Encontro no Dicastério para a Doutrina da Fé marcado pela apresentação do percurso realizado face a casos dos abusos sexuais na Igreja Católica, em Portugal
Cidade do Vaticano, 21 mai 2024 (Ecclesia) – O presidente da Comissão Episcopal da Educação Cristã e Doutrina da Fé afirmou hoje, no Vaticano, que existe “total sintonia” entre o trabalho realizado em Portugal e “as diretivas do Papa Francisco” e do Dicastério para a Doutrina da Fé.
D. António Augusto Azevedo referiu que, do que tem conhecimento, em Portugal, ainda não estão a ser providenciadas bênçãos a “casais em situação irregular e casais do mesmo sexo”, destacando que uma das notas “muito positivas” do encontro que os bispos portugueses tiveram esta manhã com no Dicastério para a Doutrina da Fé, no âmbito da visita ‘Ad Limina’, foi a ausência de “grandes polémicas” em Portugal, no que respeita a “termos doutrinais”.
“Há diversidade de opiniões, com certeza de sensibilidades. Mas em relação ao essencial da doutrina cristã, há bom entendimento e esse é um ponto muito positivo. O outro aspeto é também a boa recetividade a propósito que têm tido os textos, os documentos do magistério do Papa e também alguns documentos especificamente deste Dicastério, nomeadamente dessa ordem”, referiu, em declarações aos jornalistas.
Questionado se existe disponibilidade por parte dos bispos portugueses para que as bênçãos possam ser dadas a “casais em situação irregular e casais do mesmo sexo”, o bispo de Vila Real responde que “estão disponíveis para ir aprofundando alguns assuntos”.
“Alguns assuntos vão fazendo o seu caminho, nomeadamente estamos num processo sinodal. E, portanto, o próprio Sínodo será uma instância de aprofundamento da reflexão e, portanto, o que está fechado é a Doutrina, é o credo. O nosso credo está fechado. A revelação está fechada”, disse D. António Augusto Azevedo.
O Dicastério para a Doutrina da Fé publicou a 18 de dezembro de 2023 a declaração ‘Fiducia supplicans’, aprovada pelo Papa, que permite abençoar casais em situação irregular e casais do mesmo sexo”.
O presidente da Comissão Episcopal da Educação Cristã e Doutrina da Fé acrescentou que alguns aspetos da vivência da fé em determinadas circunstâncias “continuam em aprofundamento”, no entanto as orientações que são dadas por Roma têm sido, em termos de Igreja, “bem aceites” e “cumpridos”, “o que não significa que as matérias “estejam fechadas”.
Os abusos sexuais no seio da Igreja Católica foi também tema no encontro, tendo o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa apresentado “uma síntese do percurso realizado” que, segundo D. António Augusto Azevedo, era já, “em grande parte”, do conhecimento do próprio Dicastério da Doutrina da Fé.
“Houve toda a recetividade, toda a compreensão para os passos dados e também relativamente aos passos que estão publicamente anunciados”, adiantou, falando na “modalidade concreta de apoio e retribuição às vítimas”.
A Conferência Episcopal Portuguesa anunciou a 11 de abril, na Assembleia Plenária, a criação de um fundo para “compensações financeiras” para as vítimas de abusos sexuais da Igreja Católica e revelou que as normas sobre a atribuição seriam anunciadas em breve.
D. António Augusto Azevedo deu conta que “a mensagem mais importante foi aquela que o Papa Francisco disse na viagem de regresso de Lisboa” no que respeita ao “reconhecimento do esforço feito pela Conferência Episcopal”, de modo a encontrar caminhos “para ajudar as vítimas e para encontrar caminhos de prevenção para o futuro”.
“Dicastério tem obviamente esta longa experiência da realidade de outros países e, portanto, é sempre importante no diálogo com eles perceber aquilo que nos pode ser útil, mas em geral julgo que podemos dizer que estamos num caminho, que é positivo e construtivo”, defendeu.
Os bispos portugueses iniciaram esta segunda-feira a visita ‘Ad Limina’ para diálogos com vários organismos na Cúria Romana e, na sexta-feira, dia final da iniciativa, com o Papa Francisco.
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