Arcebispo de Braga disse que «avós que têm grandes famílias mas que vivem sem família» e experimentam a solidão. O Arcebispo de Braga reconheceu ontem à tarde, na basílica dos Congregados, que «a Igreja e a sociedade estão em dívida com os avós». D. Jorge Ortiga presidiu à celebração eucarística que encerrou a comemoração – antecipada– do Dia dos Avós, organizada pelo Conselho Municipal dos Reformados, Pensionistas e Idosos. Na Missa, participada por centenas de pessoas, especialmente idosos, o prelado referiu-se aos «avós que têm grandes famílias mas que vivem sem família», dizendo que estes «experimentam diariamente a solidão e o sofrimento do abandono». Falou também sobre os avós que estão em estado de viuvez, dizendo que, desde sempre, a Igreja sentiu uma «predilecção» por estas pessoas. Para D. Jorge Ortiga, «a situação destes avós viúvos ainda é mais triste e solitária», e como tal essas pessoas devem «encontrar um motivo para viver». Aos presentes que encheram a basílica dos Congregados, o Arcebispo Primaz pediu, especialmente àqueles que são avós, que encontrem um sentido para a vida, numa fase em que «há o risco de se pensar que a vida já não tem sentido nem significado». E afirmou com insistência que «a vida tem sempre significado» e que deve ser «readquirido constantemente o entusiasmo de viver». Falando a partir das leituras da festa de S. Tiago, mas com os olhos postos na celebração de S. Joaquim e Santa Ana – que decorre hoje –, o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa pediu que «de mãos dadas a Igreja e a sociedade» saibam acolher, acompanhar e amar os mais idosos. Criar condições físicas para que vivam a velhice em paz será sempre importante, mas mais importante que isso é a dedicação e a gratidão àqueles que são a memória do mundo. No final da Missa, foi distribuída aos presentes uma pequena lembrança do Dia dos Avós – uma rosa vermelha e uma pequena pagela com alguns pensamentos sobre a efeméride. Chuva obrigou idosos a abrigarem-se em tendas A chuva miudinha que ontem à tarde caiu em Braga obrigou os idosos a abrigarem-se em tendas colocadas para esse efeito. A ameaça de mau tempo – que se concretizou – quase obrigou o Conselho Municipal dos Reformados, Pensionistas e Idosos a anular a comemoração. Alfredo Cardoso disse ao Diário do Minho que, durante a manhã de ontem, ainda ponderou suspender as comemorações, mas porque «os reformados instituídos precisam de motivos para poderem sair à rua», e porque era necessário homenagear os idosos, a comemoração decorreu à mesma. A organização tratou, por isso, de colocar, «à última hora», duas tendas em frente ao palco da Avenida Central, onde durante a tarde se abrigaram algumas dezenas de idosos provenientes de algumas instituições da cidade. A celebração acabou por não contar, tanto quanto o desejado pelos organizadores, com a interacção dos avós e dos netos. Contudo, essa interacção conseguiu-se, sobretudo, na preparação e execução de um concurso de anedotas, a partir do lema “Rir faz bem à saúde”. Este concurso foi participado por centenas de idosos e de crianças. No conjunto, foram apresentadas cerca de 720 anedotas. O grande vencedor do concurso, «pelo espírito», foi o Patronato de São Pedro de Maximinos. O Movimento Vida Ascendente e o Lar Conde de Agrolongo receberam o primeiro prémio relativo às anedotas, seguindo-se a Associação de São Pedro d’Este e a Casa do Povo de Tadim. Aos restantes participantes foram entregues menções honrosas. O regulamento permitia que cada instituição pudesse participar com três trabalhos, embora cada um dos utentes da instituição podia participar com as que bem entendesse. As regras eram simples e, nas anedotas, «não eram permitidas obscenidades». Durante a tarde, actuou o Grupo de Cavaquinhos da Universidade Minhota do Autodidacta para a Terceira Idade (UMATI) e um grupo de instrumentistas com concertina e acordeão, que animaram, quanto possível, os presentes.