Fernando Cristóvão defende que língua portuguesa «não é património de Portugal»

A maior desgraça da língua portuguesa é ter mais do que uma ortografia, disse à Lusa o professor Fernando Cristóvão, autor do livro “Da Lusitanidade à Lusofonia”, que é lançado hoje em Lisboa. “Fazemos parte de uma comunidade em que tudo deve ser comum, a começar pela língua. Só que nenhuma língua tem duas ortografias e só a nossa tem essa desgraça”, sustentou Fernando Cristóvão, professor jubilado da Faculdade de Letras de Lisboa. Na obra que será lançada hoje, numa edição da Almedina, Fernando Cristóvão reflecte sobre o ensino, difusão e património da língua portuguesa, apresentando ensaios e conferências proferidas em Lisboa, Recife (Brasil), Paris, Mérida (Espanha), Japão, China e Índia, entre 1983 e 2007. “É também uma reflexão acerca da nação portuguesa, da nacionalidade, da língua portuguesa e da expansão da língua portuguesa”, salientou. Fernando Cristovão, que presidiu ao antigo Instituto de Cultura e Língua Portuguesa (ICALP), antecessor do Instituto Camões, defende que a língua portuguesa “não é património de Portugal”. “Ela pertence a todos os lusófonos. Nós, os portugueses, não somos donos da língua, somos condóminos, com mais sete (países), de uma língua que é comum, embora respeitando as variedades”, acrescentou. Defensor do acordo ortográfico, Fernando Cristóvão recordou ter sido um dos subscritores do documento no Rio de Janeiro, e disse “lamentar muito a ignorância, e às vezes um bocadinho de má-fé que andou por aí a confundir ortografia com língua”. Redacção/Lusa Notícias relacionadas • Acordo ortográfico desfaz ambiguidades

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