A fé que faz viver
“Deus criou o homem para ser incorruptível e fê-lo à imagem da sua própria natureza”, diz a primeira leitura do 13.º domingo do tempo comum. Deus ama a vida! Pelo seu Filho, salva-nos da morte: eis porque Lhe damos graças em cada Eucaristia. Na sua vida terrena, Jesus sempre defendeu a vida. O Evangelho de hoje relata-nos dois episódios que assinalam a defesa da vida: Ele cura, Ele levanta. Ele torna livres todas as pessoas, dá-lhes toda a dignidade e capacidade para viver plenamente na alegria e na fé.
As duas mulheres que beneficiam das ações de Jesus no Evangelho de hoje têm isto em comum: a primeira estava doente desde os 12 anos e a jovem filha morreu aos 12 anos, a idade em que se devia tornar mulher. No povo de Israel, o percurso destas duas mulheres era sinal de fracasso. Uma estava atingida na sua fecundidade: perdia o seu sangue, princípio de vida na mentalidade semítica. A outra perdia a vida, precisamente na idade em que se preparava para a transmitir, pois era tradição casar-se muito cedo. Cristo cura as duas mulheres e permite-lhes assim assumir a sua vocação maternal.
Estas duas mulheres representam a Igreja, na sua vocação maternal de dar e de alimentar a vida em Cristo. As alusões aos santos mistérios da Igreja orientam a compreensão do relato: Jairo pede a Jesus para impor as mãos, para salvar e dar a vida à sua filha. Ora, toda a preparação para o Batismo está sinalizada pela imposição das mãos. Jesus levanta a jovem, tomando-a pela mão, como o diácono fazia sair da água o batizado, tomando-o pela mão, para que fosse desperto para a vida em Deus. Jesus pede, de seguida, que se dê de comer a esta jovem ressuscitada da morte: é uma alusão à Eucaristia que se segue ao Batismo.
Uma vida que é adesão na fé à Pessoa de Jesus Cristo. Uma fé que faz acolher a ação de Jesus e que transforma a mulher; a jovem levanta-se curada, as testemunhas ficam abaladas; Jesus é reconhecido por aqueles que acreditam.
No meio da multidão, Jesus está atento a cada pessoa concreta, manifesta uma disponibilidade extraordinária, está extremamente atento à sua presença. Ninguém fica anónimo aos olhos de Jesus, que está habitado pelo amor de Deus para com os seus filhos. No Coração do Pai, Jesus é capaz de uma atenção extrema a cada ser humano, sem exceção.
A atenção ao outro começa por fazer silêncio em mim para melhor escutar Jesus, a sua Palavra; continua por ter tempo para a oração interior, para aprofundar o meu silêncio interior, que escuta e ama; continua ainda por cuidar dos outros com o mesmo olhar e gestos de Cristo em quem acredito. Que assim seja ao longo desta semana!
Manuel Barbosa, scj
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