Nota Pastoral da Conferência Episcopal Portuguesa por ocasião do EURO 2004 “O Desporto ao serviço da construção da pessoa e do encontro dos povos” Nota Pastoral da Conferência Episcopal Portuguesa por ocasião do EURO 2004 INTRODUÇÃO 1. Entre 12 de Junho e 04 de Julho de 2004, decorrerá em várias cidades de Portugal o Campeonato Europeu de Futebol, competição promovida pela União das Federações Europeias de Futebol. Dezasseis equipas nacionais de vários países da Europa competirão pelo título de Campeão Europeu de Futebol. Tal circunstância deverá ser uma oportunidade para redescobrirmos a importância do desporto na formação do homem integral. Pode ser, também, uma ocasião oportuna para repensarmos alguns aspectos menos positivos que hoje estão ligados à prática desportiva e que têm contribuído para que o “jogo” tenha perdido o seu carácter de festa, de divertimento saudável e de encontro fraterno. O ano de 2004 será também, por decisão do Parlamento Europeu, Ano Europeu da Educação pelo Desporto. Os promotores da iniciativa pretendem dar consistência e visibilidade às possibilidades de cooperação entre o mundo desportivo e o mundo educativo, a fim de sublinhar a importância do desporto enquanto instrumento de educação. O ano de 2004 será, ainda, o ano dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de Atenas. Estes jogos, momento especial de encontro de culturas, de partilha de valores, de são convívio e de festa universal, constituirão mais uma oportunidade para reforçar e promover os valores desportivos. 2.A Igreja está no mundo e interessa-se por tudo aquilo que é verdadeiramente humano. Ora o desporto, “a actividade secundária mais bela do mundo” , é um instrumento importante para a construção do homem integral e para a edificação de uma sociedade mais fraterna e solidária. Expressão do apreço da Igreja pelo desporto é o facto de, no contexto do Grande Jubileu do ano 2000, o Papa João Paulo II ter querido celebrar o Jubileu dos Desportistas. Sob o significativo tema “No tempo do Jubileu: o rosto e a alma do desporto”, o evento reuniu em Roma um número considerável de intervenientes no fenómeno desportivo. Na homilia da Eucaristia do Jubileu dos Desportistas, celebrada no Estádio Olímpico de Roma, o Papa agradeceu a Deus pelo dom do desporto, “em que o homem exercita o próprio corpo, inteligência e vontade, reconhecendo nestas suas capacidades outras tantas dádivas do seu Criador”; reconheceu no desporto “um dos fenómenos típicos da modernidade”, um “sinal dos tempos capaz de interpretar as novas exigências e as renovadas expectativas da humanidade; sublinhou o papel do desporto no cultivo de “valores relevantes como a lealdade, a perseverança, a amizade, a partilha e a solidariedade”; pediu aos desportistas que façam do desporto uma ocasião de encontro e de diálogo, para além de toda a barreira de língua, de raça e de cultura”; exortou os atletas, dirigentes e outros agentes desportivos a aproveitar a oportunidade para um exame de consciência, destinado a “relevar e promover os inúmeros aspectos positivos do desporto” e a compreender também “as várias situações transgressivas às quais ele pode ceder”, de forma que o desporto “corresponda, sem se desnaturar, às exigências dos homens do nosso tempo” . 3.Os Bispos portugueses, julgam útil chamar a atenção, não só dos cristãos, mas de todos os homens de boa vontade, para a importância do desporto e dos valores que ele afirma e potencia, a fim de que o fenómeno desportivo possa corresponder à sua vocação de formação e de valorização do homem integral, não só como indivíduo, mas também como membro pleno da grande família humana. I.O DESPORTO E A PESSOA HUMANA 4. O “jogo” é uma das expressões mais profundas do ser humano e tem estado presente na vida do homem em todos os tempos e culturas. A dimensão lúdica, a capacidade de rir, de se formar “brincando”, revelam que o ser humano é bem mais do que “barro da terra”, ocupado com a simples satisfação das suas necessidades mais básicas: sugere que o homem é liberdade criativa, que reinventa o mundo e os seus ritmos, os desfruta simbolicamente