Conferencista afirmou que «o assombro que nasce da contemplação implica silêncio»
Fátima, 23 jul 2024 (Ecclesia) – Isabel Alçada Cardoso, do Patriarcado de Lisboa, apresentou a conferência ‘A liturgia, Espiritualidade encarnada: da contemplação ao assombro’, no primeiro dia do Encontro Nacional de Pastoral Litúrgica (ENPL) 2024, esta segunda-feira, no Santuário de Fátima.
“A espiritualidade cristã, a vida no Espírito, não nos afasta do mundo, mas insere-nos nele, tal como Cristo, ao encarnar, abraçou todo o mundo e a história”, disse a oradora, lê-se na conferência enviada à Agência ECCLESIA, pelo Secretariado Nacional de Liturgia (SNL), que promove o ENPL.
‘A liturgia, escola de oração’ é o tema do Encontro Nacional de Pastoral Litúrgica 2024, a 48.ª edição que quer ser “uma preparação” para o Jubileu 2025, explicou o SNL, da Comissão Episcopal da Liturgia e Espiritualidade da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP).
Isabel Alçada Cardoso refletiu sobre o tema ‘A liturgia, Espiritualidade encarnada: da contemplação ao assombro’, que dividiu em três partes: a espiritualidade cristã; a liturgia, espiritualidade encarnada; da contemplação ao assombro.
Sobre a primeira parte – a espiritualidade cristã – explicou que as “principais fontes” encontram-se no Novo Testamento “(séc. I e inícios do século II)” e os seus elementos podem resumir-se a cinco pontos: “O Reino de Deus como meta da espiritualidade; a morte e a ressurreição do Senhor Jesus como acontecimento central; as ações adequadas (oração, moral, etc.) como resposta à mensagem de Jesus sobre o Reino de Deus”.
A conferencista, que também integra a equipa organizadora do 48.º ENPL, explicou ainda que os escritos do Novo Testamento convidam os cristãos, “de todos os tempos e em todas as circunstâncias”, a viver uma “espiritualidade fiel à Tradição bíblica e atenta às necessidades de todas as pessoas”.
Sobre a segunda parte do tema geral da conferência – a liturgia, espiritualidade encarnada – Isabel Alçada Cardoso referiu que a espiritualidade litúrgica “é a atitude do cristão que assenta a sua vida – toda a sua vida humana conscientemente vivida – sobre o exercício autêntico da liturgia”.
“A espiritualidade litúrgica é, pois, aquela atitude cristã global com a qual se reconhece a realidade eminente da liturgia e nela se vê a fonte e o ápice da vida cristã ao longo da peregrinação rumo à realização no reino eterno de Deus”, acrescentou, recordando na sua intervenção, por exemplo, o Movimento Litúrgico.
A coordenadora Serviço de Arquitetura e Artes para a Liturgia do SNL explicou que “o silêncio, a contemplação, o assombro estão intimamente ligados à beleza, à verdade e à bondade”, citando o Papa Bento XVI, na ‘Sacramentum caritatis’, a Exortação Apostólica Pós-Sinodal sobre a Eucaristia (2007).
Na reflexão sobre a terceira parte do tema ‘A liturgia, Espiritualidade encarnada: da contemplação ao assombro’, – da contemplação ao assombro – Isabel Alçada Cardoso afirmou que celebrar com beleza “é colocar-se numa atitude eclesial que facilita a participação no Mistério, favorecendo uma verdadeira experiência mística”.
O Secretariado Nacional de Liturgia propõe aos participantes do 48.º ENPL, para além das conferências – padre João Paulo Henriques, da Diocese de Aveiro, reflete sobre ‘Atitudes, gestos e movimentos: o corpo simbólico’, e da Diocese do Porto, o padre João da Silva Peixoto, ‘A formação litúrgica: tarefa permanente’; o monge beneditino (OSB) brasileiro, padre Ruberval Monteiro da Silva, do Instituto Santo Anselmo, em Roma, vai falar sobre ‘Feliz o povo que sabe aclamar-Vos: a aptidão simbólica’, no Salão do Bom Pastor, do Centro Pastoral Paulo VI (Fátima) -momentos específicos de formação por grupos: para padres; acólitos; leitores, catequistas, e para os músicos.
CB/OC