V CEN: Participantes foram desafiados à atenção aos «pobres» e à «ecologia integral»

«Todos temos um papel», disse Rita Valadas, presidente da Cáritas Portuguesa

Foto: Samuel Mendonça/Folha do Domingo

Braga, 03 jun 2023 (Ecclesia) – A presidente da Cáritas Portuguesa orientou o workshop ‘Pobres’ no VCongresso Eucarístico Nacional (CEN), não levou “receitas”, para as muitas pessoas “preocupadas, interessadas”, que participaram neste encontro em Braga, porque “é importante” que todos aprendam “uns com os outros”.

“O termo pobres é uma realidade que não tem uma significância permanente em todos os tempos. Por isso, quando discutimos os problemas dos pobres, é bom que alinhemos o conceito e pensemos quais são os ingredientes em que é preciso mexer para, com os pobres, também alterar a sua situação sempre que isso seja necessário. Sobretudo, mudar a pobreza é também pensar que nós temos um papel”, disse Rita Valadas à Agência ECCLESIA.

Segundo a presidente da Cáritas Portuguesa, “todos”, sejam pobres, não pobres, desde que tenham uma intenção e estejam atentos, têm um papel, que é “encontrar na realidade, naquilo que se sente no país e na proximidade e naquilo que se sente longe também”.

“Eu não trago receitas. Não há, senão já não havia pobres. É importante é nós todos aprendermos uns com os outros, porque as nossas realidades hoje são muito diferentes”, realçou a entrevistada.

O V CEN, que decorreu em Braga entre sexta-feira e domingo, com o tema ‘Partilhar o Pão, alimentar a Esperança. «Reconheceram-n’O ao partir o Pão»’, reuniu cerca de 1400 participantes das dioceses católicas de Portugal.

“Nós temos que juntar e fazer juntar o conhecimento com os problemas e encontrar novas soluções, novas ideias, novos propósitos”, salientou a presidente da Cáritas Portuguesa, que orientou um dos sete workshops do CEN.

Rita Valadas sublinhou que quando se está disponível para “colaborar na resolução dos problemas” das pessoas em situação de pobreza ou das pessoas que estão em risco, têm de “juntar todos os dons e todos os tesouros”, e o Congresso Eucarístico Nacional 2024 foi “um bocadinho” essa oportunidade, porque são “muitas pessoas preocupadas, interessadas, investidas e muito conhecimento”.

Foto: Samuel Mendonça/Folha do Domingo

A organização do V CEN pediu à professora universitária Isabel Varanda que falasse de ‘ecologia’, noutro dos workshops, e a oradora acrescentou uma palavra, inspirada no Papa Francisco e na sua Encíclica ‘Laudato Si’ (2015), ‘ecologia integral’.

“Tudo o que tem a ver com a criação, com a comunidade criatural, que identificamos na sua fundação, na sua origem, no seu caráter mais originário, o Deus criador, nada, nada, nada pode ser excluído, pode ser colocado fora desta perspetiva, que é uma perspetiva aberta e inclusiva, que a tradição Hebraico-Cristã”, referiu a docente da UCP.

E, concretamente, o cristianismo, defende, no qual se inspira e que quer perpetuar e transmitir às gerações futuras toda esta abertura a uma dimensão do visível e do invisível, em que nada é excluído. Nesse sentido, as religiões são responsabilizadas, as religiões deverão ter uma palavra, que é uma palavra única, a palavra dela”, desenvolveu, em declarações à Agência ECCLESIA.

Ainda sobre o tema do workshop e a sua relação com religião e com o V CEN, Isabel Varanda lembrou a “metáfora espacial de ‘profundidade’” do professor Paul Tillich, de Teologia Sistemática Protestante, que dizia que “a religião é aquilo que dá a dimensão de profundidade a todos os aspetos da vida do ser humano”, o que, de algum modo, “cruza com o conceito de ecologia integral”.

Os congressistas do V CEN tiveram também a possibilidade de participar em workshops sobre ‘hospitalidade’, ‘Jovens (JMJ e Eucaristia)’, ‘família’, ‘espiritualidade eucarística’ e ‘Confrarias do Santíssimo Sacramento’.

CB/OC

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Agência ECCLESIA

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