Igreja/Ciência: «Criação e Big Bang são duas realidades distintas» – Francisco

Francisco evocou exemplo de Georges Lemaître, padre que propôs teoria sobre origem do universo

Cidade do Vaticano, 20 jun 2024 (Ecclesia) – O Papa evocou hoje no Vaticano o padre George Lemaître (1894-1966), “um sacerdote e um cientista exemplar”, que propôs a teoria do ‘Big Bang’, sobre a origem do universo.

“O seu caminho de fé leva-o a perceber que a criação e o Big Bang são duas realidades distintas, e que o Deus em que acredita não pode ser um objeto facilmente classificável pela razão humana, mas é o Deus escondido, que permanece sempre numa dimensão de mistério, não totalmente compreensível”, declarou, numa audiência a membros do Observatório Astronómico do Vaticano.

O organismo promove, de 16 a 21 de junho, a conferência sobre o tema “Buracos negros, ondas gravitacionais e singularidades do espaço-tempo”, em homenagem a Lemaître.

As suas experiências humanas e as elaborações espirituais subsequentes levam-no a compreender que a ciência e a fé seguem dois caminhos diferentes e paralelos, entre os quais não há conflito. Pelo contrário, estes caminhos podem harmonizar-se entre si, porque tanto a ciência como a fé, para um crente, têm a mesma matriz na Verdade absoluta de Deus”.

Num discurso divulgado pelo Vaticano, o Papa recordou que o “valor científico” do padre e cosmólogo belga Georges Lemaître foi ainda mais reconhecido pela União Astronómica Internacional, a qual “decidiu que a conhecida lei de Hubble deveria ser mais corretamente designada por lei de Hubble-Lemaître”.

A intervenção sublinhou que a Igreja Católica acompanha as questões colocadas pela investigação científica em cosmologia, com “relevância particular para a teologia, a filosofia, a ciência e também para a vida espiritual”.

“O início do universo, a sua evolução final, a estrutura profunda do espaço e do tempo confrontam o ser humano com uma procura frenética de sentido, num vasto cenário onde corre o risco de se perder”, observou.

Francisco deixou votos de que fé e ciência possam “unir-se na caridade”, pedindo que a ciência seja colocada ao serviço das pessoas “e não distorcida em seu detrimento ou mesmo na sua destruição”.

“Encorajo-vos a ir às periferias do conhecimento humano: é aí que podemos experimentar Deus Amor, que satisfaz e sacia a sede dos nossos corações”, apelou.

Em março deste ano foi anunciado que o padre jesuíta Gabriele Gionti e o padre Matteo Galaverni, da diocese italiana de Reggio Emilia-Guastalla, cosmólogos do Observatório do Vaticano que, “fizeram novos progressos no desenvolvimento de um novo método matemático para compreender o Big Bang”.

OC

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Agência ECCLESIA

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