«Realizar o ser humano» e «promover a liberdade» vão ser temas em reflexão em colóquio sobre desporto
Lisboa, 20 jun 2024 (Ecclesia) – A Cátedra Manuel Sérgio (UCP-CITER) promove esta quinta-feira, dia 20 de junho, o IV Colóquio ‘Desporto, Ética e Transcendência’, no contexto dos 50 anos do ‘25 de Abril’, com o tema ‘Desporto, liberdade e democracia’, em regime presencial e online.
“Este ano o colóquio é realmente dedicado à liberdade e à democracia, tendo em conta os 50 anos do 25 de abril, a ideia é trazemos um conjunto de peritos que nos ajudem a fazer esta ponte: Como é que o desporto pode ajudar a realizar o ser humano, como é que pode promover a liberdade”, disse o coordenador do Plano Nacional de Ética no Desporto (PNED) de Portugal, em entrevista à Agência ECCLESIA.
José Carlos Lima destacou outros tópicos que querem aprofundar na quarta edição do Colóquio ‘Desporto, Ética e Transcendência’, nomeadamente como é que o desporto também é fonte de alienação do ser humano, ou seja, como é que é “fonte de prisão de certa forma”, porque, acrescenta, o desporto é “fonte de valores, que ajudam o ser humano a ser livre, a se realizar, mas também têm outras dimensões mais negativas”, que “tanto limitam essa liberdade”.
O IV colóquio ‘Desporto, Ética e Transcendência’, intitulado ‘Desporto, liberdade e democracia’, associa-se ao espírito de comemoração dos 50 anos da Revolução do Cravos, para propor um itinerário formativo centrado nas correlações entre o desporto e os princípios e valores da liberdade e da democracia.
O colóquio é coordenado cientificamente pela Cátedra Manuel Sérgio, do Centro de Investigação em Teologia e Estudos de Religião (UCP-CITER), e patrocinado pelo Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ); vai realizar-se numa modalidade híbrida (presencial e online) das 09h30 às18h00.
Em 2019, na UCP, foi instituída a Cátedra «Manuel Sérgio – Desporto, Ética e Transcendência», que é apoiada pelo IPDJ, e tem “um pouco” a missão de olhar o desporto de “um prisma diferente”, explica o entrevistado.
“Muitas vezes, as Universidades, a Academia em Portugal, e não só, olha para o desporto como fenómeno humano, a dimensão da performance, da alta competição, dos números, da saúde, e não tanto numa perspetiva que é refletir um fenómeno mais sociológico, mais antropológico e também teológico”, acrescentou.
José Carlos Lima salienta, sobre a pedagogia do desporto, ser um instrumento para as famílias, para os clubes, para a sociedade, para a própria escola, “ser um recurso de inclusão”, a sua “linguagem universal”, onde todos podem jogar, “também as diferentes culturas, as diferentes religiões”.
Há aqui uma base comum que realmente promove o tal diálogo de que se podem juntar no mesmo campo e no mesmo ringue um conjunto diversificado de pessoas e atletas com culturas diferentes nesse sentido de promoção do ser humano, de um conjunto de valores para a formação do caráter”.
O coordenador do PNED salienta que o desporto, quando é bem-intencionado, quando é bem orientado, “é um instrumento fantástico para a pedagogia dos valores e a formação do caráter”, e lembrou o seu ‘cartão branco’, um instrumento que “premeia os gestos positivos que há no desporto, em vez do vermelho e do amarelo”.
O Plano Nacional de Ética no Desporto, uma iniciativa governamental no Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ) desde 2012, explica o seu coordenador, “é um plano preventivo”, que vai às escolas, aos clubes, que dinamiza “muitas ações de formação” e produz recursos pedagógicos.
O entrevistado lembrou Congresso Internacional sobre Desporto e Espiritualidade (16 a 18 de maio), realizado no Vaticano; o Papa enviou uma mensagem ao evento organizado pelo Dicastério para a Cultura e a Educação, do cardeal português D. José Tolentino Mendonça, e pela Embaixada de França junto da Santa Sé; e o documento ‘Dar o melhor de si – documento sobre a perspetiva cristã do desporto e da pessoa humana’, de 2018; Francisco saudou o primeiro documento da Santa Sé sobre a prática desportiva.
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