Tony Neves, em Palmarola – Roma
O bairro de Palmarola, na extrema periferia oeste da cidade de Roma, assistiu, com algum espanto, à passagem de uma caravana de carros que – todos vieram a sabê-lo mais tarde – levaria o Papa Francisco a uma garagem de condomínio, situada não muito longe do fundo de prédio onde, neste bairro, está a Igreja Paroquial. Tal acontecimento, tão inesperado como feliz, teve lugar na tarde de quinta-feira 6 de junho, sendo o 3º encontro da ‘Escola de Oração’ que tem levado o Papa Francisco ao encontro de paroquianos em diversas partes da Diocese de Roma. O objetivo do Papa é ajudar a preparar o Jubileu de 2025.
As razões da escolha de S. Brígida da Suécia não são conhecidas, nem sequer pelos dois Padres Espiritanos responsáveis pela animação desta Paróquia. O P. Guy Léandre, pároco, nem sequer estava em Roma e quem acompanhou o Papa foi o seu Vigário, o P. Francis Tchancho, que – como me confessou ainda um pouco atordoado – continua a digerir a alegria de tão estimulante e inspiradora surpresa.
Neste encontro com famílias, ‘havia recém-casados, avós, o grupo jovem da paróquia, crianças, um grupo de mulheres imigrantes do Senegal, um homem ortodoxo, o líder do município. Em suma, uma humanidade variada que foi avisada de última hora sobre essa especial hora de catecismo vespertino’. O Papa pediu para ninguém desanimar com as tempestades da vida, dizendo: “Defendamos a família, que é oxigênio para criar os filhos’. Concluiu: “Se os pais brigam, é normal, mas devem fazer as pazes antes do fim do dia, porque a guerra fria do dia seguinte é terrível”, repetindo várias vezes as três palavras-chave essenciais para fazer funcionar uma relação de casal: “Desculpa, com licença e obrigado”.
Houve tempo para questões e alguns jovens da Paróquia de S. Brígida perguntaram ao Papa como é possível fortalecer a fé hoje. A resposta foi clara: “A única maneira é o testemunho. Vocês têm a responsabilidade de levar a história adiante, sem nunca ficar caídos’.
Descendo ao concreto da vida desta Paróquia, já fundada em 1983, um paroquiano lamentou-se que ainda não haja uma Igreja, uma vez que as celebrações são num improvisado fundo de prédio, a catequese e as festas são num pré-fabricado, num espaço de terra batida. Disse: ‘Amanhã faremos a festa da paróquia, sempre chove dentro, nem temos asfalto, mas não importa, fazemos mesmo assim. E a vossa presença, Papa Francisco, faz-nos sentir que o senhor faz parte da nossa comunidade!”.
Palmarola encheu-se de festa, de 7 a 9 de junho, para celebrar a Padroeira da Paróquia, S. Brígida da Suécia. A Casa Generalícia dos Espiritanos deslocou-se em peso para se associar à festa, mas também por havia uma razão especial: o jubileu dos 25 anos da chegada dos primeiros Espiritanos à Paróquia. Preparava-se então o grande Jubileu do ano 2000 e algumas Congregações foram desafiadas a assumir trabalhos pastorais nas periferias de Roma. Aos Espiritanos calhou-lhes em sorte Palmarola, uma Paróquia pobre e sem estruturas.
Neste domingo, a festa começou com uma procissão do andor da Santa Brígida que, saindo do fundo do prédio onde funciona a Igreja, percorreu algumas ruas do bairro, ao ritmo de uma Banda Musical. Um dos pontos de passagem foi o condomínio onde teve lugar, três dias antes, a Catequese do Papa Francisco.
Chegados ao espaço onde será construída a futura Igreja, foi celebrada a Missa campal, presidida pelo P. Alain Mayama, Superior Geral dos Espiritanos e animada pelo coro paroquial. Na sua homilia, o P. Mayama evocou estes 25 anos de presença Espiritana, iniciada em 1999, sob a liderança do p. Jean Jacques Boeglin, que tinha trabalhado largos anos no Seminário Francês em Roma. Desde 1999, trabalharam nesta Paróquia de periferia, 11 Espiritanos, vindos de países tão diversos como a França e o Congo, a Nigéria e a Polónia, a Serra Leoa e os Camarões, a Tanzânia e o Uganda.
O almoço de confraternização, preparado e oferecido pela Comissão de Festas, deixou bem patente o compromisso de muitos leigos, pertencentes a diferentes organismos e dinâmicas da Comunidade, sem esquecer o intenso trabalho dos jovens. Na hora de partir o bolo, membros da Comunidade voltaram a falar do início da construção da Igreja, contando com a presença pastoral dos Espiritanos e mostrando a sua confiança nos Padres que com eles trabalham.
A Paróquia celebrará bodas de ouro de fundação em 2028. Ficou bem expressa a vontade de dar o passo rumo à construção de uma Igreja Paroquial. Será a prenda que a Comunidade oferecerá a ela mesma e ao mundo nos 50 anos de existência?
Tony Neves, em Palmarola – Roma.