D. António Juliasse sublinha destruição de várias estruturas da Igreja Católica, desde 2017
Lisboa, 23 ago 2024 (Ecclesia) – O bispo de Pemba, no norte de Moçambique, visitou comunidades atingidas por ataques terroristas, reivindicados por elementos que dizem pertencer ao Daesh (Estado Islâmico), sublinhando a destruição de várias estruturas da Igreja Católica, desde 2017.
“É grande a dor que sinto como pastor da diocese de não poder visitar todos os cristãos por causa da insegurança. As lideranças cristãs locais avisaram-me através dos sacerdotes que estão em Mueda da possibilidade de se chegar a algumas regiões. Parti e foi um momento único de receção calorosa, de alegria e de esperança”, relata o responsável católico, em mensagem divulgada hoje pela Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) e enviada à Agência ECCLESIA.
A fundação pontifícia precisa que o bispo de Pemba passou pelas localidades de Nangololo, Litingina, Imbuho, Chilinde, Mueda, “mais ao norte da docese e que mais têm sofrido ao longo dos últimos anos com a violência terrorista que tem fustigado a província de Cabo Delgado, desde outubro de 2017”.
“Ao longo destes quase sete anos, calcula-se que mais de cinco mil pessoas tenham sido mortas, havendo ainda cerca de 1 milhão de deslocados”, acrescenta a AIS.
A nota destaca o ataque contra a missão católica de Nangololo, a segunda mais antiga de toda a diocese, em 2020, que o bispo de Pemba visitou na sua última viagem à região.
“Conseguir rezar a Missa e administrar o sacramento de confirmação na comunidade cristã na sede da paróquia do Sagrado Coração de Jesus de Nangololo que celebra este ano, em novembro, o jubileu dos 100 anos desde a sua fundação. É uma paróquia que é fonte da evangelização da parte norte da nossa diocese, inicialmente pelos padres monfortinos mas depois chegaram outros missionários e diocesanos”, relata D. António Juliasse.
Em todos os lados, as Missas foram feitas assim, ao relento, ou ao lado dos escombros das igrejas destruídas, vandalizadas, como foi o caso de Nangololo. É uma dor muito grande ver edifícios destruídos, edifícios que, durante tanto tempo, foram expressivos para a fé das pessoas, de tantas pessoas, e que agora não resta grande coisa senão destroços”.
D. António Juliasse assume que “em todo o lado prevalece o medo e a incerteza sobre o futuro”.
“O sofrimento ainda é grande. São ainda muitos os campos de deslocados que se mantêm ativos por aqueles lados. Mas, infelizmente, com menos assistência humanitária por estes dias”, lamenta.
O responsável católico alerta ainda para o problema da fome, porque “as pessoas não produzem o suficiente e também os outros serviços não funcionam adequadamente”.
A mensagem conclui-se com um agradecimento à solidariedade que a Fundação AIS tem manifestado para com a Igreja de Pemba.
A AIS aprovou recentemente um pacote de apoio assistencial para a Diocese de Pemba que inclui os deslocados internos, subsistência para 60 religiosas e 17 padres, e auxílio à formação de 48 seminaristas, bem como projetos relacionados com a assistência espiritual às vítimas do terrorismo e programas de evangelização via rádio.
OC