Espiritanos: Missão passa também pela promoção de uma «economia alternativa à planta de coca»

Padre Tony Neves é assistente geral da congregação e coordena o Departamento Justiça, Paz e Integridade da Criação e Diálogo Inter-Religioso, rejeitando olhar a diversidade pelo «prisma do conflito, da dificuldade, da guerra»

Foto Agência ECCLESIA

Roma, 10 jun (Ecclesia) – O padre Tony Neves afirmou em declarações à Agência ECCLESIA que a defesa da justiça, paz e integridade da criação “faz arriscar”, diz que a diversidade “é uma riqueza” e defende economias promotoras de “lógica de vida”.

Assistente geral dos Missionários Espiritanos, o sacerdote português é coordenador do Departamento Justiça, Paz e Integridade da Criação e Diálogo Inter-Religioso da congregação, atuando em projetos concretos que promovam o cuidado da Casa Comum, como o que decorre na Bolívia onde a missão acontece “numa área onde se produz muita folha de coca” e, para contrariar a “lógica do lucro”, avançou com o cultivo de “plantas de cacau, mas também mangueiras, papaieiras, citrinos de diversas espécies, café”.

“Claro que a planta de coca daria mais dinheiro, mas nós sabemos o que isso significa em termos humanos e humanitários. E é um projeto muito interessante porque contraria uma lógica de lucro e contraria uma lógica de morte por uma lógica de vida”, afirmou o padre Tony Neves.

O missionário defende que o Evangelho “tem de encarnar e, ao encarnar, tem de tocar lá onde dói, onde há violência, onde há ódio, onde há guerra, onde há injustiça e onde há atentados à casa comum de todos”.

O assistente geral dos Missionários do Espírito Santo citou o exemplo da presença de espiritanos no Haiti, onde se vive uma “situação dramática” que atinge também a missão, e na Nigéria, onde os sacerdotes “estão sempre entre a vida e a morte”.

“Temos diversas situações onde não é só teoria. O trabalhar pela justiça e pela paz é qualquer coisa que toca o dia-a-dia e faz arriscar”.

Para o padre Tony Neves, a atualidade está “marcada pela interculturalidade” e gestão da diversidade deve acontecer pelo “prisma da riqueza”.

“Nós muitas vezes olhamos para a diversidade pelo prisma do conflito, da dificuldade, da guerra. Não! A diversidade, se for bem capitalizada, traz uma riqueza enorme e é isso que nós temos de capitalizar e, como missionários, nós temos de testemunhar”, sustentou.

O assistente geral dos espiritanos referiu que as comunidades da congregação, nas várias parte do mundo, são compostas por missionários de diferentes idades e de várias provenientes geográficas, apontando essa realidade como “um testemunho de riqueza e é um sinal para o mundo”.

“A nível dos espiritanos, traçamos um plano de animação, a nível mundial, e a terceira fase é mesmo sobre a interculturalidade, que é uma riqueza enorme”, afirmou.

Nós somos 3 mil, estamos em 63 países do mundo, somos originários de praticamente outros tantos e estamos a insistir muito que todas as comunidades devem ser interculturais e devem ser intergeracionais, ou seja, devem ter confrades vindos do mundo inteiro e de todas as idades. É difícil, há que confessá-lo, mas é muito bom. O futuro passa por aí”.

O padre Tony Neves apontou ainda o exemplo da lusofonia como um “espaço fantástico” de experiência da integração da diversidade e um exemplo dado ao mundo de “enorme de ligação” entre vários países.

O padre Tony Neves é missionário espiritanos desde 1985, trabalhou nas missões em Angola e, em Portugal, na área da comunicação e animação missionária da congregação; após ter sido responsável pela congregação em Portugal, como assistente e superior provincial entre 2012 e 2018, integra o governo geral desde 2020.

PR

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Agência ECCLESIA

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