Presidente da Caritas escreve a Lula da Silva

Cáritas Portuguesa solidária com o povo indígena da Raposa Serra do Sol O Presidente da Caritas Portuguesa escreveu a Lula da Silva manifestando solidariedade com a causa dos índios da Tribo Macule, Wapixana, Taurepang, Patamona e Ingarikó. Através da carta, Eugénio Fonseca manifesta “solidariedade e apoio a todas as iniciativas políticas que entender dever tomar” para que se cumpra a decisão de que “sejam respeitados os mais elementares direitos de um povo que deve ver salvaguardada a sua existência e respeitada a sua ancestral cultura”. Durante cerca de três semanas Pierlangela Cunha e Jacir José de Souza realizaram um périplo europeu com o objectivo de sensibilizar a Europa para a sua causa. A Terra Indígena Raposa Serra do Sol foi homologada pelo presidente Lula a 15 de Abril de 2005, por decreto presidencial, após 38 anos de luta organizada dos povos indígenas para conseguirem a homologação da sua terra. O decreto homologatório estabeleceu o período de um ano (até Abril de 2006) para a retirada de todos os não-indígenas da área mediante contrapartidas do governo federal. No entanto, os fazendeiros recusam-se a sair e continuam a ocupar grandes áreas do local. “A simples posse da terra tem um significado mais amplo do que o mero entendimento económico que daí pode advir”, escreve Eugénio Fonseca, indicando que os recursos naturais são uma “oportunidades de desenvolvimento que caracterizam estes povos hoje em dia, com a sua cultura, com a sua identidade”. “Pierlangela Cunha e Jacir José de Souza vieram alertar-nos para a luta que travam pela terra mãe, que herdaram desde tempos ancestrais e que constitui, na verdade, a sua pátria. Não pode haver egoísmos económicos que se sobreponham ao interesse representado por estes povos nativos”. O Presidente da Caritas aponta que todos têm de “aprender com os erros já cometidos”. “Não devemos repetir as indignas práticas do passado, quando, em nome do progresso, massacrámos e destruímos povos inteiros que, aparentemente, apenas atrapalhavam meros ideais de progresso e riqueza. Os erros cometidos pelos homens são da responsabilidade de toda a humanidade”. “Estes índios que nos pedem ajuda representam o grito de todos aqueles que, no dia de hoje, são vítimas de injustiça. Os pobres, os sem pátria, os sem-abrigo, os miseráveis, os doentes, os que são alvo de discriminação por causa da cor da pela, fé que professam. Todos eles, tal como os índios brasileiros, estão ao nosso lado, vivem connosco, estão nas nossas ruas, nas nossas cidades, na nossa terra”. A Cáritas Portuguesa quer assim “juntar a sua voz ao coro enorme dos que acreditam que a causa dos índios brasileiros é, acima de tudo, uma causa de justiça. E nós, que somos cristãos, não podemos ficar indiferentes”. “O nosso silêncio seria criminoso”, finaliza o Presidente da Caritas Portuguesa. Eugénio Fonseca comprometeu-se a dar conhecimento desta missiva ao Embaixador do Brasil em Portugal, à Caritas Brasileira e à Conferência Nacional dos Bispos Brasileiros (CNBB). Foi ainda ponderada a possibilidade da Caritas Portuguesa vir a apoiar alguns projectos no domínio da educação, nomeadamente, apoiar a recuperação do Escola destruída por um incêndio criminoso.

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