfrentam longas viagens, para chegar até às comunidades mais distantes.

“Fazem uma coisa bonita, e é importante que não sejam deixados sozinhos, mas que toda a comunidade os apoie, para que possam cumprir o seu mandato com serenidade, sobretudo quando têm de conciliar as exigências da missão com as responsabilidades da família”, pediu.

O Papa destacou que o trabalho missionário deve ser feito “em casa, na escola, no local de trabalho”, para que “em todo o lado, nas florestas, nas aldeias e nas cidades, à beleza da paisagem corresponda a beleza de uma comunidade em que todos se amam”.

“Recordemos: o amor é mais forte do que tudo isso e a sua beleza pode curar o mundo, porque tem as suas raízes em Deus”, observou.

Francisco recebeu um colorido chapéu de penas, couro e pele, um símbolo de autoridade para as tribos locais.

Vanimo, conhecida pelas suas florestas de mangue e como destino de surf, é uma referência da cultura e tradições indígenas Aitape e Mamberamo.

Caros amigos, muitos turistas, depois de visitarem o vosso país, regressam a casa dizendo que viram o paraíso. Referem-se geralmente à paisagem e atrações naturais que apreciaram. Mas nós sabemos que esse não é o maior tesouro. Há um outro, mais belo e fascinante, que se encontra nos vossos corações e que se manifesta na caridade com que vos amais uns aos outros”.

 

Francisco deixou votos de que à beleza natural da Papua-Nova Guiné, conhecida pela “variedade de flora e fauna, pelas suas praias encantadoras e pelo seu mar límpido”, corresponda sempre uma população de “sorrisos contagiantes e alegria transbordante”.

Simbolicamente, antes do fim do encontro, o Papa ofereceu a Rosa de Ouro, colocada junto à imagem da Virgem Maria, ali venerada sob a invocação de Nossa Senhora de Luján, a padroeira da Argentina, terra natal de Francisco.

Fazendo o percurso entre a multidão, num carro de golfe, o Papa seguiu para o Colégio Humanista da Santíssima Trindade de Baro, uma aldeia situada a cerca de 6 km de Vanimo.

Francisco assistiu a um pequeno concerto da orquestra “Rainha do Paraíso”, com alunos desta escola, antes do encontro privado com os missionários que servem a comunidade local.

A visita prossegue esta segunda-feira, último dia de Francisco na Papua-Nova Guiné, num encontro com cerca de 20 mil jovens, no Estádio Sir John Guise, pelas 09h45 locais (00h45 em Lisboa), antes da cerimónia de despedida no aeroporto internacional e a partida para Díli.

A viagem mais longa do atual pontificado, que começou na Indonésia (3-6 de setembro), passa pela Papua-Nova Guiné (6-9 de setembro), Timor-Leste (9-11 de setembro) e Singapura (11-13 de setembro).

OC

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