e “dança” com a realidade. O “jogo” revela o “homem espiritual”, inventivo e original, que anela por uma vida plena e livre, que busca o estímulo e o desafio, que cultiva a arte e a beleza, que se realiza na alegria, no prazer e na festa, que aplica as suas forças no sentido de ultrapassar continuamente os seus limites. Revela esse homem que é “quase um ser divino, revestido de esplendor e majestade” (Sl 8,6), criado “à imagem e à semelhança de Deus” (Gn 1,27). Assim, o “jogo” fala-nos desse Deus criador, que ama cada uma das suas criaturas e que tem um projecto de felicidade, de realização e de vida plena para o homem. A consciência desta realidade deve levar o homem a agradecer e a louvar o seu Criador . 5. O desporto é uma forma culta, sofisticada e moderna do “jogo”. Também nele se expressam e exprimem essas características que fazem do homem um caso à parte, no universo dos seres criados por Deus: a vivência gozosa, o esforço gratuito, a ocupação jubilosa dos tempos de lazer, a dimensão criativa, espiritual e divina. No plano do indivíduo, o desporto contribui para preservar e melhorar a saúde, proporcionando uma serena distensão, uma ocupação salutar do tempo livre, uma forma de aliviar os inconvenientes e as dificuldades da vida moderna. Além disso, o desporto educa o homem na pedagogia do esforço, do empenho, do sacrifício, da generosidade, na busca dos valores mais elevados, na superação dos limites, na aposta numa vida com valores e com objectivos. Finalmente, o desporto liberta o homem de todas as formas de egoísmo e potencia a honestidade, o altruísmo, o respeito pelos outros e até pela natureza. Sem estas qualidades, “o desporto reduzir-se-ia a um simples esforço e a uma discutível manifestação de força física sem alma” . A exigência do aperfeiçoamento físico e moral faz descobrir os caminhos da alegria e da responsabilidade, isto é, aponta os caminhos de Deus. 6. O objectivo final do esforço dos verdadeiros desportistas não é conquistar um prémio material e perecível, mas atingir uma vida mais plena. S. Paulo, dirigindo-se aos cristãos de Corinto, lembra-lhes que os atletas correm todos, no estádio, e só um é o vencedor; mas, na corrida da vida, todos os que participam podem ser vencedores (cfr. 1 Cor 9,24-25). Através desta metáfora, o apóstolo põe em evidência o valor da vida, comparando-a a uma corrida ao encontro da felicidade plena, da vida definitiva. Trata-se de uma corrida que todos os homens podem e devem vencer. A vitória verdadeiramente humana e desportiva é a dignificação da pessoa humana. 7. O desporto não pode absorver de tal forma o homem, que o conduza a dispensar-se das suas responsabilidades religiosas, nomeadamente no que diz respeito à vivência litúrgica do Domingo. A este propósito, o Papa João Paulo II observa que “os ritmos da sociedade moderna e de algumas actividades desportivas poderão fazer com que o cristão se esqueça da necessidade de participar na assembleia litúrgica no Dia do Senhor. Contudo, as exigências do justo e merecido entretenimento não podem causar detrimento à obrigação do fiel de santificar a festa. Ao contrário, no Dia do Senhor a actividade desportiva deve estar inserida num contexto de serena distensão, que favoreça o estar juntos e o crescer na comunhão especialmente familiar” . II. O DESPORTO E A CONSTRUÇÃO DA COMUNIDADE HUMANA 8. O homem é, “pela sua própria natureza, um ser social, que não pode viver nem desenvolver as suas qualidades sem entrar em relação com os outros” . É na comunidade que o homem realiza plenamente essa vocação à comunhão que está, desde os inícios, nos planos de Deus (cfr. Gn 2,18). Ora, o desporto poderá constituir um significativo instrumento para que o homem se realize enquanto ser social. O desporto facilita a integração num grupo, onde o homem pode encontrar parceiros que partilham os mesmos desafios e lutam por objectivos semelhantes. Além disso, o desporto constitui um vector de aprendizagem das regras da vida colectiva: facilita a aquisição de valores como o respeito pelos outros, a magnanimidade, a fraternidade, a solidariedade, a partilha, a