Sacerdote do Algarve afirma que «não há cultura eucarística» e que é necessário fazer «um grande trabalho» nas comunidades
Lisboa, 06 set 2024 (Ecclesia) – O padre Carlos Aquino, que integra a delegação portuguesa ao Congresso Eucarístico Internacional 2024, que se vai realizar em Quito (Equador), lamentou hoje a falta de cultura eucarística” nas comunidades, realçando o “grande trabalho catequético, formativo, a fazer”.
“A maior parte das pessoas que participam hoje na Eucaristia, sinto isto a partir da minha própria realidade, são pessoas tocadas por algum mistério, mas muitas acorrem à Eucaristia unidas aos irmãos que já partiram, e portanto pelas intenções dos outros, para cumprir o preceito”, disse o sacerdote da Diocese do Algarve, esta sexta-feira, em entrevista à Agência ECCLESIA.
O padre Carlos Aquino acrescenta que as pessoas não vivem aquele momento “como um encontro profundíssimo com Jesus Cristo, acreditando na presença real de Cristo”, por isso, realça, “há um grande trabalho formativo a fazer, até para a participação”.
“Sinto muito que a comunidade está presente como assistente e não como participante, coenvolvida neste mistério de unidade e de comunhão, e a fazer memória deste grande mistério de amor de Deus, que nos deu um filho e que morre por nós para que tenhamos a vida. E há muito a fazer, na própria Eucaristia”, desenvolveu.
O 53.º Congresso Eucarístico Internacional (IEC) tem como tema «Fraternidade para curar o mundo. “Todos vós sois irmãos” (Mt 23,8)», e vai realizar-se na cidade de Quito, a capital do Equador (América Latina), a partir deste domingo, entre 8 e 15 de setembro.
“O tema da fraternidade, muito insistido pelo Papa Francisco, na verdade torna-se uma urgência nos tempos de hoje e também para a Igreja de hoje. E sempre que celebramos a Eucaristia, se não for nesta perspetiva também da fraternidade, em que nos sintamos irmãos a celebrar o encontro com o Senhor, na verdade fica tudo muito reduzido a pouca coisa. E esse é o grande mistério da própria Eucaristia.”
Neste sentido, o padre Carlos Aquino salienta a “experiência universal” de várias culturas, de vários povos unirem-se na celebração da Eucaristia, avivando essa realidade de que são irmãos e que, “só como irmãos, na verdade”, curarão “as feridas do mundo, que vêm pela violência, a indiferença, a xenofobia, os medos, as guerras, as convulsões”.
O sacerdote observou que quando concluem a Eucaristia e dizem, “ide em paz, o Senhor vos acompanha”, aquela Eucaristia não termina mas “faz-se depois na própria vida, na família, no trabalho, em casa, nas relações”.
O IEC 2024 vai ter 30 mil participantes de 53 delegações, incluindo Portugal, para o padre Carlos Aquino, com este encontro, na sua 53.ª edição, é possível fomentar mais a cultura eucarística, e destaca que no programa existem “momentos espirituais, de oração, de adoração, de encontro”.
“Geralmente, valoriza-se sempre muito não apenas a partilha de uma formação importante sobre a própria Eucaristia; a grande procissão eucarística que irá ser realizada na véspera da conclusão, e a partilha das experiências da fé vivida em cada povo, em cada cultura enriquece-nos tanto”, desenvolveu.
“Na verdade, são experiências onde sentimos muito uma outra presença da verdade da Igreja, mais próxima, mais acolhedora, inclusiva, aberta, alguma criatividade que é sempre diferente consoante as culturas e os povos, mas que depois se une naquilo que é essencial: A Eucaristia não pode ser um acessório na nossa vida cristã”, acrescentou o sacerdote algarvio, no Programa ECCLESIA, transmitido esta sexta-feira, dia 6 de setembro, na RTP2.
PR