Aurélia Silva e familiares têm relação “forte” com a Igreja e preservam tradições de peregrinações e procissões no país onde residem
Fátima, 10 ago 2024 (Ecclesia) – Aurélia Silva emigrou pela primeira vez para o Canadá há 34 anos, mas nem por isso perdeu ligação com Fátima, onde estão as suas raízes e onde regressa sempre todos os anos.
“Logo nos primeiros dias [de regresso a Portugal] é a visita ao santuário e a velinha à Nossa Senhora. Aliás, a minha filha, assim que chegou, foi uma das primeiras coisas que fez, foi ir ao santuário e agradecer à Nossa Senhora todas as bênçãos que temos tido. Tanto aqui como lá fora”, afirmou a emigrante portuguesa, em declarações à Agência ECCLESIA.
A decisão de partir para o Canadá foi tomada depois de casar com o marido, que já lá vivia, tendo regressado a Portugal 11 anos depois, o mesmo período que ficou em território luso antes de partir de novo para o país da América do Norte.
Nos primeiros anos no Canadá, Aurélia e a família frequentavam a igreja de Nossa Senhora de Fátima, todos os domingos, onde a filha andou na catequese, até que mudaram para uma localidade próxima.
“Temos uma ligação muito forte com a Igreja. Participamos nos eventos da igreja. Fazemos as peregrinações, as procissões, principalmente dia 12 e 13 de maio. Em Vancouver, as autoridades até nos deixam fechar as estradas para fazermos as procissões com as velas”, refere.
Apesar da distância, pequenos pormenores continuam a ligar Aurélia Silva ao lugar onde cresceu.
A entrevistada é diretora de uma escola portuguesa em Vancouver, com o nome Nossa Senhora de Fátima, onde há 12 anos é educadora de infância, e é professora de português aos fins de semana.
A emigrante considera que o estabelecimento de ensino tem uma importância “muito grande” para manter as raízes portuguesas.
“Nós não queremos deixar morrer a nossa língua e cultura. Os miúdos já têm tantas atividades, não é? O ballet, a bola… Mas os pais continuam a fazer aquela pressão e os avós para que as crianças continuem a aprender e poderem comunicar com a família quando vêm a Portugal. Aliás, nós temos crianças, neste momento, que já são netos dos primeiros alunos que a escola teve”, conta.
Aurélia Silva não é a primeira pessoa da família a emigrar; o pais também partiram para França em busca de uma vida melhor.
O pai José Pereira tinha 24 anos quando foi trabalhar para Paris na construção civil, onde esteve 40 anos.
“Eu regressei aqui em 1982. A minha mulher gostava muito de vir para Portugal e trazer as filhas para Portugal, e então eu resolvi vir e fiz-lhe a vontade, viemos. E depois tive aqui um ano, mas isto não estava a correr bem, ela ficou aqui com as filhas e eu voltei para a França. Estive lá algum tempo sozinho”, relata, acrescentando que ficou no país até à idade da reforma.
Agora é a vez de José Pereira ver as filhas e netas a emigrarem.
“Estão felizes, estão contentes e é isso que é importante. E mesmo assim, não esquecem o nosso cantinho. Não esquecem Fátima”, sublinha.
Após umas semanas de férias em Portugal, Aurélia Silva confessa que vai “com o coração cheio para o Canadá”.
“Penso que, ainda antes de sair, já tenho aquela saudade. Ainda eu não regressei ao Canadá, mas já estou a pensar na próxima viagem. Já estou a pensar que vai ser um ano cheio de saudades. Mas como venho todos os anos, é um bocadinho mais fácil. Por vezes consigo vir duas vezes por ano e ajuda um bocadinho”, assinala.
A Peregrinação Internacional Aniversária de agosto, que faz memória da quarta aparição de Nossa Senhora aos Três Pastorinhos, realiza-se nos dias 12 e 13 de agosto e integra a Peregrinação Nacional dos Migrantes, no âmbito da 52.ª Semana Nacional das Migrações.
O programa 70×7 deste domingo, transmitido na RTP2, vai ser dedicado a Fátima no mundo e histórias de emigrantes.
HM/LJ