generosidade, o altruísmo, a doação, o respeito pelas regras e pelas leis, o confronto leal; inculca o sentido da disciplina colectiva e da vida em grupo; ajuda a vencer o egoísmo, o fechamento em si próprio, a auto-suficiência e a evasão alienante; transforma os impulsos humanos, mesmo aqueles que são potencialmente negativos, em propósitos positivos; educa para a cidadania, para o compromisso comunitário e para a responsabilidade solidária; contribui “para a edificação de uma sociedade civil, onde o antagonismo é substituído pela sã competição, onde o confronto é substituído pelo encontro, onde a contraposição rancorosa é substituída pelo confronto leal” . Num tempo em que as diversas formas de violência, de ódio, de racismo, de exclusão e de divisão tendem a dilacerar o tecido da solidariedade social, o desporto pode tornar-se, com a ajuda de Deus, veículo de civilização e contribuir para a edificação de uma sociedade mais fraterna, mais solidária e mais humana. 9. As manifestações desportivas internacionais envolvem, hoje, atletas, agentes desportivos e multidões de adeptos de todos os cantos do mundo. São um acontecimento planetário, no qual diversas nações e culturas vivem a mesma experiência de encontro, de partilha e de festa. O desporto pode e deve ser, neste contexto, um instrumento e uma experiência de encontro, de aproximação, de compreensão, de tolerância, de convivência entre os vários povos e culturas, frequentemente afastados entre si por motivos de ordem linguística, racial, histórica, social, política, cultural e religiosa. O desporto pode e deve oferecer uma contribuição válida para a construção de um mundo sem fracturas e sem fronteiras, ajudar ao “entendimento pacífico entre os povos e colaborar para a confirmação da nova civilização do amor no mundo” . III. O FUTEBOL: LUZES E SOMBRAS DE UM DESPORTO MEDIÁTICO 10. Tudo aquilo que dissemos sobre o “jogo” e sobre o desporto em geral, aplica-se ao futebol, desporto mediático que suscita paixões incontroláveis e que se tornou um dos fenómenos sociais mais marcantes do nosso tempo. A sua importância manifesta-se em termos de número de praticantes, de interesse dos cidadãos, de consideração nas políticas públicas e de impacto económico na vida das sociedades modernas. Como qualquer outro desporto, o futebol é, antes de mais, um jogo “em que as pessoas se divertem com as prodigiosas possibilidades da vida humana física, social e espiritual” . Nele estão potencialmente presentes as grandes qualidades que o desporto, em geral, apresenta: a dimensão lúdica, a possibilidade de divertimento e de recriação salutar, a alegria e a festa, a beleza e a criatividade, a valorização do corpo, a promoção da grandeza e da dignidade do homem, a educação para as virtudes que estão na base de uma digna convivência humana, a possibilidade de contribuir para a construção de um mundo mais unido e mais tolerante. 11. Há, no entanto, algumas “sombras” que pairam sobre este desporto e que podem fazer dele um fenómeno contrário ao desenvolvimento integral da pessoa e ao bem das sociedades. “Ao lado de um desporto que ajuda a pessoa há, de facto, outro que a mortifica e atraiçoa; ao lado de um desporto que persegue ideais nobres, há outro que só recorre ao lucro; ao lado de um desporto que une, há outro que divide” . Na Carta Pastoral Responsabilidade Solidária pelo Bem Comum identificámos, entre as linhas de comportamento a que chamámos “pecados sociais”, a “exagerada comercialização do fenómeno desportivo, que tem conduzido à perda progressiva do sentido do ‘jogo’ como autêntica actividade lúdica, e a falta de transparência nos negócios que envolvem muitos sectores e profissionais de algumas áreas do desporto” . De facto, o futebol deixou de ser, em muitas circunstâncias, um “jogo”, para se tornar uma indústria. Perdeu o seu sentido lúdico e humanizante, para se tornar uma competição de artistas pagos a peso de ouro, que oferecem um espectáculo de alto valor comercial mas, muitas vezes, despido de alma e de sentimentos. 