Igreja/Ética: Papa diz que eutanásia revela falta de «preocupação genuína com os doentes e moribundos»

Francisco contrapõe cuidados paliativos como «sinal concreto de proximidade e solidariedade»

Cidade do Vaticano, 22 mai 2024 (Ecclesia) – O Papa afirmou que a eutanásia “nunca é fonte de esperança ou preocupação genuína” com quem sofre, apontando os cuidados paliativos para as pessoas doentes e em fase terminal.

“Ajudar os doentes e moribundos a perceber que não estão isolados ou sozinhos, que a sua vida não é um peso” foi a preocupação manifestada por Francisco, em mensagem enviada ao primeiro simpósio internacional inter-religioso sobre cuidados paliativos, que está a decorrer na cidade canadiana de Toronto.

Promovido pelos bispos canadianos e pela Santa Sé, este encontro internacional tem como tema ‘Rumo a uma narrativa de esperança’.

Segundo o Papa, a esperança “dá a força para enfrentar as questões que os desafios, as dificuldades e as preocupações da vida colocam”.

Francisco salienta que todos aqueles que experimentaram “a incerteza” que, muitas vezes, vem com a doença e a morte, “precisam do testemunho de esperança dado por aqueles que cuidam deles e permanecem ao seu lado”, e destaca que os cuidados paliativos, que procuram “aliviar ao máximo o peso do sofrimento”, são, “antes de tudo, um sinal concreto de proximidade e solidariedade com os irmãos e irmãs que estão a sofrer”.

O verdadeiro cuidado paliativo, acrescenta, “é radicalmente diferente da eutanásia, que nunca é uma fonte de esperança ou preocupação genuína com os doentes e moribundos”, e alerta que é um fracasso do amor, um reflexo de uma “cultura do descarte”, citando Encíclica ‘Fratelli tutti – sobre a fraternidade e a amizade social’, de outubro de 2020.

A eutanásia, realça Francisco, “é muitas vezes falsamente apresentada como uma forma de compaixão”, mas a atitude de “compaixão”, que significa “sofrer com”, não envolve “uma ação intencional para acabar com uma vida”.

Na mensagem, divulgada no primeiro dia de simpósio, o Papa refere que hoje “é muito fácil ceder à tristeza e até mesmo ao desespero”, por causa dos “efeitos trágicos da guerra, da violência e da injustiça de vários tipos”, e indicou aos participantes, que como membros da família humana, e “sobretudo como crentes”, são chamados a “acompanhar, com amor e compaixão, as pessoas que lutam e se esforçam para encontrar motivos de esperança”.

Este encontro reúne profissionais da saúde de todo o mundo, incluindo médicos e enfermeiros, de diferentes denominações religiosas e, segundo o Papa, as convicções religiosas “oferecem uma compreensão mais profunda da doença, do sofrimento e da morte, considerando-os parte do mistério da Divina Providência”, na tradição cristã, “um meio para alcançar a santificação”.

Francisco acrescenta que “as obras de compaixão e respeito” demonstradas pelo pessoal médico e pelos profissionais de saúde especializados, “muitas vezes, conseguiram permitir que as pessoas no final das suas vidas encontrassem conforto espiritual, esperança e reconciliação com Deus, com os membros das suas famílias e com os amigos”, informa o portal de notícias ‘Vatican News’.

Este primeiro simpósio internacional inter-religioso sobre cuidados paliativos, que está a decorrer em Toronto, no Canadá, é promovido pela Academia Pontifícia para a Vida, da Santa Sé, e pela Conferência dos Bispos Católicos do Canadá (CCCB), e conta com a presença dos seus presidentes, respetivamente, o arcebispo Vincenzo Paglia e D. William McGrattan.

CB/OC

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Agência ECCLESIA

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