Braga: Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese recorda Aristides de Sousa Mendes, em nota sobre Dia da Consciência

Mensagem lembra ação do diplomata português que concedeu vistos, em Bordéus, França, permitindo a fuga de milhares de pessoas face à perseguição do regime nazi

Braga, 12 jun 2024 (Ecclesia) – A Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de Braga escreveu hoje uma nota a assinalar o Dia da Consciência, a 17 de junho, recordando a figura de Aristides de Sousa Mendes.

O organismo católico começa por recordar que o cônsul de Portugal em Bordéus, França, começou, no dia em que é homenageado, em 1940, a “salvar a vida de dezenas de milhares de pessoas que pretendiam escapar às tropas nazis que tinham invadido a França”.

Aristides de Sousa Mendes concedeu vistos a pobres, ricos, médicos, judeus, republicanos, monárquicos, sem distinções, permitindo-lhes sair do país, atravessar Espanha e chegar a Portugal.

“Ter contrariado as ordens que recebera, em nome das vidas que se impunha resgatar, fez com que fosse afastado da carreira diplomática e passasse a viver em condições económicas dramáticas”, salienta a comissão arquidiocesana.

O Dia da Consciência começou a ser assinalado em 2020, recorda a Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de Braga, estimulado pelo Papa Francisco, que “considerou que o patrono deveria ser Aristides de Sousa Mendes por justamente, ter decidido ‘seguir a voz da consciência’ e salvado ‘a vida de milhares de judeus e outros perseguidos’”.

“O Papa Francisco aproveitou o exemplo do cônsul de Portugal em Bordéus para instar a ‘que a liberdade de consciência possa ser respeitada sempre e em todo o lugar e que cada cristão possa dar exemplo de coerência, com uma consciência reta e iluminada pela Palavra de Deus’”, referiu.

A mensagem destaca que “ao dedicar o Dia da Consciência a Aristides de Sousa Mendes, enaltece-se eloquentemente a liberdade de consciência e a singular relevância de a respeitar sempre que os valores da humanidade o imponham”.

“Movido pela fidelidade aos valores do Evangelho, o diplomata português tomou a firme decisão de salvar vidas, o que lhe valeu ter sido condenado – ele e a família – ao ostracismo e à miséria pelo regime de Salazar”, lembra.

A Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese de Braga sublinha que se a ação do diplomata português é considerada como “a maior ação de salvamento empreendida por uma pessoa individual, segundo a Fundação de Aristides de Sousa Mendes, “importa recordar outros portugueses que, nesses anos de terror, também escutaram a voz da consciência sem medo”.

Assim, a nota evidencia os nomes dos diplomatas Carlos Sampaio Garrido, embaixador de Portugal na Hungria, e Alberto Teixeira Branquinho, encarregado de Negócios em Budapeste, “que salvaram muitas centenas de pessoas”; o padre Joaquim Carreira, reitor do Pontifício Colégio Português em Roma, “que deu abrigo a dezenas de judeus e antifascistas”; e o operário Joseph de Brito Mendes, imigrante português em França, que com a mulher, Maria-Louise Brito-Mendes, “escondeu a filha dos judeus polacos seus vizinhos”.

No final da mensagem, o organismo católico faz referência ao mundo atual “atormentado pela crise climática, pela pobreza e pela miséria, por conflitos e por guerras, que tantas migrações forçam; desassossegado pela possibilidade de uma intensificação bélica” e receoso face às “consequências nefastas” da Inteligência Artificial, realçando que “outros homens e mulheres há, em múltiplos cantos do planeta, a seguir os exemplos dos que, em tempos mais sombrios, se comprometeram a salvar vidas”.

“Fazem-no frequentemente correndo riscos. Mas nem sempre é necessária muita coragem. Basta, tantas vezes, que a consciência dite a cada um que, indo contra a corrente, interrompa os ciclos que fomentam o ódio, razão primeira de tantas vidas destroçadas”, conclui.

LJ/OC

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