12. A comercialização do futebol tem levado, por outro lado, a que as equipas se tornem peças na engrenagem de sociedades anónimas desportivas, que se regem por interesses comerciais, por critérios de rentabilidade económica e pelo espírito de lucro. Dessa forma, o futebol deixa de ser uma festa, uma ocupação jubilosa e salutar dos tempos de lazer, um esforço gratuito para superar os próprios limites, uma competição leal onde os outros são adversários mas não inimigos, e torna-se um negócio regido pelas leis do mercado. O futebol arrisca-se a perder, portanto, o seu papel de desporto ao serviço da construção integral do homem, e torna-se uma máquina desumana, posta ao serviço de uma cultura de egoísmo e de avidez. Esta realidade obriga os dirigentes, os atletas e os clubes a viverem sob a pressão de obterem sucesso a todo o custo, mesmo utilizando métodos pouco claros e que, frequentemente, são deseducativos e desumanizantes. Com frequência assistimos ao espectáculo deplorável dos discursos agressivos dirigidos aos adversários, das “guerras psicológicas” destinadas a decidir o jogo fora do campo, das pressões sobre os árbitros, das tentativas de manipulação da opinião pública, dos cortes das relações institucionais entre os clubes, das tentativas de condicionar as instâncias onde se decidem as questões controversas do futebol. Dessa forma, o futebol deixa de ser um veículo dos valores que unem as pessoas e que geram comunidade, para se tornar um factor de divisão, de ódio, de ruptura, de fractura social e de violência. 13. Um outro elemento que lança algum mal-estar sobre o mundo do futebol, é o fenómeno das claques. Vocacionadas para apoiar o seu clube e para fazer a festa do futebol, elas aparecem, contudo, frequentemente ligadas a episódios de intolerância e de agressividade que desembocam em graves manifestações de violência. As palavras de ordem que ofendem os adversários, as provocações racistas, o desrespeito pelas pessoas e pelos bens das colectividades, não são a melhor forma de colaborar na festa desportiva e não ajudam a tornar o desporto um instrumento de concórdia entre todos os homens. Há outras situações, ligadas ao mundo do desporto – e do futebol, em particular – que exigem, urgentemente, uma reflexão ética. É o caso do uso de substâncias químicas proibidas, para melhorar a competência física dos atletas: além de viciar os resultados desportivos, esta prática põe, frequentemente, em risco a saúde e a vida daqueles que as utilizam. É o caso, também, do fabrico de “jogadores-ídolos”, manipulados por empresários, tentados pelos milhões dos clubes economicamente poderosos, vendidos para equilibrar as contas do clube-empresa, dispensados quando deixam de ser produtivos de acordo com critérios de lucro. É o caso, ainda, da manipulação do futebol e dos clubes para fins políticos e eleitoralistas. É o caso, finalmente, das tentativas (periodicamente vindas a público) de corromper os agentes desportivos para falsear resultados. São situações que não dignificam o desporto e que não contribuem para uma cultura de valores verdadeiros e duradouros. IV. A FASE FINAL DO EURO 2004, UM DESAFIO A VENCER 14. A realização, em Portugal, da fase final do Campeonato Europeu de Futebol será, não apenas um acontecimento desportivo relevante, mas também um evento sócio-cultural cheio de possibilidades, uma oportunidade para nos unirmos, como comunidade nacional, à volta de um projecto motivador, e um excelente ensejo de afirmarmos Portugal, no concerto das nações, como país moderno e empreendedor, capaz de vencer os grandes desafios. Será, também, uma ocasião excelente para redescobrirmos a dimensão lúdica do futebol, o seu papel na educação para os valores, o seu contributo para a construção de um mundo mais unido, mais pacífico e mais solidário. Para além dos dirigentes e atletas das selecções envolvidas, Portugal acolherá muitos milhares de espectadores, vindos dos vários países da Europa e do mundo. Será um festa dos povos, um encontro de culturas, um ocasião propícia para afirmarmos a nossa vocação de país hospitaleiro, aberto à colaboração com outras nações, que acolhe, que dialoga e que partilha. 