A cruz escondida

No meio da selva na Índia, sacerdote agradece ajuda da Fundação AIS

Um padre sem medo

Na ilha de Andaman, no meio do Oceano Índico, a Igreja procura estar presente junto dos fiéis, mesmo os que vivem em pequenas localidades escondidas no meio da selva. Chegar até lá, às suas aldeias, é um desafio difícil, por vezes mesmo perigoso, mas nada disso mete medo a Santosh Kumar. Ele é um jovem sacerdote, foi ordenado há pouco tempo, a 12 de Maio, e praticamente toda a sua história de fé, desde que entrou no seminário, está ligada à Fundação AIS. E faz questão de agradecer toda essa ajuda.

A Diocese de Port Blair fica situada no meio do Oceano Índico, perto da Baía de Bengala, e é composta por uma quase infinidade de ilhas. São 350 e numa delas, a de Andamão Norte, está um jovem cuja vida, cuja história de fé tem uma ligação profunda com a Fundação AIS. Santosh Kumar descobriu que queria ser sacerdote quando o pai estava já gravemente doente com cancro. “Rezei a Deus e a minha vida começou a mudar”, explica. A recuperação do pai foi como um sinal. “Na minha diocese há poucos sacerdotes, mas ao observar como trabalham em favor da população, descobri a sede de Cristo nas pessoas e a sua necessidade da Missa e dos outros sacramentos”, diz à Fundação AIS. E foi assim que tudo começou. O seu percurso tem sido apoiado pela Ajuda à Igreja que Sofre desde o princípio, desde os tempos de seminarista. Ele foi mesmo o primeiro seminarista da diocese de Port Blair a receber apoio para a sua formação. No conjunto, em cada ano, a AIS auxilia cerca de 11 mil jovens no percurso para o sacerdócio. Kumar foi um deles. E agora, desde o dia 12 de Maio, com a sua ordenação por D. Visuvasam Selvaraj, ele é também um dos milhares de sacerdotes cujo ministério é sustentado graças à generosidade dos benfeitores da fundação pontifícia. E Kumar aproveita todas as ocasiões para agradecer tudo isso. “Obrigado à Ajuda à Igreja que Sofre e a todos os vossos benfeitores pelo apoio que me deram no meu caminho para o sacerdócio”, diz.

Viagens perigosas no meio da selva

Mas a ligação de Santosh Kumar à Fundação AIS não se esgota aqui. Agora, como sacerdote, mas já ainda antes da sua ordenação, quando era apenas diácono, grande parte das horas do dia eram preenchidas em viagens por vezes muito perigosas, no meio da selva, ao encontro dos fiéis da sua paróquia de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, em Kalpahad, fiéis que vivem nas zonas mais remotas, em minúsculas aldeias ou apenas casas encravadas no verde denso da região. Por lá, tudo é difícil. Por vezes não há sequer estradas mas apenas caminhos que só se podem percorrer a pé ou de motocicleta. Por isso, Santosh Kumar sente-se também agradecido e até privilegiado por poder usufruir de uma pequena motorizada que a Fundação AIS entregou à sua diocese. É assim que ele se faz ao caminho, atravessando a selva, praticamente todos os dias, para estar junto dos que vivem nesses lugares onde falta quase tudo, onde não há electricidade, nem internet, e onde a própria água é escassa. Mas onde vivem pessoas que recebem de braços abertos o seu pároco e que ficam felizes quando se apercebem à distância, pelo roncar do motor da motorizada, que ele está quase a chegar. “A motocicleta é muito útil porque sem ela não poderíamos cumprir a nossa missão e visitar aldeias que ficam a 10, 20 ou até 30 quilómetros de distância”, explica. Mas mesmo que tivesse de ir a pé, nunca deixaria de fazer o caminho, nunca deixaria de se aventurar pelo meio da selva ao encontro dos seus fiéis. “É uma luta aceder às zonas remotas e ter que atravessar a selva, mas nós pensamos nas pessoas que vivem nesses lugares e que vêm à missa, e isso dá-nos forças para seguir em frente. Quando vamos a essas capelas nunca as encontramos vazias: ali têm sede da eucaristia e da oração, diz. Santosh Kumar é apenas um dos milhares de sacerdotes que, em todo o mundo, cumprem com a sua missão na Igreja também graças à ajuda dos benfeitores da Fundação AIS, nomeadamente através dos Estipêndios de Missa que eles mandam celebrar todos os dias. No ano passado, foram 40.767 sacerdotes. Desde o dia 12 de Maio, há mais um. É Santosh Kumar, o jovem sacerdote que descobriu a vocação rezando pela vida do seu pai, gravemente doente com cancro…

Paulo Aido 

 

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Agência ECCLESIA

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