«Igreja deve trabalhar com todos que estão dispostos a fazer algo bonito e bom para todos» – Cardeal Pierbattista Pizzaballa
Cidade do Vaticano, 26 jun 2024 (Ecclesia) – O patriarca latino de Jerusalém alertou para a destruição “total” da cidade de Gaza, assumindo que o objetivo da Igreja Católica é trabalhar com todos, em favor da paz.
“Destruição total. A cidade de Gaza está totalmente destruída, portanto, há muitas vítimas. É difícil dar números, mas são muitas, as vítimas civis são sempre muitíssimas”, disse o cardeal Pierbattista Pizzaballa, ao portal de notícias do Vaticano.
O patriarca latino de Jerusalém explica que “o momento é muito doloroso”, considerando que o conflito entre Israel e o Hamas é “uma noite muito longa”, para a população.
“Também sabemos que as noites terminam. Este é o momento em que a Igreja deve trabalhar com todos aqueles que estão dispostos a fazer algo bonito e bom para todos”, acrescentou.
Quando todos erguem barreiras uns contra os outros, a Igreja deve continuar a manter sua mão sempre estendida para o outro. Essa é a nossa tarefa que deriva de nossa experiência de fé, é o que somos chamados a fazer neste momento”.
O cardeal italiano explica que o Patriarcado Latino está a trabalhar para levar ajuda humanitária a Gaza e já hoje “deveriam entrar algumas toneladas de alimentos e produtos de primeira necessidade”, onde “há mais de dois milhões de pessoas”.
“A situação voltou a ser um pouco complicada: há falta de carne, por exemplo, a água é problemática e, em geral, a situação continua muito deteriorada e é muito difícil ver uma saída. Não me parece que as negociações estejam levando a nada e que haja um desejo real por parte das partes de chegar a uma conclusão”, explicou.
Neste sentido, o religioso franciscano afirma que as “perspetivas não são exatamente animadoras”, observando que “a frente libanesa também “está a tornar-se cada vez mais quente”.
Segundo o cardeal, “ninguém quer a guerra, mas ninguém parece ser capaz de impedi-la, e esse é o problema”, apesar das oposições internas em Israel ou no Líbano, quanto ao conflito.
“Fazer a paz e chegar a perspetivas políticas mais sérias certamente levará muito tempo. A comunidade internacional deve encontrar uma maneira de fazer com que Israel e o Hamas parem o conflito e cheguem a um cessar-fogo”, acrescentou, observando que as eleições norte-americanas (5 de novembro de 2024) “terão influência”, mas as soluções “devem ser encontradas in loco, entre Israel e o Hamas”.
D. Pierbattista Pizzaballa lembra também que os cristãos “não são um povo separado” e vivem o que todos vivem, a situação na Cisjordânia “também é muito problemática, principalmente do ponto de vista económico”, e as perspetivas de emigração são “cada vez mais atraentes, infelizmente, especialmente para os cristãos”.
A guerra em Gaza começou com um ataque do grupo Hamas a Israel, a 7 de outubro de 2023, provocando a morte de 1200 pessoas e mais de duas centenas de reféns, de acordo com as autoridades israelitas; desde esse dia morreram 37 598 pessoas na Faixa de Gaza e 86032 feridos no território palestino, contabiliza o Ministério da Saúde do Hamas.
CB/OC