15. A organização de um acontecimento deste tipo implicou um esforço considerável de investimento em infra-estruturas, nomeadamente na construção de novos estádios. Independentemente da discussão sobre a oportunidade do investimento feito, consideramos indispensável que as novas estruturas desportivas sejam, no futuro, postas ao serviço de toda a comunidade, particularmente apoiando as camadas mais desfavorecidas, e proporcionando um adequado espaço de encontro com os valores que o desporto promove. 16. É importante que o EURO 2004 seja uma celebração da Vida, um momento de expressão saudável da dimensão lúdica, pacífica e criativa do ser humano; um reencontro com o futebol que é arte e beleza, desportivismo, defesa das cores nacionais no respeito pelos adversários e pelas nações que representam; uma ocasião para potenciar o diálogo entre os povos, para suscitar a estima e o respeito mútuos, para afirmar a solidariedade humana, a amizade e a boa vontade entre os indivíduos, para reunir pessoas de diversos ambientes e para construir uma amizade que vai além de todas as barreiras de raça, de cultura ou de experiência política; um contributo para a construção de uma Europa unida à volta dos valores que dignificam o homem, empenhada em superar as barreiras que dividem os povos, comprometida com a instauração de uma nova ordem internacional, solidária com os povos fragilizados pela pobreza, pela miséria e pela injustiça. O EURO 2004 não é um evento destinado a confinar-se às quatro linhas dos relvados de futebol; mas é um acontecimento que implicará o país global e que exige o esforço e o compromisso de toda a comunidade nacional. Exortamos todos os portugueses a contribuírem, na medida das suas possibilidades, para que este acontecimento desportivo seja um sucesso e ajude à construção de uma nova civilização. Devemos todos assumir-nos, nas palavras, nas atitudes e nos comportamentos à altura de tão estimulante responsabilidade. Desejamos que, no final da competição, saia vitorioso o desporto como instrumento de construção do homem integral. Desejamos, simplesmente, que o grande vencedor do EURO 2004 seja o homem, nos seus altos valores de lealdade, de mútuo respeito, de generosidade e de beleza. EXORTAÇÃO FINAL 17. Preocupados em contribuir para uma cultura que faça do “jogo” em geral e do futebol em particular um verdadeiro instrumento de realização do homem integral e de encontro de povos, lançamos os seguintes apelos: – que os atletas continuem a dignificar o mundo do desporto, oferecendo-lhe, não só o melhor das suas forças físicas, mas também, e sobretudo, promovendo, com o seu comportamento dentro e fora do campo, os valores da lealdade, da solidariedade, do comportamento correcto, do respeito pelos outros; – que os dirigentes sejam os guardiães do verdadeiro sentido do “jogo”, façam uma gestão equilibrada das instituições e estruturas a que presidem, promovam a verdade desportiva, fomentem o respeito pelas instituições, actuem com transparência; que, como educadores, procurem inculcar uma cultura dos valores elevados, como a lealdade, a amizade, a tolerância, e o respeito pela verdade; que rejeitem e denunciem a mentira, os negócios nebulosos, a agressividade, o desrespeito pelo adversário; – que os jornalistas cumpram o seu dever de informar, sejam isentos e evitem divulgar suspeições infundadas ou explorar situações que podem gerar tensões ou conflitos na opinião pública: o desenvolvimento de uma verdadeira cultura do desporto também passa por uma informação isenta e objectiva, que evite o recurso fácil ao sensacionalismo; – que os adeptos, em geral, descubram no futebol um divertimento sadio, uma forma de lazer, uma expressão de arte e de beleza, uma festa de encontro e de união, para além de todas as barreiras de raça, de língua, de cultura ou de cor clubística; que o desporto não seja um factor de conflito ou de divisão nas famílias ou um obstáculo para o encontro, a partilha e a solidariedade familiar; que o futebol não seja um factor de alienação, que faça esquecer as responsabilidades que cada um tem para com Deus e para com os outros. Fátima, 13 de Novembro de 2003